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Figueirense cometeu o grave erro de ferir o brio do Leão

  • Foto do(a) author(a) Paulo Leandro
  • Paulo Leandro

Publicado em 14 de setembro de 2022 às 05:34

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Talvez tenha cometido seu maior erro o quadro do Figueirense ao aplicar a surra inclemente de 5x1 sobre o Decano, pois o açoite levará necessariamente a um sentimento de superar-se e dar o troco, na justa medida, pelos leões de Canabrava.

Não sei se a comunidade subletrada saberia o significado de “brio”, mas com certeza nossas qualificadas leitoras e leitores desta coluna não terão dúvida ao doarem sentido a este pequeno mas ao mesmo tempo eloquente substantivo.

Para as pessoas de escasso saber, hoje assanhadíssimas com a ascensão do culto à ignorância, pode ser entendido como “brilho”, não deixando esta aproximação de ser uma boa pista para compreenderem alguma coisa.

Quando temos o “brio” ferido, procuramos responder com “brilho”, ou seja, reabilitando nosso ser-no-mundo ofendido por atos de humilhação, ofensa, injúria, calúnia, difamação e falsa denúncia, o mais nojento.

No cotidiano belicoso contemporâneo, acirrado pelas narrativas de ódio, extermínio, misoginia e racismo, é muito comum a colisão dos projetos de ser de cada um de nós contra próximas e próximos, dificultando a paz e a amizade.

Imagina você sair de Salvador, com seu belo e limpinho padrão, sua dignidade altaneira de clube secular, pai e pioneiro, e levar uma chapuletada de cinco do coirmão catarinense! Fere o brio!

É esta toda a sensação de ferimento no âmago do mais caro e precioso ser, alterando ontologicamente a qualidade de Leão, o Rei, o melhor, o mais temido, tendo servido de chacota pelo exagero imposto pelo mau Figueira.

Não se pode exigir retribuição à altura, mas é possível esperar, domingo, uma doação de sangue intensa, pois entre viver sem moral e morrer lutando, a segunda hipótese seria a desejada pela torcida.

Espera-se da diretoria a mesma gana, evitando a parvoíce de elevar preço de ingresso, pois embora seja fraco em aritmética este colunista, meu professor Angelon de Portugal demonstrou à sobeja o quanto nos faltou em inteligência.

Segundo o novo mestre do jornalismo de Lisboa, ao aumentar o preço do ingresso, a diretoria reduziu o público, portanto jogou contra o próprio clube, além de ter arrecadado menos, ou seja, no afã de pagar as contas, fez besteira.

O brio ferido precisa ser revertido em vontade de vencer e mostrar não ser o Vitória um timeco qualquer, ao contrário, trata-se de agremiação capaz de encher seu estádio particular mesmo na terceira divisão.

O Leão, símbolo do Reino Unido, assimilado pelos fundadores, dada a proximidade com a colônia britânica de Salvador, no final do século XIX e comecinho do XX, raramente foi desbanguelado de forma tão esmagadora.

Este é o reino, cuja rainha fez desencarne muito tarde, tal a quantidade e intensidade de maldades contra povos indefesos, restando ao Vitória, se houver algum link ancestral por meio do símbolo, sacudir-se com aroeira.

Rezas, orações, bozós, meditações, e muita raça, todas as formas de lutar valem a pena, exceto violência, como já me puxou as orelhas de abano o amigo Nininho, ao comentar um texto anterior, no qual mencionei precipitadamente a identificação com dirigentes de práticas pouco amáveis.

De brio ferido, vamo lá Negô, revelar ao Figueirense seu pecado mortal da luxúria. Domingo é dia de penitência.

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.