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Publicado em 10 de maio de 2018 às 05:00
- Atualizado há um ano
Cleiton Xavier foi emprestado ao CRB até dezembro, com o time alagoano pagando parte do salário. No Vitória, apesar da postura profissional, o rendimento deixou a desejar. Fica a reflexão: Cleiton Xavier custava ao clube R$ 348.944,00 por mês, de acordo com a planilha de salários do elenco vazada no ano passado. O valor é bruto, incluindo os encargos. Para manter o time de basquete no NBB, o Vitória se comprometeu a pagar à faculdade Universo R$ 350 mil por temporada (leia-se ano), em dez parcelas de R$ 35 mil. Apenas as duas primeiras foram quitadas, ainda no ano passado. A dívida herdada do mandato interino de Agenor Gordilho e prolongada no de Ricardo David azedou a relação e ameaça a continuidade do time.
Romper ou continuar a parceria é assunto para as reuniões entre os dirigentes. Inclusive, uma rodada de negociação colocando os pingos nos is tem mais chance de resolver a questão do que ameaças de um lado e tentativas de ganhar tempo do outro. O foco aqui é numérico.
Arredondando bem pouquinho, pode-se dizer que um mês do jogador de 35 anos equivale a um ano de NBB. Portanto, a questão não é de falta de dinheiro, nem de sangrar ou não o futebol. É de administração dos recursos do clube.
Cleiton Xavier foi contratado em janeiro de 2017, com vínculo até julho de 2019, mais luvas, comissão do empresário e empréstimo do atacante Yan, da base rubro-negra, ao Palmeiras - para piorar, com direitos econômicos fixados em cerca de R$ 1 milhão, prioridade já exercida pelo time paulista. Um investimento com valor global de aproximadamente R$ 12 milhões que o Vitória se viu em condição de fazer porque havia dinheiro deixado no caixa.
É justo, porém, dar a César o que é de César. A diretoria encabeçada por Ricardo David é responsável pela gestão do Vitória e deve ser cobrada por isso, como tem sido. Mas é verdade também que assumiu a função em dezembro de 2017, quando os dois contratos já estavam assinados. Mas como o que está em jogo é o Vitória, e não o presidente A, B ou C, cabe a ele resolver os problemas, mesmo que não tenha criado, como essas distorções dos exemplos de Cleiton Xavier e NBB. Quem perde com isso não é Ivã de Almeida, nem Ricardo David; é o Vitória.
Aproveito o gancho para realçar a importância de haver uma administração que saiba separar governo de estado. Apesar das críticas (justas) ao então presidente Raimundo Viana quando o time quase foi rebaixado à Série B no fim de 2016, seu mandato separou os dois conceitos. O mesmo, pelo visto, não foi feito por Ivã de Almeida, seu sucessor. Com o foco só no governo, torrou dinheiro a curto prazo sem planejar a instituição a médio e longo prazos.
Ricardo David é o quarto presidente que o Vitória tem de dois anos pra cá. Se cada um pensar só no seu mandato, o clube ficará reduzido a trocas internas enquanto a banda passa lá fora. O atual dirigente tem pela frente o desafio de reajustar as finanças, o que não costuma dar popularidade mas é fundamental para fazer um clube voltar a crescer. Ao mesmo tempo, é imperativo não ser rebaixado no Brasileirão, pois aí sim teria um sangramento grave nas finanças devido à redução das cotas de TV, além do prejuízo técnico de voltar para a Série B.
Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras.