Trilhas: o Olimpo brasiliense

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  • Aninha Franco

Publicado em 17 de outubro de 2015 às 05:38

- Atualizado há um ano

Os deuses do Olimpo faziam muito sexo, bebiam e comiam néctar e ambrosia e inventavam loucuras para ocupar os cotidianos humanos. As intermináveis guerras gregas foram, todas, responsabilidade do Olimpo. A mulher de Júpiter, Hera, traía o marido, que a traía religiosamente com deuses, semideuses e humanos, e infernizava dez entre dez deuses, semideuses e humanos que estivessem ao seu alcance. A Guerra de Troia foi culpa de Hera.

Os doze trabalhos de Hércules foram culpa de Hera. Os deuses do Olimpo são personagens das tragédias e comédias gregas, mesmo as mais humanas. E quando Jesus Cristo e a Igreja Católica substituíram o Olimpo no imaginário ocidental, puseram um substituto no lugar incandescente de Hera, Lúcifer, o atual responsável pelas sujeiras que um dia foram da primeira-dama do Olimpo, sem culpa, e que agora são da ex-estrela da manhã, culpado de todo o mal para fortalecimento do bem. Mas Brasília não é cara da Igreja Católica nem ninguém de lá pode ser escolhido pra Cristo. Em Brasília, ninguém, aparentemente, é culpado. Brasília é o Olimpo esculpido em Carrara. Que diga Jeany Mary Corner, a cafetina mais bem- sucedida do Brasil, que esteve anteontem na coluna de Mônica Bergamo porque uma parte do Olimpo legislativo quer saber quem da outra parte tem frequentado a casa, deixando segredos na alcova.

Júpiter, atualmente conhecida como Dilma Rousseff, só recebe raios, como se sua capacidade de atirá-los estivesse emperrada, e o seu provador fosse desleixado com seu néctar e ambrosia porque, pelo amor dos Orixás, um ou outro, ou os dois estão batizados. Não é possível que no meio dessa débâcle petista em câmera lenta, desse slow motion de confissões de pixulecos que começam com a abertura dos olhos e encerram com o fechamento temporário das pálpebras, a presidente fale de estocamento de vento, e evoque a memória do Luftal, o desentocador de vento; ou sugira que o Brasil fez a novela dos mexicanos e os Sumérios tenham participado desse embrulho a cada dia mais bizarro. João Santana, prezado Mercúrio, que néctar é esse que estão dando a Dona Dilma?

O ministro da casa civil, nosso velho conhecido Jacques Wagner, que não pode ser destacado por seu amor ao trabalho, e que Júpiter, Dilma Rousseff, já disse publicamente que acorda sempre muito tarde, está no formato Hércules enfrentando a Hidra de Lerna Cunha, mas só temporariamente, porque não é o perfil do ex-governador realizar os doze trabalhos, todos perigosíssimos. Num deles, Wagner está empenhado em neutralizar a Hidra de Lerna, o presidente da Câmara, Deputado Eduardo Cunha, com quem manteve dois encontros em oito dias, sem que se saiba o que se conversou no covil da Hidra, nem se ela será neutralizada. O lança-chamas diminuiu, mas...

E lá se vão quase dez meses, quase trezentos dias assistindo essa novela caríssima do Olimpo brigando pelo poder sem variações no argumento. Todo o discurso e todo o trabalho do governo é não perder o poder e lutar desesperadamente para permanecer no poder. Mas pra que querem o poder, afinal de contas? Parece que apenas para usufruir dele.