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Pesquisa escancara fadiga do PT, o negacionismo de Jerônimo na violência e o sambarilove do governo

Leia a coluna na íntegra

  • Foto do(a) author(a) Pombo Correio
  • Pombo Correio

Publicado em 1 de agosto de 2025 às 05:00

Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues
Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues Crédito: Marina Silva/ARQUIVO CORREIO

A nova pesquisa do instituto Paraná na Bahia escancarou um cenário que já vem sendo observado até mesmo pelas principais lideranças governistas do estado: o cansaço da era do PT. Os dados confirmaram os números de levantamentos internos recentes, inclusive feitos pelo próprio grupo petista, que capturaram uma grande insatisfação popular e apontaram um panorama muito desfavorável para o governador Jerônimo Rodrigues (PT). O petista registrou uma desaprovação de 51,6%, quase três pontos maior do que na pesquisa anterior. A pesquisa apontou ainda que 63% defendem que se mude totalmente ou bastante a forma de governar o estado, e 55,3% dizem que Jerônimo não merece ser reeleito. Além disso, 51,4% afirmaram que não votariam no petista de jeito nenhum e apenas 14,6% que votariam com certeza.

Cenário pessimista

Parlamentares da base petista ouvidos pela coluna dizem que o mais preocupante da pesquisa não foi a intenção de votos, em que Jerônimo aparece mais de 20 pontos atrás do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), mas sim a avaliação do governo. Diante de todos os números, dizem que se consolidou a sensação de fadiga do PT, que já se consolidou nos grandes centros e tem avançado pelo interior. Aliado a isso, avaliam, está a falta de resultados administrativos de Jerônimo, que viu os problemas que herdou de Rui Costa e Jaques Wagner se aprofundarem. O pior deles é a crise permanente na segurança pública. "É um cenário que tem se tornado cada vez mais irreversível", concluiu um deputado, sob anonimato.

Paz sem orçamento I

Dias depois de o Anuário da Segurança Pública mostrar que cinco das dez cidades mais violentas do Brasil estão na Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues apostou com tudo na estratégia de sempre: fingir que o problema não existe. Mas pelo visto, dessa vez ele exagerou na dose, com uma declaração que beirou o absurdo. “A Bahia é um estado de paz”. Além do deboche com quem convive diariamente com o medo, a fala do petista mostra um completo descompromisso com o problema. Prova disso está no relatório de auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que apontou uma queda de 10% na execução orçamentária do programa ‘Bahia Mais Segura’ em 2024. A diferença entre o que foi prometido na Lei Orçamentária Anual (R$ 289,9 milhões) e o que realmente foi executado (R$ 259,9 milhões) escancara que o governo não apenas ignora a crise, como também falha em combatê-la com ações concretas.

Paz sem orçamento II

Se os dados de 2024 já mostram um governo que promete e não cumpre na área da segurança, a comparação com o ano anterior evidencia ainda mais a falta de prioridade de Jerônimo com o tema. De acordo com o mesmo relatório do TCE, houve uma queda de 42,8% nos investimentos executados dentro do programa ‘Segurança Pública e Defesa Social’ em relação a 2023. E o detalhe que mais chama atenção: 2024 foi o primeiro ano em que Jerônimo pôde montar o orçamento do início ao fim com sua própria equipe. Ou seja, planejou menos recursos do que no ano anterior – e mesmo assim não conseguiu executar tudo o que ele mesmo colocou na lei. A conta não fecha, mas a violência segue avançando.

Desconfiança

A classe política ficou de orelha em pé ao ouvir o governador dizer esta semana que está com a corda no pescoço e sem orçamento para atender a reivindicações dos médicos da rede estadual, que decretaram greve. Isso porque o cenário de vacas magras depõe contra o mundaréu de promessas que Jerônimo tem feito a prefeitos no interior do estado. A sonora viralizou em grupos de WhatsApp e levantou a desconfiança se o petista realmente conseguirá honrar os compromissos firmados. Por outro lado, causou estranheza o lamento de cofres vazios vindo justamente de um governo que já teve R$ 18 bilhões em empréstimos autorizados pela Assembleia Legislativa. Como diria o povo: uma coisa errada não está certa.

