Lulu colorido: Concha canta a liberdade no ritmo de Lulu Santos

Músico vem a Salvador pela primeira após assumir romance com baiano Clebson Teixeira: “Obrigado por todo amor, acolhimento e compreensão”

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  • Fernanda Santana

Publicado em 18 de agosto de 2018 às 20:44

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A escuridão persistiu somente até a entrada de Lulu Santos ao palco da Concha Acústica. Acederam-se as luzes, cantor a postos, tudo ficou colorido. A espera foi rompida justamente por “Tempos Modernos”, neste sábado (18), e cantou todo o público: “Vamos viver tudo que há para viver”. Pouco antes do início do show, neste sábado (18), todos já esperavam as cores da música. Aguardavam até mais: as cores da liberdade.

Nada necessariamente novo para boa parte do público. A engenheira civil Maria Eduarda Stern, 26, sintetizou: “Lulu sempre foi colorido. Para mim, nenhuma surpresa. Eu adoro ele”. Era sobre o namoro do músico com o baiano Clebson Teixeira, 26, tornado público em julho, que falava a jovem. A engenheira Maria Eduarda Stern, 26, sobre Lulu: "Sempre foi colorido" Em homenagem ao namorado, e em crítica à homofobia, Lulu compôs Orgulho e Preconceito, lançada também no mês passado. Num dos trechos, uma mensagem clara: “Esta canção é pra você nunca mais ter que sussurrar quando diz que me ama, para te libertar de todo julgamento alheio”.

O carioca chegou a agradecer ao público pelas mensagens de carinho recebidas e recepção na Concha lotada, logo após cantar a nova música:“Obrigado por todo amor, acolhimento e compreensão”.Mas, sim, os fãs viam, de fato, o mesmo Lulu de sempre. Apenas, aparentemente, com mais admiração. O estudante gay Valter Santana, 23, levantou a bandeira: “É o mesmo Lulu se sempre mas agora vejo ele com outros olhos”. Ainda no início da apresentação, a cantora Daniela Mercury, junto à esposa e jornalista Malu Verçosa também fortaleceu o coro já muito alto e visível na Concha:“Eu acho maravilhoso que ele fale! Cada um tem que ter liberdade para falar o que quiser da sua vida pessoal. Mas cada artista que fala sobre o assunto, faz o mundo mais feliz e mais livre”. Daniela Mercury junto à companheira e jornalista Malu Verçosa (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) As amigas Verônica Santos, 43, e Flávia Santos, 39, um pouco mais ao fundo, também comentavam a importância da fase assumidamente feliz do cantor para a representativa. Fã do músico, em Salvador para apresentar o show “Canta Lulu”, a bancária Flávia comemorou: 

“Você se assumir é diferente, é importante ter representatividade. Os artistas parecem ter esse papel de se assumirem e abrir as portas para os outros. Principalmente para que se desassociem as coisas: sexualidade é uma coisa, vida profissional outra. Enfim...”

‘Alguém tem alguma coisa a ver com isso?’

E outra coisa, acrescentou a aposentada Cátia Duarte, 52: “Alguém tem alguma coisa a ver com isso”? Ela mesma, fã desde sempre, contemporânea do cantor de 65 anos, responde:“Ninguém tem nada a ver. Sou fãzona desde sempre e tô achando massa. Ele parece mais feliz, tô achando massa. Ele está solto”. O show do cantor é, afinal, pouco diferente do que já se vê e espera de Lulu: os hits de sempre alternados com novas apostas. Apostas que, inclusive, ele assumiu ao CORREIO antecipar nas redes sociais quando se sente inspirado. A música feita para o namorado é só um exemplo disso. As músicas mais antigas e prontamente cantadas por todo o público são até usadas pelo autônomo Aroldo Ferreira, 55, para resumir Lulu:“Sabe quando eu fui saber disso, desse namoro? Ontem! Ontem que me contaram. Influencia em nada. Sabe o porquê? Ele é como uma onda no mar”, brincou ele, em referência à música “Como uma onda no mar”, hit do álbum “O Ritmo do Momento”; Os amigos Aroldo Ferreira, 55, e Rogério Oliveira, 52, antes do show deste sábado O museólogo e amigo de Aroldo, Rogério Oliveira, 52, concorda. E acredita que “o simples fato de estarmos discutindo isso mostra como, às vezes, tem uma pressão em cima da pessoal”. Antes do show, o fã balanceou: “Sim, ele foi corajoso. Mas não tem que explicar nada. É uma forma de barrar essa chatice toda. Ele não tem que assumir nada. Hoje eu gosto de Fernanda, amanhã posso gostar de Marcos”.

E Lulu realmente não explicou nada. Como previu o artista plástico Aldinho Mendonça. “Quanto à vida pessoal, nenhum novidade. Talvez agora o amor fosse maior. Contato que ele seja feliz, que bom”. Quem foi à Concha Acústica, neste sábado, realmente deve ter sentido que Lulu Santos não quer ficar preso em nenhum caixa. Cantou hits “Alô, Alô, Marciano”, “Baila Comigo” e “Desculpa o Auê”. Lulu só parece querer que as cores vibrem fortes.