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Meio século depois, Caetano reúne antiga banda e leva para São Paulo show de disco icônico gravado em Londres

Transa ainda hoje é considerado pela critica especializada o álbum preferido de Caetano

Publicado em 26 de novembro de 2023 às 09:06

Caetano Veloso
Caetano Veloso Crédito: Divulgação

Uma catarse o show Transa 2023, em São Paulo, com a banda original do disco de Caetano de 1972. Lembro que, na vida, só fui em um outro show tão cheio de força emocional para mim: o da volta da Legião (sem Renato) na Fonte Nova.

Transa foi gravado e lançado por Caetano na época do exílio, em Londres, poucos meses depois que eu nasci. Com 12 anos, fui apresentado a esse LP por minha mãe. Foi amor à primeira vista. Até hoje meu disco preferido dele. Lembro da capa tripla, preta e vermelha, com uma cobertura. A gravadora deve ter enlouquecido com o custo de produção.

Álbum Transa, criado na época do exílio de Caetano
Álbum Transa, criado na época do exílio de Caetano Crédito: Divulgação

Uma década depois, quando estava escrevendo a biografia de Moreira da Silva, conheci Jards Macalé, um dos convidados por Caetano a acompanhá-lo no exílio. Segundo Macau, o único convidado. Mas acho que Tutty Moreno também o foi.

Macalé me falou da mágoa por Caetano quando o disco saiu e ele não recebeu o crédito da direção musical. Enfim, ficaram umas décadas brigados por esse e outros motivos. Mas a sabedoria dos anos finalmente reaproximou os dois. Caetano hoje com 81 e Macau com 80.

Ano passado, Transa fez 50 anos de lançado e Caetano reuniu a banda original para um show no Rio. Macau, Tutty e Áureo de Souza confirmados. Falecido em 2000, o baixista e parceiro Moacyr Albuquerque foi a única ausência.

Me programei para o show, mas de última hora não pude ir. Dei sorte, pois um grande dilúvio no Rio acabou estragando a apresentação e Caetano disse que não faria outra. Felizmente mudou de ideia um ano depois.

 Caetano, Macalé e banda
Caetano, Macalé e banda Crédito: Antônio Guerreiro/Divulgação

O show de ontem foi especial, principalmente porque levei a minha mãe, que me apresentou ao LP, e minha mulher, que não conhecia, mas adorou e disse que nunca me viu tão feliz. Rsrs.

Caetano começou com a banda atual sem os velhos integrantes. Na plateia encontrei meu grande amigo Eduardo Costa, que me perguntou se eu estava vendo Macalé. Eu disse que não e também estava intrigado. Transa sem ele era “forma sem função”. Algumas músicas depois, Caetano explicou que o show era dois em um e chamou ao palco a banda original: Macau, Tutty e Áureo, que entrou de bengala, já velhinho, e assumiu a percussão. Foi pura mágica: Nine out of ten (com direito ao antológico “Bora, Macau), You don’t know me, It’s a Long Way, Mora na Filosofia... Macalé ainda cantou sozinho Mal Secreto, dele e Waly. Foi lindo.

Ângela Ro Ro apareceu e cantou Escândalo, feito para ela por Caetano depois que uma briga de Ro Ro com a ex Zizi Possi foi parar nas páginas dos jornais nos anos 80. Ângela também morava em Londres, em 72, e fez uma participação especial na gravação de Transa, tocando gaita na faixa Nostalgia. Gal esteve no disco e num momento da apresentação de ontem, Caetano disse que a presença dela estava em todo lugar.

Tô escrevendo esse texto ainda pilhado, depois do show. Só gostaria que virasse um vídeo ou um documentário e todo mundo pudesse sentir o que estou sentido agora. Woke up this morning singing an old red and black Long Play.