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Moyses Suzart
Publicado em 28 de dezembro de 2025 às 21:23
Baiano não vai para festa. Baiano vai para o reggae. E, desta vez, no Festival Virada Salvador, foi de forma literal. Na abertura do domingo (28), o reggae man Edson Gomes levou a música resistência para o palco e, aqui pra nós, nem precisava cantar. Seu público, um verdadeiro liquidificador de crianças, idosos, jovens, mulheres e homens, cantava cada nota do seu repertório, como verdadeiros back vocals do rei do reggae nacional. >
E fã que é fã chega cedo. Quando Iasmin Rasta chegou na Festa da Virada, nem ambulante tinha que pudesse vender água pra ela. O relógio marcava 14h quando ela já estava com sua bandeira regueira na frente do palco para ver o ídolo. Ela é fundadora do fã clube do regueiro e só foi lá para curtir o show dele. “Sou CLT, tenho que trabalhar amanhã”, brinca. Quando o filho de Cachoeira entrou, foi delírio total.>
Show de Edson Gomes no Festival da Virada
Ela estava acompanhada de outras fãs que fazem parte do fã clube, que já reúne mais de 30 mil seguidores no Instagram. Aliás, um ponto interessante foi o número grande de mulheres, principalmente na frente do palco. “Ele nos dá de presente letras fortes e melodias que batem na alma. E as mulheres sentem isso”, disse Iasmin.>
A mestre de cerimônias Thaty Meneses prova que não existe barreira entre ela e Edson Gomes. Ela saiu de Aracaju somente para ver o show do reggae man na Festa da Virada. Líder do movimento negro no estado vizinho, ela reforça a força e resistência das letras do artista baiano. “Me diga quem fala mais do povão melhor do que ele. Suas letras são nosso cotidiano, nossa luta e nossa dança. Reggae é resistência!”, disse.>
Edson é isso. Quando ele começou, Walken Moreira, de 11 anos, largou a mão da mãe, driblou quem servia de obstáculo até chegar na frente do palco. Cantava todas as músicas. “Minha mãe está ali atrás me vendo, eu quero ver ele de perto, não posso ver sempre. Tenho que aproveitar”, disse, entre uma música e outra.>
Junto com a banda Cão de Raça e seu filho, Jeremias Gomes, Edson entrou no palco de forma leve, com uma imagem emblemática ao fundo, onde ele está sentado em um trono com o leão ao lado. Sem dúvida, um atestado do seu reinado no reggae. “Disseram que o rei [Roberto Carlos] cantou aqui uns dias atrás. Negativo. O rei está tocando agora. Edson é o rei!”, compara Fernanda Moura.>
No palco, a realeza atestada deixou o rei mais tranquilo, com sorriso no rosto. O incendiário do sistema estava na dele. Seus tradicionais sermões contra o sistema deram lugar a frases mais curtas de agradecimento ao público. Nem precisava, pois suas músicas já diziam tudo. Em um dos momentos mais afetivos da noite, Edson interrompeu o repertório para cantar parabéns para a filha caçula, Raquel Gomes, arrancando aplausos e emoção da plateia. >
Como de costume, o ápice do show foi a música Camelô. Edson sai de cena e o público canta o primeiro minuto da música, junto com a banda Cão de Raça. De arrepiar também para o artista que, depois do show, afirmou ter sido um “momento histórico” fazer parte do Festival Virada. Sem dúvida, o reggae resistência deixou suas cores no Festival Virada Salvador. Cores diversas que extrapolam o verde, vermelho, amarelo e preto da bandeira do reggae. É a cor da diversidade. Êa!>