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Publicado em 10 de junho de 2025 às 05:00
A violência contra as mulheres no Brasil é um problema assustador que exige atenção imediata. O Atlas da Violência 2025 revela quase 4.000 homicídios femininos, destacando a persistência de um problema estrutural que, apesar das políticas públicas e da Lei do Feminicídio de 2024, continua a devastar vidas. O lar, que deveria ser um refúgio, tornou-se um dos ambientes mais perigosos para as mulheres. Pesquisas mostram que a violência letal não é um evento isolado, mas parte de uma dinâmica que afeta desproporcionalmente as mulheres negras. Entre 2013 e 2023, 30.980 mulheres negras foram vítimas de homicídio, representando 67,1% do total de vítimas com causa definida. Esses números não são meras estatísticas; são vidas interrompidas e uma sociedade que falha em proteger suas mulheres e meninas. >
Na Bahia, a situação é ainda mais alarmante. Com 4.722 mulheres assassinadas entre 2013 e 2023, o estado representa quase 10% do total de homicídios femininos no Brasil. A Bahia está entre os quatro estados com as taxas mais altas de homicídios de mulheres, com um índice de 5,9 mortes para cada 100.000 habitantes. Desde 2020, lidera o ranking nacional em números absolutos, com 1.781 mulheres assassinadas — equivalente a uma mulher morta por dia. A maioria dessas vítimas são mulheres negras, que somam 1.567 casos, representando 87,9% dos homicídios femininos no estado.>
Esses dados são um chamado à ação. A persistência da violência contra as mulheres reflete uma cultura que ainda tolera a desigualdade de gênero e a impunidade. As políticas públicas atuais, embora necessárias, se mostram insuficientes diante da grandeza do problema. É imperativo reavaliar as estratégias de enfrentamento à violência, com foco na proteção das vítimas e na responsabilização efetiva dos agressores. A educação e a conscientização são ferramentas cruciais nessa luta. A sociedade civil e o governo devem se unir para promover uma cultura de respeito e igualdade. Campanhas de sensibilização e a criação de redes de proteção são essenciais para transformar essa realidade.>
A luta contra a violência de gênero não é apenas responsabilidade das mulheres; é um dever de toda a sociedade. É hora de romper o silêncio, exigir mudanças e construir um futuro onde todas as mulheres possam viver com dignidade, segurança e respeito. A mudança começa agora, e cada um de nós tem um papel a desempenhar nessa transformação. Precisamos de um compromisso coletivo para enfrentar essa crise, garantindo que as vozes das mulheres sejam ouvidas e que suas vidas sejam valorizadas. A luta contra a violência de gênero é uma questão de justiça social e direitos humanos, e todos têm um papel fundamental nessa batalha. É hora de agir e fazer a diferença.>
Katia Alves é ex-secretária de Segurança Pública da Bahia, ex-vereadora de Salvador e delegada da Polícia Civil da Bahia>