PAULA THEOTONIO

Como escolher o espumante ideal para seu paladar

Escolher o espumante certo para o Réveillon é quase como escolher a trilha sonora ideal para a uma festa

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  • Paula Theotonio

Publicado em 30 de dezembro de 2023 às 05:00

Escolher o espumante certo para o Réveillon é quase como escolher a trilha sonora ideal para a uma festa: é interessante levar em conta o clima e o estilo da comemoração. Se a festa é mais descontraída e casual, devemos optar por algo tão vivaz e empolgante quanto uma melodia alegre. Ou seja: escolha um espumante jovem, fresco e frutado. Situações mais intimistas e formais, por outro lado, talvez peçam algo mais elegante e complexo, refinados como uma canção atemporal. Entram aí os espumantes elaborados com maior tempo de autólise, envelhecidos e de safras especiais.

Mas independentemente da ocasião, o que não pode faltar nessa setlist sensorial é aquela que a gente gosta e toca nosso coração. E para te ajudar a encontrar a melhor opção dentro do que seu paladar prefere, separei algumas dicas essenciais para guiar sua compra. No mais, desejo que 2024 traga inúmeros motivos para brindar!

“Prefiro espumantes leves e frutados”

No rótulo, procure pela palavra “charmat”. Os espumantes desta categoria têm, em sua maioria, um perfil frutado, com nuances florais, frescor e bastante leveza. É o método de grande parte dos espumantes brasileiros e, também, dos Proseccos. Em sua elaboração, passa por duas fermentações; sendo a segunda em tanques selados de inox. Atenção: eles podem ser bem secos ou bem doces, simples ou complexos, dependendo do tempo que o vinho fica em contato com as leveduras em tanque na segunda fermentação.

● Rio Sol Brut Branco (R$ 50): Feito no Vale do São Francisco, entrega frescor, boa acidez e perfil mais cítrico. É elaborado com as uvas syrah e arinto.

Rio Sol Brut
Rio Sol Brut Crédito: divulgação

● Vignarosa Amorino Rosato Brut (R$ 180): Um Prosecco original de pinot nero, elaborado a partir de uvas de Treviso, no Vêneto. De paladar seco, traz aromas encantadores de frutas vermelhas, como morango.

Vignarosa
Vignarosa Crédito: divulgação

● Chandon Cuvée 50 Anos Extra Brut (R$ 139): Elaborado com corte de pinot noir, chardonnay e riesling itálico, o qual maturou por 50 meses com suas leveduras. É complexo, mas ainda com bastante presença de fruta; e cremoso no paladar.

Chandon
Chandon Crédito: divulgação

“Adoro os espumantes complexos”

São normalmente mais encorpados, complexos e cremosos que os anteriores; com aromas de frutas secas e panificação em equilíbrio com (ou até se sobrepondo) frutas frescas e flores. É o método criado em Champagne e que consiste em fazer uma segunda fermentação do vinho na garrafa, que fica em contato com leveduras por meses ou anos. Neste método, as leveduras são retiradas antes da venda. Podem ser bem doces ou bem secos.

● Champagne Lanson Black Label (R$ 358): Um champagne com bom custo-qualidade. Elaborado com 50% pinot noir, 35% chardonnay e 15% meunier, entrega um lindo equilíbrio entre frutas frescas, secas e cítricas, notas de mel e mineralidade. No paladar é cremoso e intenso.

Lanson
Lanson Crédito: divulgação

● Valmarino & Churchill Extra-Brut (R$ 159): Espumante amadeirado, já tomou? O vinho base deste Valmarino tem estágio de 12 meses por carvalho e tem maturação de 12 meses em garrafa.

