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O que há em comum entre Salvador, o grupo A Cor do Som e Freddie Mercury?

O Bar e Restaurante Zanzibar é a resposta

  • Foto do(a) author(a) Osmar Marrom Martins
  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 9 de setembro de 2023 às 08:01

zanzibar
Ana Célia, uma das sócias-fundadoras do Zanzibar Crédito: Angeluci Figueiredo/ Arquivo Correio

O grupo A Cor do Som (formado por Gustavo, Armandinho, Mú Carvalho, Dadi Carvalho e Ary Dias) estourou com a música Zanzibar, composição de Armandinho Macedo e Fausto Nilo, lançada no disco de estreia em 1977. Fausto, que é cearense e tem muita relação com artistas baianos, recebeu a melodia numa fita cassete num dos encontros com Armandinho durante um Carnaval que ele passou em Salvador. Segundo ele, ao lhe entregar a fita, Armandinho falou: “Olha, aqui tem uma melodia”.

Com o sucesso dessa parceria que tocava nas rádios e no Carnaval, criou-se uma grande curiosidade. Afinal, o que significava mesmo Zanzibar? Na época, o autor da letra Fausto Nilo falou que o nome se referia ao arquipélago da Tanzânia, na costa da África Oriental, formado por duas grandes ilhas: Unguja e Pemba. Na ilha de Unguja, está a cidade de Zanzibar. Aliás, foi nesse local que nasceu um menino batizado de Farrokh Bulsara, que, anos mais tarde, se tornaria um dos maiores cantores do mundo à frente da Banda Queen: Freddie Mercury.

E Zanzibar é o nome de um bar e restaurante que surgiu nos anos 1980, no bairro do Garcia, e se tornou um dos espaços mais badalados da noite baiana antes da explosão da cena axé. Além da novidade de trazer um cardápio com pratos africanos, o Zanzi, como era chamado carinhosamente por seus frequentadores, também atraía artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e famosos que passavam por Salvador. Outro que marcava presença era Vovô do Ilê Aiyê. Uma cena muito comum: depois de um show no Teatro Castro Alves, Vila Velha ou na Concha Acústica, valia uma esticadinha ao Zanzi para encontrar amigos e resenhar.

Mas como foi que nasceu o Zanzibar? Quem responde é Ana Célia, uma das sócias-fundadoras com seus irmãos e, até hoje, à frente do bar, que fica  atualmente na Rua Direita de Santo Antônio, nº 60, mas funcionou também na Ladeira da Misericórdia, Casa do Benin, Pelourinho e Federação.

“Eu trabalhava no departamento de assuntos culturais, hoje Fundação Gregório de Mattos. Rosita Salgado Góes, diretora do departamento com Lélia Gonzalez, fundaram juntas o movimento negro na Bahia, e eu participei. Daí resolvi criar um espaço para que, quando terminassem as reuniões, os pretos pudessem se encontrar. Aí surgiu o Zanzibar. A intenção era abrir um restaurante para nossa raça. Ali a gente discutia todos os assuntos sobre nós, pretos. Seria fundamental a gente vivenciar o nosso próprio espaço, especialmente para nós, do gueto. Em meio a essas mudanças, o Zanzibar existe. Mas quase tudo é moda na Bahia”.

Ana Célia afirma que o Zanzi foi o primeiro bar e restaurante de comida africana no Brasil. Os pratos que faziam mais sucesso eram o fufu inhá, fuzura e ebubu fulô, que fazem sucesso até hoje. Além da parte gastronômica, o Zanzi principalmente no Garcia, se destacava pelo seu ambiente alegre e descontraído, onde todos eram bem atendidos: do cidadão comum até os artistas com os quais Ana Célia pontua que a relação era de amizade e muito próxima. E isso continua até hoje.

Eu perguntei a Ana Célia se o fato do Zanzi ser administrado por familiares ajuda ou atrapalha. Ela disse que realmente ajuda e atrapalha. Porém tem momentos mais positivos do que negativos. Mas ajuda muito. Atualmente ela toca a administração do empreendimento ao lado de Pedro Neto e Neide. Para quem não sabe, Neide foi homenageada por Gilberto Gil com a música Lady Neyde, gravada no disco Extra de 1983.