Presente de grego

A greve dos médicos, a propósito, veio como um presente de grego para Jerônimo em meio à comemoração dos 100 anos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). Ela atinge em cheio hospitais que absorvem expressiva demanda da fila da regulação, como o Hospital Geral do Estado, o Hospital Geral Roberto Santos, além do Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) e as maternidades Albert Sabin e Tsylla Balbino. Apesar do governador falar em “diálogo e negociação”, o sindicato que representa a categoria diz que a greve decorre da “insensibilidade” da Sesab.

Sambarilove

Um prefeito de uma média cidade da Bahia anda com o pé atrás com Jerônimo. Após decidir aderir à base petista atraído por muitas promessas de convênios faraônicos, ele tem se queixado nos bastidores da falta de resultados. Até agora, diz, nada saiu do papel e tudo que escuta dos auxiliares de Jerônimo é “vamos resolver”. A chateação é tanta que o prefeito já tem dito a aliados próximos que, caso suas promessas não sejam atendidas, vai romper.

Aberração administrativa

O contrato para administração do aeroporto Horácio de Mattos, em Lençóis, na Chapada Diamantina, vem despertando apreensão no setor da aviação da Bahia. A gestão do terminal é feita por meio de um convênio firmado, em 2022, entre o governo estadual e a prefeitura local, um modelo incomum no setor aeroportuário. O acordo, inicialmente válido por 12 meses e com custo previsto de R$115 mil mensais, já foi prorrogado várias vezes, chegando a mais de três anos de vigência. O convênio prevê o repasse de recursos estaduais para a prefeitura executar atividades de apoio à operacionalização. Fontes do setor classificam o modelo como uma “aberração administrativa”, visto que a prefeitura não tem competência técnica para gerir um terminal aeroportuário.

Precarização

Há um temor no meio aeroportuário de que o modelo de Lençóis possa abrir caminho para replicar a prática em outros municípios, criando um arranjo precário que ameaça o desenvolvimento sustentável da aviação regional. O que era para ser um contrato “tapa-buraco”, já dura três anos. Fontes do setor apontam que a situação tem relação com questões políticas, visto que a prefeita de Lençóis, Vanessa Senna, é filiada ao PSD, partido que comanda a Secretaria Estadual da Infraestrutura (Seinfra), responsável pelos terminais.

Lobby em Camaçari

Em Camaçari, vem chamando a atenção a influência de um certo rapaz na Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Sedur) da gestão de Luiz Caetano (PT). Segundo relatos feitos à coluna, pessoas que buscam a pasta para resolver alguma situação são encaminhadas para a figura, que, embora não tenha qualquer vínculo de trabalho com a secretaria, consegue desenrolar as questões ou, como diz em bom baianês, “adiantar o lado”. A atuação dele era discreta, mas de uns dias para cá passou a despertar olhares. Por lá, a turma já se pergunta se o rapaz é parente de algum figurão.

Judas, ausente

A ausência de Jerônimo nas comemorações dos 115 anos de emancipação política de Itabuna, na última segunda-feira (28), foi lida, sem rodeios, como um claro desprestígio à principal cidade do sul da Bahia. E quem seguiu a risca a cartilha do desinteresse foi o deputado estadual Fabrício Pancadinha (Solidariedade), o mais votado do município em 2022 e candidato a prefeito em 2024. O parlamentar sequer apareceu na tradicional missa em celebração à data, num gesto que, para muitos, foi a pá de cal sobre suas expectativas de reeleição em 2026. Ainda mais agora, que ele também passou a ser conhecido pela fama de “Judas”, em razão da meteórica mudança de posição da noite para o dia, virando as costas aos aliados que lhes estendeu a mão.