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Osmar Marrom Martins
Publicado em 17 de maio de 2025 às 11:00
Neste fim de semana, exatamente no domingo 18 de maio, tem mais um clássico entre Bahia e Vitória, o famoso Ba-Vi. Como se diz na gíria do futebol, clássico é clássico e nunca há favorito. Às vezes, uma equipe sai vencedora num detalhe. Mas a emoção não se resume apenas dentro do campo. Em muitos casos, os bastidores fervem e acontecem muitas resenhas. >
E um dos personagens que sempre virava notícia era Paulo Virgílio Maracajá Pereira, conhecido como o eterno “presidente do Esporte Clube Bahia”. Ele estava à frente do Esquadrão de Aço quando o time se tornou bicampeão brasileiro, em 1988. O título veio depois de um empate em 0x0 contra o Internacional, em Porto Alegre, após um triunfo pelo placar de 2x1, em Salvador, na antiga Fonte Nova. >
Em termos de prestígio, Maracajá se iguala a outro lendário presidente, Osório Villas Boas, que dirigiu o Bahia no primeiro título nacional, em 1959, diantes do Santos de Pelé. Osório já não está entre nós. Mas por onde Paulo Maracajá? O Baú do Marrom foi atrás do seu paradeiro. Em encontros com seus netos Ricardo e Thiago, principalmente em dias de jogo na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, eu perguntei a eles sobre como estava o avô famoso. E através de Thiago cheguei ao pai deles, Ricardo Maracajá Pereira, filho de Paulo, que me concedeu essa entrevista. >
Entre outras coisas ele revelou: “Meu pai atualmente mora em Curitiba com sintomas de Demência, doença degenerativa”. Confira: >
Em conversas com amigos ou quando encontro torcedores do Bahia, na Arena Fonte Nova, muitos me perguntam por onde anda Paulo Maracajá? Eu lhe faço a mesma pergunta. >
Meu pai, desde 2019, começou a apresentar sintomas de demência. Doença essa degenerativa, que está em curso. Atualmente mora em Curitiba e reconhece apenas as pessoas de convívio direto. Estive há pouco tempo com ele e não me reconheceu. >
Quando você teve consciência da importância de seu pai como um dos presidentes mais marcantes da história do clube, principalmente com a conquista do bicampeonato Brasileiro em 1988? >
Acompanho o Bahia desde pequeno. Antes de virar dirigente, meu pai era torcedor fanático. Viajava para ver os jogos do Bahia e levava todos os filhos. O time de 88 foi todo montado por ele. Lembro das contratações de Bobô, Sandro e Zanata com a Catuense, onde Antônio Pena (ex-presidente da Catuense) dizia a todos os cantos que meu pai tinha ganhado dele na conversa e se arrependia de ter vendido ao Bahia. Lembro das estreias de Zé Carlos, João Marcelo e Charles. Das contratações de Gil e Paulo Rodrigues por indicações de amigos de meu pai. E, finalmente, da contratação de Evaristo de Macedo, que veio por amizade a meu pai. Sempre soube do mérito dele na conquista do título e como lutou por isso. >
Que lembranças você tem com seu pai indo assistir os jogos do Bahia na antiga Fonte Nova? >
Observava que meu pai sempre interferia na escalação dos times isso era coisa corriqueira na época. E quase sempre ele estava certo. Alguns treinadores eram mais resistentes. Ele tinha um jeito especial de lidar com isso e acabava convencendo os técnicos. De forma que todos ficavam amigos pessoais dele. A minha lembrança virou experiência, já que participei de várias conversas dele com os treinadores. Eram aulas de futebol, já que aconteciam trocas de ideias técnicas. >
Seus dois filhos, Ricardo e Thiago, herdaram a paixão do avô pelo Esporte Clube Bahia? >
Meus filhos tiveram dois avós presidentes do Bahia. Privilégio de poucos. Costumava levar eles desde pequenos. Muitas vezes com meu pai, outras com o avô materno - Benedito Borges. Não tinham como não serem muito Bahia. >
O que seu pai falaria desse Bahia atual e de ter se transformado em uma SAF? >
Meu pai, se estivesse consciente, estaria torcendo pelo Bahia e vibrando com as vitórias. A SAF é um caminho sem volta. A do Bahia é modelo. Hoje, não precisamos vender os bons jogadores para pagar as dívidas. Ao contrário, compramos as revelações dos outros times. >