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Vanessa Brunt
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 14:10
- Atualizado há um ano
Conquistar um grande número de seguidores ou até um bom engajamento nas redes sociais pode não ser mais tão dificultoso para quem tem um conteúdo bacana e estuda as boas dicas de estratégias pela web. A grande questão, porém, é conseguir ter um público fiel. Ou seja, ter aqueles seguidores que sempre estão ali, ativos e acessando os seus perfis, querendo interagir e, até, querendo divulgar o seu projeto.
Já não basta fazer um conteúdo criativo ou bem apurado e nem sequer um produto de qualidade para ter um público realmente fidelizado. É preciso conquistar a confiança e o interesse dos seguidores ao ponto de gerar engajamento e a vontade de sempre retornar.
Como produtora de conteúdo e pós-graduanda em Influência Digital, aprendo na prática todos os dias sobre as novas e melhores formas atuais de construir a tão sonhada fidelização. E como estamos agora tendo também dicas que vêm dessas experiências nesta nossa coluna de todas as quartas, lá vamos nós para ajudar a sua marca ou sua vida de influencer:
1. Não use indução, use causa e efeito
Um bom conteúdo é aquele que faz com que o leitor/espectador/cliente tome alguma atitude na vida dele para além de simplesmente adquirir um produto. Ele precisa sentir que está adquirindo um novo estilo de vida, algo que o faça mudar de alguma forma dali para frente, que venha acompanhado de uma ação reflexiva e que impacte em diversas outras pequenas ações do seu cotidiano.
Faça conteúdos, portanto, que proponham alguma mudança ou melhora de comportamento e apresente a noção de causa e efeito, ou seja, foque na ideia de que 'se você fizer isso, a sua vida virará aquilo', por exemplo. Dentro do processo, utilize a pessoa como centro do discurso e não o produto em si.
Por exemplo: ao invés de dizer que o produto é 'o único relógio com realidade virtual do Brasil', diga que 'a sua vida vai ficar menos apressada e mais perto de quem você ama por mais tempo com o único relógio de realidade virtual que existe'. A ideia vai sugerir que aquela pessoa, a partir dali, tente balancear mais suas prioridades e, na correria do cotidiano, dedicar mais tempo a se comunicar com quem ama.
Outra forma de incluir a causa e efeito é colocando uma ação com uma segunda consequência. Um bom exemplo é o que a marca Euzaria faz: na compra de um produto, você está automaticamente ajudando uma criança carente a ter uma aula artística ou uma árvore a ser plantada. A sua ação de compra gera uma outra ação que diz algo sobre seu comportamento e sobre princípios (logo, estilo de vida).
Lembra do que falei sobre encontrar a dor na nossa lista sobre o TCC nota 10? É muito útil aqui.
2. Use branded content: dê dicas e alertas além de falar sobre o que quer vender
Já ouviu falar de branded content? Significa conteúdo de marca, ou seja, a criação de conteúdo que está diretamente relacionado ao universo de uma marca, mas que não trata de produtos ou do que mais queira ser vendido ali.
Assim, a marca estará passando informação e/ou diversão que possuem mais valor para o consumidor. De tal maneira, muito do que a marca defende estará incluso no discurso e será, assim, mais possível de conquistar a confiança do público. O engajamento também pode aumentar, já que quanto menos cara de propaganda tem uma produção atualmente, mais receptível fica.
Escolha o seu nicho, descubra o seu diferencial e comece por ele. No caso do meu blog e canal, por exemplo, abordo filmes e séries, mas o diferencial é explicar as metáforas e lições passadas nas entrelinhas de cada obra. A partir disso, posso abordar detalhes como conselhos de vida e outros conteúdos.
Foque no que te destaca e dê dicas que mostrem que você entende do assunto do qual trata. Exemplo: se fala de moda, não faça fotos apenas com looks, mas também fale sobre a história da moda, dê dicas práticas para o dia a dia ou apresente conteúdos não óbvios que mostrem seu conhecimento.
3. Seja um personagem (real): deixe claro o que defende e use isso pra gerar mais conteúdo fora do óbvio
Já deu uma olhadinha no perfil da @netflixbrasil? A marca se assumiu como uma personagem bem detalhada: é uma mulher jovem e feminista. Ela não tem medo de bater firme no que defende e disso saem memes maravilhosos e respostas que agradam o público.
