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Paulo Leandro
Publicado em 30 de agosto de 2023 às 05:05
Qual o motor mais potente das nossas escolhas, aquele afeto malocado nas grotas úmidas e cavas quentes do id, gerador do brio (beijo na careca) ou aquele gerado por amor? >
Quem acredita no brio vai mobilizar as forças cegas dos nossos jogadores diante do Girassol – não vou deixar de chamar o visitante de uma flor tão linda em vez do nome paulista sem graça.>
Serão portanto milhares de flores, e o Barradão será mais uma vez o lindo jardim do amor no qual rubro-negras e rubro-negros inéditas, irrepetíveis e felizes abraçam-se, agarram-se e até dão colada pois o tesão do clube é foda.>
Nasce é filho no Barradão! Eu mesmo tenho quatro dos cinco: Renata (“A Decana”), agora mestra em Cultura e Sociedade (Viva!), nasceu antes de o estádio ser capinado por Paulão, Ademarzinho, Seijo, Maneca e Waltércio!>
Pais e mães gozam em duo, eterno retorno: toca Sergei Gainsbourg e Jane Birkin, nananã nananam nãnã... jeteime... oh monamur... muá non plus... uma onda incontrolável... tu vás e tu viens... jeteme vitorrriá... taram rã rarã...rararã...>
Fora putaria de fuck music, mesmo sendo sexta uma noite muitíssima esperada durante toda a semana para Éros virar philia, vamos voltar à porra da pergunta central do texto, se o afeto mobilizador das escolhas é o brio ou o amor.>
Eu descarto a opção do amor, tema de O Banquete, de Platão, em festa conduzida por Sócrates, na qual cada conviva arrisca definir love, clássico desconhecido de geral neste país-booosta, biltres desde o rei à putinha traíra.>
Digam-me como uma cidadania se dá ao desleixo de jamais ter lido sequer um dos 35 diálogos de Platão, ao menos o Banquete, uma delícia de aporia, o orgasmo filosófico de não termos resposta.>
As preliminares da boa pergunta são gostosas em vez de terminar logo para tragar um caporal amarelinho sem filtro, mas só para quem parou de fumar oficialmente. (Nelsinho e Sedinha, nosso “atruá” ainda tá de pé, heim?).>
Os donos do poder de comunicar com muita capacidade sofística, não importa a verdade socrático-platônica, vão encher a bola dos nossos iuris, nossos arcanjos (nome apropriadíssimo), nossos leos e leoas, enfim...vão sacanear!>
Quer ver, verifique quando você está com alguém cuja habilidade de te elogiar e te fazer acreditar ser o maior e que me possuis (beijo, Gal), aí mora o perigo, pois é só um ardil, fala mais alto a maldade inatista, imanente e reminiscente.>
Não entre nessa! E nessa humilde aqui só se for apetecível, inteligente e confiável! Fira levemente o nosso brio, encontrando algum defeitinho na saída de bola, precisamos melhorar os deslocamentos, e outros blobloblós.>
Jamais caiam na besteira de considerar o “amor romântico” uma força superior a do brio, pois se fizermos uma arqueologia, os baixos instintos são campeões e invictos.>
O casal em ruínas, por antecipação, é porque um dos dois está em traição e quer transferir a sua culpa, descarada e escrotamente, para o outro, inocente, vendo nele, ou por delírio persecutório ou por patologia mais grave, uma “fera”.>
Não subiu ainda não, guarde o cialis. Aliás, nunca ganhamos nada. Embora ache título uma besteira, eu curto mais o ano de 1899, por sinal, tiraram do distintivo, uma burrice, pois Vitória e história são um só.>
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.>