Valmarino & Churchill Extra-Brut
Valmarino & Churchill Extra-Brut Crédito: divulgação

“Aprecio todos os estilos e quero algo diferente”

Minha primeira indicação seria testar um pétillant naturel ou pét-nat. Neste método ancestral de elaboração, a bebida é engarrafada e vedada ainda durante a primeira fermentação, que continua acontecendo na garrafa. Podem ser límpidos como os espumantes tradicionais ou turvos pela presença das leveduras que sobram do processo fermentativo. É comum que recebam tampas de cerveja e devem ser bebidos como tal, bem geladinhos. São frescos, de boa acidez e, geralmente, surpreendentes. Podem ser levemente doces ou secos.

Outra opção é um espumante "sur lie”, que em português significa sobre as lias/leveduras. O método é uma variação do método Champenoise em que não há dégorgement, ou retirada das leveduras, o que promove uma evolução constante do vinho. A decisão pelo tempo de maturação é de quem bebe, não do produtor. São mais turvos, encorpados, deliciosos e com bom potencial de guarda. Para maior limpidez, tanto no caso do sur lie quanto do pét-nat, sugiro deixar a bebida gelar por 12 horas em pé antes do consumo.

● Sacramentos Vinifer Il Dolce Far Niente Chenin Blanc (R$ 149): Elaborado com uvas de Monte Belo do Sul (RS) pelo método ancestral, este espumante vivaz e delicado traz notas de maçã e limão; além de final persistente.

Dolce Far Niente Chenin Blanc
Dolce Far Niente Chenin Blanc Crédito: divulgação

● Hermann Lírica Crua (R$ 96): O primeiro do estilo sur lie a ganhar os grandes mercados. Seu aroma é de frutas cítricas, pêra, maçã, pão tostado e fermento. Na boca exibe um conjunto seco, austero, com bela cremosidade e longo final.

Hermann Lírica Crua
Hermann Lírica Crua Crédito: divulgação

“Gosto mesmo é de espumante docinho”

Não se envergonhe: seu paladar é igual ao da maioria esmagadora dos brasileiros, não tem nada de infantil e tá tudo bem! Sua escolha deverá ser a de um moscatel, que é naturalmente doce, frutado e de acidez vibrante. Em seu preparo, uvas da família Moscato passam por somente uma fermentação incompleta em tanque — um método criado na Itália e conhecido como Asti. Assim, o borbulhante mantém a doçura natural das uvas. Podem ser classificados como doce ou demi-sec.

● Cliché Moscatel Rosé (R$ 69,90): Elaborado em Casa Nova (BA), lado baiano do Vale do São Francisco, este espumante traz notas de frutas vermelhas como goiaba e morango; além de uma acidez refrescante.

Cliché Moscatel Rosé
Cliché Moscatel Rosé Crédito: divulgação

ATENÇÃO PARA A DOÇURA DO ESPUMANTE

● Se você gosta de espumantes com paladar mais seco, escolha entre os nature (até 3g/L de açúcar); extra-brut: (3,1g a 8g/L); brut: (8,1g a 15g/L).

● Se prefere um meio termo, escolha nas categorias seco ou sec (15,1g a 20g/L de açúcar) e demi sec/meio doce/meio seco (20,1 a 60g/L).

● Quer bem docinho? A categoria correta é doce (60,1g a 80g/L de açúcar) e normalmente encontrada nos moscatéis.

COM OU SEM SAFRA?

A maioria dos espumantes não vem com safra. Isso se deve ao uso de diferentes colheitas na elaboração de um rótulo, algo que ajuda a manter o perfil da bebida ao longo dos anos. Em anos de safras muito especiais, que geram vinhos de alta qualidade, as vinícolas podem optar por indicar o ano no rótulo.

QUAL É A MELHOR TAÇA?

A taça flûte, alongada, já não é a mais indicada para degustação de espumantes. Apesar de possibilitar uma excelente visualização da perlage (borbulhas), seu problema é não permitir que a gente sinta bem os aromas da bebida, principalmente das mais complexas. Você pode substituí-la por uma tulipa ou uma taça de vinho branco, que é menor que a de tintos.