Interativa, foi totalmente através do que posta e deixa de feedback nas redes que a personagem pôde ser entendida pelo público. Ela diz, sem papas na língua: 'ei, sou menina!', em correção a comentários que afirmam 'o Netflix', por exemplo. Se você é de uma empresa, o ideal é criar um personagem que possa representar bem o seu público e o que defende socialmente. É necessário ser real em relação ao que afirma. Caso seja uma marca pessoal, o processo continua sendo o mesmo. É preciso escolher bandeiras e levantá-las. Quem não levanta nada disso, parece estar se escondendo do público e isso já é quebra de confiança para as gerações ativas no universo digital.
Se você vende camisas, por exemplo, e luta por menos racismo, exiba em algumas frases seu posicionamento sobre o assunto e também apresente isso em postagens extras com dados, informações relevantes e atuais e outros conteúdos (lembra da importância do branded content?).
↪ Um detalhe importante é focar sempre no 'Porquê' mais do que no Como ou no O Quê. Perceba no caso da Apple, por exemplo — o 'Porquê' da marca é: porque acreditam no poder de se pensar diferente. Como? Com produtos de design arrojado e fáceis de usar. O quê? Computadores e celulares.
4. Interação e storytelling são as chaves do negócio
Público que não é respondido vira público inexistente. É claro que nem sempre dá para responder a todos, mas existem formas de mostrar que a atenção é, sim, dada. Se você quer muitos comentários, comece dando muitos. Responda os comentários que der (principalmente se existirem perguntas muito repetidas a serem sanadas) e peça para o público ajudar em uma decisão para a marca (como escolher, por votação, a cor de um novo produto).
Outra forma importante de interagir é deixar sempre perguntas para que o púbilico responda: mas a pergunta precisa ser de algo que não leve a pessoa a precisar parar por minutos para pensar, certo? Faça com que eles sintam que comandam tudo o que está sendo resolvido ali.
↪ Outro detalhe importante e que ganha mais forças quando unido à interatividade, é a vulnerabilidade. É possível colocá-la melhor em prática ao ler sobre ou assistir sobre storytelling. Mas, já deixando a base: primeiro, lembre sempre de que um personagem sem defeitos é pouco crível e, assim, pouco confiável. E quando digo 'personagem', repito: não significa que não deve ser verdadeiro.
Atualmente a força do erro veio ganhando cada vez mais espaço. Clientes ou públicos que observam como a marca (ou o influencer) lida com as adversidades, ganham mais confiança. Por isto, passe lições. Conte uma história de quando tudo deu errado ou mostre um dia em que algo deu errado e, após, mostre a lição que tirou disso (ou mostre que está tentando resolver) e exiba bom humor.
Quem mostra que lida com os problemas, mostra que pode causar menos problemas. Um dos importantes tópicos do storytelling é ratificar que o lado negativo é a alma de qualquer boa história.
5. Mostre os bastidores com a cara ou a voz: faça vídeos ou podcasts
Mostrar os bastidores para além dos erros também é algo importante para o processo de confiança e de storytelling. Se você é um youtuber e fala sobre games, por exemplo, mostre como faz para gravar, editar... ou mostre algum processo na sua escolha de jogos, com pontos positivos e negativos.
Fazer com que o público sinta que tem uma relação mais próxima com você gera mais confiança. Mostrar o seu rosto ou a sua voz cria essa proximidade e leva o seu conteúdo para um outro patamar: transmídia. Portanto, se for uma empresa, tente mostrar a galera trabalhando e/ou assuma o personagem também gerando audiovisual.
Tente fazer vídeos ou podcasts (e esteja atento a novos formatos semelhantes) que tratem de temas que importam para o seu público, mesmo se forem pílulas rápidas. Afinal, branded content precisa sempre ser aproveitado. Ah, e lembre que a voz mais baixa e calma, a depender do caso, pode conquistar mais do que uma alegria berrante. Extra: cuidado com detalhes que podem burlar o seu engajamento e entregar seus conteúdos para menos pessoas. O algoritmo do Instagram já tem trabalhado com uma entrega cada vez menor para o número real de seguidores, mas quando se utiliza de ferramentas extras que não são legalizadas pela própria rede social, isso pode atrapalhar. É o caso, por exemplo, dos aplicativos para organizar o feed que requerem login da sua conta. Editar legendas também atrapalha, mas vamos deixar dicas assim para uma próxima lista.