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Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2022 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A Bahia é o segundo Estado do Brasil em que mais crianças morreram por Covid-19. A melhor forma de evitar que crianças morram é também a melhor forma de evitar que adultos morram: a vacina. O pior legado que a pandemia pode nos deixar é o surgimento da desconfiança sobre as vacinas. É triste que plantar dúvidas com consequências mortais tenha virado estratégia política.>
Nas nossas relações do dia a dia precisamos confiar nas instituições o tempo inteiro, porque não conhecemos tudo. Diante de um incêndio, seguimos as orientações dos bombeiros. Não sabemos exatamente porque é melhor usar o extintor de pó químico ou não, mas confiamos na instituição Corpo de Bombeiros. Agora, imagine se o representante de outra instituição começar a perguntar: “qual o interesse dos bombeiros no uso do extintor"? É natural que muitos pensem duas vezes e, consequentemente, morram.>
Sempre vacinamos nossos filhos e sempre nos vacinamos. Hoje, crianças deixam o hospital vacinadas quando nascem. Nunca ninguém fez consulta pública para aprovar vacina. Nunca ninguém perguntou a marca da vacina. A bula de qualquer medicamento mostra possíveis efeitos adversos, mas os tomamos porque a ciência já demonstrou que os benefícios superam os eventuais riscos. Vamos ter medo de todos os remédios? >
Nenhuma vacina oferecida no Brasil é experimental. Todas foram aprovadas em diversas instâncias científicas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Algumas não estão disponíveis porque foram reprovadas. O caso da Sputinik é exemplar a respeito do cuidado da agência brasileira. Ela foi reprovada apesar de ter bons resultados, porque os testes no seu desenvolvimento não seguiram todos os protocolos científicos. A Anvisa exigiu a segurança total de que todo o caminho foi seguido e não se convenceu apenas porque “na prática está funcionando”. É isso que dá segurança.>
Quem toma vacina tem menos chances de ser contaminado, menos chances de transmitir e, principalmente, menos chance de ter quadros graves e menos chance de morrer. A gradação é importante. Alguns perguntam: “Se vacinado pode pegar, por que se vacinar?”. É como no futebol, dá pra vencer de várias formas. Se o Bahia houvesse tomado apenas um gol contra o Atlético, em vez de três, não teria sido rebaixado. Mesmo assim, reforçar a defesa teria sido inútil porque tomou um gol?>
O Canadá está querendo cobrar impostos de quem não se vacina. Nos Estados Unidos, chega-se a pagar para as pessoas se vacinarem. Praticamente todos os presidentes do mundo estimulam e pedem insistentemente que a população se vacine. As agências de saúde, os cientistas vão na mesma linha. Qual é a chance de Bolsonaro, notoriamente sem qualquer conhecimento na área, ser o único a estar certo em duvidar? >
Enquanto Bolsonaro fala abobrinha, os filhos dele estão vacinados. Enquanto ele te diz que não se vacinou, decreta sigilo por 100 anos no seu próprio cartão de vacina. O cartão só diz as vacinas que ele tomou. O que ele está escondendo? Aliás, você já reparou como, ao mesmo tempo que o presidente fala mal das vacinas, a comunicação do governo tenta mostrar que está vacinando muito? Desculpem a franqueza, mas diante de um comportamento tão errático, confiar nele não é a decisão racional. >
Você é bom pai, você é boa mãe. Não deixe que te façam carregar uma culpa que não é sua. Confie na Anvisa. Confie no modo como sempre agiu. Vacine seus filhos.>
Rafson Ximenes é Defensor Público Geral da Bahia>