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Paulo Leandro
Publicado em 26 de abril de 2023 às 05:12
- Atualizado há um ano
Age bem todo e qualquer juiz de futebol se e somente se o resultado de sua arbitragem coincide com placar generoso e favorável ao Vitória, não importa se contingente ou necessária, a relação de causa e efeito entre apito e números.
Aprenda o imperativo rubro-negro, misturando intenção e consequência, dedicado aos broders apitador e bandeirinhas, sem deixar alternativa exceto demorados aplausos ao trio da segunda goleada do Decano.
Afinal, não se tem memória a última vez de um time fora de casa, diante de torcida toda contra e em estádio modesto, ter duas penalidades a favor no segundo tempo. A média dá 0,0000000000000000000001 a cada mil jogos.
Aos divergentes e ressentidos, contrapõe-se a luzidia clarividência do camarada Botelho, um dos mais respeitados estudiosos da arbitragem e estatístico campeão do Bahia City.
Botelho passou o cleanner na arbitragem de Natal e mandou seguir o baba. O homem tem vasta coleção de experiências (empeiria) de onde alcançou a dimensão da técnica (techné) ou arte do apito.
Foi legal o lance da expulsão pelo segundo cartão do atacante abecedista, bem como veio o especialista a “apro-VAR” a marcação das penalidades convertidas por Léo Gamalho.
Justifica-se, portanto, o aplauso à gestão baiana da nossa querida CBF, ponto de parada atual, para quem embarca no trem do tempo da arbitragem, a fim de verificar quanto progredimos.
Encontram-se primeiros vestígios quando escavamos, ao método arqueológico, verificando nos atuais babas o fóssil da pré-história do futebol: os próprios jogadores marcam faltas e laterais - às vezes decidindo na pór-rá-da.
Os primeiros juízes eram tirados dos times envolvidos em algum certame, quando um deles folgava na tabela. Assim, o time do Santos Dumont foi campeão de 1910, ao vencer o Victoria e passar o São Paulo-Bahia.
Este jogo decisivo somente foi possível depois de o Pai da Aviação reivindicar a anulação da partida na qual perdera para o mesmo Victoria, quando serviu de referee um jogador paulista, portanto, interessado no resultado.
Foi um avanço, quando nas ligas ordeiras, e até na dita "oficial", a função de conduzir o clássico passou para notórios pernas-de-pau sem aptidão para o trato da bola, mas bons apitadores à sobeja.
O tipo ideal dos anos 1940/50 era o do conhecedor das regras, disposto a aplicá-las evitando afinidades, superdotado de um corpo parrudo, peitoral e bíceps avantajados de um lutador de greco-romana.
Afinal, não se tinha policiamento, e a turma do deixa-disso vacilava quando a bola errava em pardieiros e arapucas, campinhos carecas e esburacados; anexos a galinheiros ou arquibancadas de compensado.
Quando entrou o golpe... destacou-se Armando Rosa Castanheira Marques, o juiz amigava-se aos entes tchutchuca do poder; vieram Wright, o "Senhor Serra Dourada"; Arnaldo César Coelho; e Romualdo Arppi Filho, o rei dos empates...
Tal como o jornalista não escreve sozinho, o juiz não marca sozinho... Dirigentes, torcedores, mães dos juízes, mercadores, rentistas, apostadores... são muitos os grupos sociais – alguns na surdina - a incomodar sua senhoria!
Nossos parabéns ao valente trio de Natal, todos assim, bendita CBF!
Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.