Se 'virando' nos 600: Cinco dicas para organizar as contas com auxílio emergencial

Veja como os baianos estão usando os R$ 600 do coronavoucher

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 1 de junho de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Imagem: Shutterstock

Se um salário mínimo é pouco, R$ 600 é menos ainda. Porém, tem muita gente que está dispondo apenas desta renda para garantir o básico neste momento de pandemia. Neste último final de semana, o governo federal começou a liberar a segunda parcela na poupança digital para saques e transferências do auxílio emergencial.

Apesar de não informar o número de baianos beneficiados pela medida, a Caixa Econômica Federal (CEF) já havia pago R$ 74,6 bilhões para 57,9 milhões de beneficiários em todo o Brasil. Ao todo, foram 105,9 milhões de pagamentos. O banco também informa que 10,4 milhões de pedidos de Auxílio Emergencial seguem aguardando análise sem previsão de quando essas pessoas irão receber o benefício.

Após a liberação para os nascidos em janeiro no sábado (30), hoje (1) começam a ser pagos os nascidos em fevereiro e assim segue o calendário até o dia 13 de junho, quando será pago o coronavoucher para os nascidos em dezembro. Com o orçamento que era apertado ainda mais reduzido, quem é autônomo ou está desempregado precisa fazer ainda mais esforço para dar conta, no mínimo, das despesas essenciais, como pontua o diretor de planejamento financeiro da Fiduc Gestão de Finanças Pessoais, Valter Police. “É um momento em que é necessário estudar com muito cuidado onde se gasta cada real. O controle do orçamento é fundamental para que as despesas estejam alinhadas com as maiores necessidades, principalmente diante de uma renda de R$ 600”, analisa.Entre as dicas para utilizar bem o dinheiro do auxílio, Police destaca que não dá para gastar sem antes definir bem quais são estas prioridades e até quanto se pode gastar com elas. “Não gaste sem pensar. Organize um orçamento, sabendo que vai gastar apenas naquilo que é fundamental, para não correr o risco de gastar com algo que poderia não ter gastado e daí faltar para o que não poderia ficar sem”.

Mas o que é verdadeiramente importante nesse momento e o que pode ser deixado para depois? Veja como os baianos estão usando este dinheiro do auxílio: 

CAIU NA CONTA

Prioridade é educação e alimentação Eu trabalho em um salão, aqui no bairro mesmo, comércio pequeno. Eu ganho o que eu faço. Se tiver cliente eu ganho, se não tiver eu não ganho. O dinheiro demorou de entrar porque tinha a condição de que se fosse mãe de família eu teria que adicionar um membro e automaticamente colocar o CPF, mas minha filha ainda não tinha CPF. Laisa usou o dinheiro para pagar a escola da filha e segurar os gastos com alimentação (Foto: Acervo pessoal) Eu moro com minha mãe e a nossa renda é um salário mais um pouquinho. Eu acabei priorizando a educação de minha filha, com o pagamento da mensalidade do colégio, e alimentação da gente. O dinheiro não rende. Peguei só a primeira parcela e devo receber a segunda. Espero que dure mais um pouco. Na situação que me encontro, desempregada, faço bico e com o salão parado fica muito difícil esticar esse dinheiro. (Laisa Passos, cabeleleira)

Renda Extra Trabalho como representante comercial autônomo e precisei recorrer ao benefício devido à queda nas vendas, com isso, minha renda mensal diminuiu e veio a dificuldade financeira. Infelizmente, o processo de análise e pagamento do benefício é burocrático e demorado mas consegui. Benivaldo tem buscado uma renda extra, mesmo sem sair de casa (Foto: Acervo pessoal) Minha renda média varia de R$ 500 a R$ 1,5 mil. Porém, ela reduziu pela metade. Estou precisando fazer milagre para diminuir o máximo possível as minhas despesas. O dinheiro ajuda, mais não é o suficiente. Ele chega e some em poucos minutos. O que tenho tentado fazer é buscar uma renda extra, mesmo sem poder sair, usando as redes sociais. E aí a gente vai se virando para ver o que pode pagar, o que não dá para pagar e em algumas outras contas tenho tentando buscar negociações. (Benivaldo Silva, representante comercial autônomo). 

