Ex-Vitória, Victor Ramos é investigado por manipulação de resultados

Zagueiro da Chapecoense é um dos alvos da operação Penalidade Máxima

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  • Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2023 às 13:29

- Atualizado há um ano

. Crédito: Julliana Paulino/ACF

Revelado pelo Vitória e hoje na Chapecoense, o zagueiro Victor Ramos está sendo investigado na operação Penalidade Máxima II, que investiga manipulação de resultados no Brasileirão e em campeonatos estaduais. Nesta terça-feira (18), o Ministério Público de Goiás (MP-GO) cumpriu mandado de busca e apreensão contra o atleta. Ele foi conduzido para depoimento e teve o celular apreendido para investigação.

Segundo o MP de Goiás, a suspeita é de que criminosos tenham atuado de maneira concreta em pelo menos cinco jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022, além de interferir em outras cinco partidas do Campeonato Paulistão, Campeonato Gaúcho e Campeonato Mato-Grossense deste ano. 

De acordo com as investigações, o grupo cooptava jogadores profissionais de futebol, com oferta de valores entre R$ 50 mil a R$ 100 mil, para que eles cometessem lances específicos nas partidas, como garantir um número determinado de faltas e de escanteios, levar cartão amarelo e até atuar para a derrota do próprio time.

Diante das condutas previamente combinadas, os investigados obteriam lucros altos em diversos sites de apostas – utilizando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros.

Empresário de Victor Ramos, Lucas Reis afirmou, ao site Terra, que o jogador está sendo investigado por causa de uma ligação que recebeu com proposta para participar do esquema. Mas, segundo o agente, o jogador negou a 'oferta'.

"Com muita convicção, destacamos que ele não participou de nada. Ele está sendo realmente investigado, mas porque recebeu uma ligação de proposta, porém nunca aceitou participar disso. Ele nunca participaria desse esquema, não comprometeria a carreira e o clube dele", disse.

Em nota, a Chapecoense reiterou seu posicionamento contra manipulações esportivas, e ressaltou a confiança na conduta do atleta.

"A Associação Chapecoense de Futebol vem a público a fim de reiterar o seu posicionamento totalmente contrário a qualquer tipo de situação que envolva a manipulação de resultados de jogos. O clube entende que tais condições são totalmente antidesportivas, ferindo os valores éticos e morais da modalidade", divulgou o clube.

"A respeito da 'Operação Penalidade Máxima' e do cumprimento do mandado relacionado à ela em Chapecó - envolvendo um jogador do clube - a agremiação alviverde reforça o seu apoio e, principalmente, a confiança na integridade profissional do atleta", acrescentou.

Victor Ramos foi revelado pelo Vitória e tem passagens por diversos times brasileiros, como Vasco e Palmeiras. Ele também atuou fora do país, no Standard Liège, da Bélgica, e no Monterrey, do México. Atualmente, o zagueiro está em sua terceira passagem pela Chapecoense. Ele já havia defendido o clube de Chapecó anteriormente em 2017 e 2022.

No início de 2023, Victor Ramos defendeu a Portuguesa, de São Paulo, antes de rescindir o contrato e fechar com o Verdão do Oeste.

A operação A operação Penalidade Máxima II foi deflagrada por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI). Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão em 16 municípios de seis estados diferentes.

Os mandados foram cumpridos em Goianira (GO), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Pelotas (RS), Santa Maria (RS), Erechim (RS), Chapecó (SC), Tubarão (SC), Bragança Paulista (SP), Guarulhos (SP), Santo André (SP), Santana do Parnaíba (SP), Santos (SP), Taubaté (SP) e Presidente Venceslau (SP).

A ação é um desdobramento da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro, que resultou na prisão preventiva de Bruno Lopez de Moura.

Também foram alvos: a empresa BC Sports Management, pertencente ao empresário, e os jogadores Gabriel Domingos de Moura, volante do Vila Nova; Marcos Vinícius Alves Barreira, conhecido como Romário e que teve o contrato rescindido com o Vila Nova em novembro do ano passado; Joseph Maurício de Oliveira Figueiredo, do Tombense; e Mateus da Silva Duarte, que jogava no Sampaio Corrêa e hoje está no Cuiabá.

A concessão do habeas corpus para Bruno Moura foi dada pelo desembargador Edison Miguel da Silva, do Tribunal de Justiça de Goiás. A liminar não diz respeito à culpabilidade do acusado, o caso segue sob investigação e deve ampliar a busca por indícios de manipulação de resultados a outras divisões e torneios do futebol brasileiro.

O grupo de apostadores teria manipulado o resultado de pelo menos três partidas ocorridas na Série B de 2022: Tombense x Criciúma; Sampaio Correia x Londrina; e Vila Nova x Sport. De acordo com o MP-GO, o grupo receberia de R$ 500 mil a R$ 2 milhões por jogo com o esquema.