Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Por que o Bahia optou por se tornar SAF e o que isso significa?

Tricolor fechou com Grupo City e vai apresentar proposta aos conselheiros na sexta-feira

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Rodrigues
  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 20 de setembro de 2022 às 18:14

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Felipe Oliveira/EC Bahia

Com a formalização da proposta do Grupo City para o Bahia constituir uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), os sócios do clube têm uma decisão importante para tomar nos próximos dias. A mudança de associação para clube-empresa e consequente venda das ações para o fundo árabe vai causar alterações permanentes no Esquadrão. 

Na prática, o Bahia passará a ter um dono, algo nem tão inédito nos seus 91 anos de vida, já que entre 1998 e 2006 houve uma experiência similar ao virar clube-empresa e ter o Banco Opportunity como dono de 51% das ações. Mas por que o tricolor, clube que tem a sua história recente marcada pela luta pela democracia e o direito do torcedor de participar ativamente da vida política da agremiação, decidiu apostar nesse novo modelo? 

A explicação, segundo a atual diretoria, está no aspecto econômico. Na análise do presidente Guilherme Bellintani, o futebol brasileiro vive um momento de mudança e, muito em breve, boa parte dos 20 clubes que disputam a primeira divisão vão ter investidores para financiar suas atividades. Ele diz que, nesse cenário, o Bahia pode acabar ficando para trás caso não crie uma estrutura financeira sólida.  

“O nosso desenho é que talvez, dos 40 principais clubes brasileiros, eu projeto que em quatro ou cinco anos perto da metade deles vai ser comandada por investidores e não mais por associações. As associações vão ter pouco ou quase nenhuma participação na gestão desses clubes. Isso significa que haverá injeção de capital externo no Brasil. O clube vai continuar com receita de bilheteria, com venda de jogador, mas vai ter esse capital extra durante ‘x’ anos. Significa que os clubes que tiverem um investidor vão ser mais poderosos do que os que não tiverem esse investidor”, argumentou o dirigente durante entrevista ao Podcast do Info Bahêa.

Olhando para o atual cenário brasileiro, Bellintani projeta que enquanto o Bahia se mantém como associação, dependendo das próprias receitas para sobreviver, pelo menos 14 clubes aparecem à frente. Por essa visão, o presidente acredita que dificilmente terá condições de brigar por saltos maiores na Série A. 

Entre as equipes mais tradicionais do futebol brasileiro, Botafogo, Cruzeiro, Vasco e Red Bull Bragantino já contam com investidores. Clubes como Coritiba, América-MG e Sampaio Corrêa tiveram o projeto de SAF aprovado pelos respectivos Conselhos Deliberativos, mas ainda buscam parceiros. 

No ano passado, quando foi rebaixado à Série B, o Bahia conseguiu o maior faturamento da sua história. Arrecadou R$ 208,6 milhões. Com a chegada do Grupo City, a expectativa é receber grandes investimentos no departamento de futebol. 

“Clubes que não disputavam vão passar a disputar com a gente. Vamos lá: Vasco e Botafogo como SAF, Bragantino como SAF, Athletico-PR está estudando a SAF, Coritiba estudando, Cruzeiro é SAF, América-MG está estudando. Temos sete clubes. Ainda temos Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Atlético-MG, Inter e Grêmio, mais sete que já estão economicamente na nossa frente e que nós não vamos alcançar por gestão própria”, iniciou Bellintani. 

“São sete SAFs que tendem a ser mais poderosas do que a gente, mais sete clubes que estão na nossa frente economicamente. Aí já são 14 clubes. Não sobrou vaga na nossa frente. É um desenho que não é uma decisão errada de não fazer a SAF, mas é uma decisão que precisa ser tomada mediante as consequências que ela tem”, analisou.

A negociação entre Bahia e Grupo City teve início em setembro do ano passado e partiu do clube, que procurou o fundo. Em dezembro, as partes assinaram um acordo de confidencialidade. A escolha pela marca global, segundo Bellintani, se deu pelo conhecimento de gestão do City. O grupo é dono de 11 equipes ao redor do mundo. Apesar de ressaltar a importância do poder econômico do parceiro, o dirigente disse que não estava “atrás de um cheque”. 

“O centro da nossa pauta é: Qual é o projeto que nós queremos colocar para o sócio e sócia, para o conselheiro e conselheira analisarem? Dentro desse projeto está o dinheiro, é óbvio. Não se constrói um projeto vencedor, que mude o Bahia de patamar, sem injeção de recursos. Mas o recurso não pode ser a única decisão", afirmou durante entrevista em março.

Mais investimento, menos decisão Apesar da expectativa por mais dinheiro para o futebol com a mudança para clube-empresa, a transformação em SAF vai limitar radicalmente a atuação dos sócios e conselheiros do Bahia na tomada de decisões. O próprio Bellintani vai ter os seus poderes reduzidos, já que representará a parte minoritária nas ações.

Assim como acontece hoje, os sócios vão se manter ligados à associação Esporte Clube Bahia, que continuará existindo, mas caberá ao dono da maioria das ações da SAF, neste caso o Grupo City, a palavra final sobre as decisões relacionadas ao futebol. 

“Não estou dizendo que a SAF é o único caminho, mas há dois caminhos muito claros: ou uma SAF com investidor e um clube com menos interferência da torcida e mais competitivo; ou um clube menos competitivo com mais interferência da torcida. Ambos os caminhos estão corretos. Mas se você não escolher a SAF você vai escolher um clube menos competitivo”, defende Bellintani.