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‘Apagão’ de talentos e reorganização do trabalho industrial

A indústria precisa criar bônus, incentivando jovens a investirem em qualificação

Publicado em 17 de julho de 2025 às 05:00

Planta industrial da Braskem
Planta industrial Crédito: Divulgação

No mundo todo, gestores e empresários têm se deparado com a dificuldade de atrair, desenvolver e reter talentos. De acordo o levantamento Escassez global de talentos 2025, da ManpowerGroup, 75% dos empregadores relatam problemas para preencher vagas. No Brasil, este percentual chega a 80%. Na indústria, não é diferente. Em São Paulo, estado mais industrializado do país, a participação dos jovens de até 24 anos nos postos formais da indústria de transformação caiu de 21,4% para 13,8% nos últimos 20 anos, segundo dados do Senai nacional.

A situação é resultado de mudanças na sociedade, expectativas relacionadas ao trabalho frente aos novos formatos e relações de emprego, a dinâmica industrial e a economia. Houve um realinhamento de valores, incluindo outro olhar sobre autonomia, propósito, bem-estar e qualidade de vida.  Com a plataformização do trabalho e a força da informalidade, ocorreu uma expressiva mudança na relação das pessoas, principalmente os mais jovens, com o emprego tradicional.

Outro fator importante é que, em muitos casos, os ganhos na informalidade são superiores e vagas CLT não têm atraído jovens no curto prazo, já que eles priorizam a remuneração imediata. O impacto é sentido pelas empresas como um verdadeiro “apagão” de mão de obra, que chega com mais força em segmentos industriais como construção civil, movelaria, têxtil, metalurgia e siderurgia.

Neste cenário, é necessário repensar modelos de trabalho de maior flexibilidade e autonomia, reduzindo a burocracia dos processos e a hierarquia rígida. A indústria precisa criar bônus de produtividade, implementar pagamentos semanais ou diários, se aproximando da dinâmica da informalidade, e vincular treinamentos a ajudas de custo, incentivando jovens a investirem em qualificação.

A reorganização do trabalho industrial deve considerar flexibilidade, autonomia, salários iniciais mais atraentes, com pagamentos ágeis, além de modelos de contratação mais adaptáveis, combinando CLT, Pessoa Jurídica (PJ) e freelancing, além de atrair pelo propósito, já que a indústria é um caminho de crescimento real, que promove o desenvolvimento tecnológico impacta positivamente a sociedade.

A solução para esse apagão passa por uma revolução nas estratégias de gestão das pessoas, na formação técnica e na capacidade de comunicar da indústria. É aí que o Senai pode ser um agente de apoio nesta transformação, conectando educação, tecnologia e inovação para formar a nova geração de trabalhadores. O Senai também pode ser um ator relevante nessa transformação, ajudando a indústria a construir um novo modelo para os programas de aprendizagem e formação técnica, mais alinhado à realidade dos jovens, apresentando-os um mundo de oportunidades e carreiras.

Evandro Mazo é superintendente do Senai Bahia