As dívidas deixaram de ser pagas Dentro de casa eu vendo pirão de aipim, aos finais de semana. A renda da minha família era de R$ 400 por mês.  Vanessa deixou de pagar as contas e colocou os gastos com alimentação em primeiro lugar (Foto: Acervo pessoal) A venda do pirão de aipim era de onde eu complementava meu sustento, só que com a pandemia a vendagem caiu eu passei a contar só com esses R$ 400 para tudo. Então, eu não pude priorizar contas, só a alimentação. As contas e as dívidas estão deixando de ser pagas. São quatro crianças em casa e eu sou mãe solteira, por isso a alimentação ficou em primeiro lugar. O mundo todo está tendo que economizar. A gente paga o principal e esse dinheiro acaba só na alimentação. (Vanessa Benário, autônoma)

Mudanças no orçamento Eu trabalhava como diarista e fui dispensada na segunda semana de março, quando começou a pandemia. Por esse motivo precisei recorrer ao auxílio e tive muita dificuldade para receber o dinheiro pois não conseguia entrar no aplicativo. Elzenir fez uma mudança em todo o seu orçamento (Foto: Acervo pessoal) A renda média da minha família era de R$ 1,4 mil e o impacto foi grande. Tive que mudar todo o meu orçamento para não passar fome. Tenho feito tudo que posso pra economizar. Só compro o necessário para a alimentação dos meus filhos e também tenho feito economia de despesas como água e luz. É o jeito que a gente vai encontrando para sobreviver com esses R$ 600 até que tudo isso passe.  (Elzenir Sousa, diarista)

Pesquisa de preço Como recebo por diária, então precisaria do auxílio e não tive muita dificuldade de acessar porque recebo o Bolsa Família. A renda fica em R$ 1 mil, porém, o que é mais complicado é o aumento dos preços todos dos dias. Tudo sobe. Lucidália está controlando todo tipo de desperdício para conseguir manter o orçamento (Foto: Acervo pessoal)

Tenho tentado fazer pesquisa de preço, fiz também ovos de Páscoa pra vender em abril e tenho feito umas contas aqui com o meu orçamento para ver se vai dar para vender uns bolos também. É um dinheiro que ajuda. Apesar de não ser suficiente eu dou Graças a Deus. Como estou em casa, tenho controlado tudo para evitar desperdício. (Lucidália Conceição, cuidadora)

DICA DA SEMANA: CINCO ESTRATÉGIAS PARA USAR O DINHEIRO DO AUXÍLIO EMERGENCIAL 

1. Reveja todos os seus gastos e analise seu orçamento. Priorize o essencial. O que não puder cortar, negocie para pagar menos ou pagar depois. 

2. Faça isso como um exercício de toda a família. Todos precisam estar envolvidos. Não adianta um só fazer o esforço de apagar a luz do quarto, ao estar atenta ao consumo de água. A tarefa de economizar tem que envolver todo mundo. 

3. No supermercado: como o momento não permite de fazer pesquisa de loja em loja, acompanhe a variação do preço e avalie a troca de marcas ou até mesmo de produtos. Ou seja, se a carne estiver muito cara, vai de frango. Tente otimizar sua ida ao mercado, visto que alimentação é prioridade. 

4. Avalie a possibilidade de segurar o pagamento de contas de energia e água, por exemplo, ou tente negociá-los. Em muitos casos esses serviços não serão cortados em função da crise. No caso da Coelba, os clientes residenciais classificados como baixa renda e com consumo mensal de até 220 kWh estão isentos do pagamento da tarifa de energia elétrica até 30 de junho por conta da pandemia. O governo do estado assumiu o pagamento de contas de água por três meses para famílias no cadastro social da Embasa. 

5. Caso tenha algum cartão de crédito, entre em contato com a administradora para renegociar a fatura ou peça a extensão do prazo. No início da pandemia, os bancos ofertaram esta possibilidade. Fique atento as condições.