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Nelson Cadena: o Tio Sukita e as manifestações de rua

  • D
  • Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2013 às 03:26

 - Atualizado há 2 anos

Os publicitários foram os primeiros a prever as manifestações de rua no sentido do desencontro entre duas gerações, há mais de 15  anos, logo mais explico. Aquela coisa que o ex-presidente Lula disse outro dia com sábia resignação: “O problema é que estamos ficando velhos”. E não é que é isso mesmo? O Lula é velho, a Dilma é velha, o Sarney é velho, Renan e Henrique Alves são velhos, o Serra é velho, o Alckmin é velho, todos os que detêm o poder e têm um grau de influência nas decisões que afetam a vida dos cidadãos envelheceram precocemente e não se deram conta disso. O resumo da ópera é que somos um país governados por velhos, não no sentido lúdico de experiência, sabedoria, responsabilidade, mas  no mais deletério de esperteza, oportunismo, manha, desmando. No meu tempo, se fazia uma distinção entre velho e velhaco, mas hoje as palavras não mais se amoldam a certos padrões, se é que me entendem. E então se deu o desencontro entre duas gerações: a que finge que faz e a que foi às ruas para cobrar algo mais do que factoides e marketing dissociado da marca. Na iniciativa privada isso se chama picaretagem, ou propaganda enganosa; na esfera pública é apenas acomodar o discurso aos anseios que as pesquisas revelam.Sim, foram os publicitários os primeiros a prever esse desencontro entre o lobo e Chapeuzinho Vermelho. Lá na década de 90 quando a Carillo Pastore criou o comercial que ficou conhecido como Tio Sukita com esplêndida interpretação da bela Michely Macri. O roteiro mostrava um quarentão forçando um papo com uma garota, primeiro no elevador e, na sequência, em outros ambientes. Então, o tio interpretava certo gingado de corpo para parecer moderninho e nesse propósito falava a que supunha era a linguagem dos jovens, para se enturmar; piscava o olho e falava “bacana”, “agito”... Sempre levava um fora. O final da história é que o lobo não comeu Chapeuzinho, mas cabe lembrar o slogan da campanha: “Quem Bebe Sukita não engole qualquer coisa”. Uma boa adaptação para as manifestações de rua seria: “Quem acordou cidadão não engole qualquer coisa”. E o problema é justamente esse, depois do susto das manifestações de rua, o lobo está ensaiando um palavreado bonito, faz gracinha prometendo isso e aquilo, acomoda cá e acomoda lá, elogia em público e na mídia, se apropria do que supõe seja uma gíria, ou código jovem, finge-se de moderninho; mas nos bastidores não larga o figurino de vovozinha e já escova os dentes e deita na cama para surpreender Chapeuzinho.Para que essas mãos tão grandes vovó? Para pegar seu voto, digo, para lhe abraçar melhor querida. E esses olhos tão grandes vovô? Para ver seu  voto, digo, para enxergar toda a sua beleza e simpatia querida! E essas orelhas tão grandes vovó? Para ouvir seu voto, digo, para escutar essa voz tão doce meu amor! E essa boca tão grande vovó? Para lhe comer melhor sua abestalhada, pensou que eu era sua vovó? Berrou, já pulando em cima da menina. Chapeuzinho não reagiu, não era ela e sim um boneco, observava a cena escondida atrás do armário. O lobo já engasgado com a traquitana, sem entender nada, e Chapeuzinho não perdoou: E aí otário? Quem “acordou” não engole qualquer coisa.