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Cobranças com maturidade produzem avanços profissionais

Solicitações para as lideranças podem e devem ser feitas. Saiba como acertar no tom

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 28 de julho de 2025 às 06:30

As cobranças, demandas e solicitações podem se apoiar apresentada com base em dados concretos, como números e percentuais
As cobranças, demandas e solicitações podem se apoiar apresentada com base em dados concretos, como números e percentuais Crédito: Shutterstock

No ambiente corporativo, cobrar um gestor por entregas atrasadas ou falta de reconhecimento é um dilema comum. Muitos profissionais evitam o assunto por receio de parecerem insistentes ou desrespeitosos, enquanto outros exageram na cobrança, criando desgastes na relação. Mas afinal, é possível encontrar uma forma de resolver uma demanda sem que isso se transforme numa crise?

O gestor de carreiras, PhD pela Unicamp e sócio-fundador da FM2S, startup de educação e consultoria, Virgilio Marques dos Santos alerta que o desafio está justamente em encontrar o equilíbrio correto. "Cobrar o chefe não é um erro. O problema está no como e no quando", diz . Segundo ele, esperar que o reconhecimento ou o andamento de projetos aconteça espontaneamente em ambientes corporativos competitivos é uma expectativa pouco realista. "Projetos se acumulam, gestores têm múltiplas demandas e, muitas vezes, esquecem entregas — e pessoas", afirma.

Mas a solução não é partir para abordagens incisivas, seja por e-mails exaltados ou cobranças públicas. Isso tende a prejudicar a imagem do profissional, que pode ser visto como conflituoso e perde oportunidades.

Estratégia respeitosa

A psicoterapeuta e neurocientista Ana Chaves afirma que a cobrança pode e deve ser feita desde que seja feita de forma madura, estratégica e respeitosa. “Evitar conversas importantes por medo de conflito pode gerar ressentimento, desmotivação e até adoecimento emocional. Não se trata de exigir, mas de alinhar expectativas. É menos sobre “cobrar” e mais sobre ‘conversar com clareza’ ”, orienta.

Ana Chaves diz que a abordagem deve ser realizada em um momento oportuno , sempre com foco em fatos e não em julgamentos, com tom colaborativo
Ana Chaves diz que a abordagem deve ser realizada em um momento oportuno , sempre com foco em fatos e não em julgamentos, com tom colaborativo Crédito: Divulgação

Para ilustrar , a psicoterapeuta sugere: “Percebi que algumas entregas que dependem do seu retorno estão pendentes, e isso tem dificultado o avanço do projeto. Você vê uma forma de alinharmos isso juntos para que eu consiga cumprir meus prazos?”

Ana Chaves diz que a abordagem deve ser realizada em um momento oportuno (sem pressão, em um espaço reservado, sem tom acusatório), sempre com foco em fatos e não em julgamentos, com tom colaborativo, e não defensivo.

Virgilio Marques dos Santos ressalta que cada empresa tem sua cultura e sua dinâmica e o que pode ser interpretado como proatividade em uma organização, em outra pode soar como insubordinação. “É preciso mapear o momento político da empresa, suas pressões internas e externas, e a forma como os gestores se comunicam. Um profissional eficaz não despeja emoção crua, ele embala bem sua mensagem antes de entregá-la", orienta Santos.

Inteligência política

Para completar as estratégias de posicionamento, os especialistas na área destacam a importância da inteligência política bem aplicada, sem manipulação, mas com a devida compreensão dos poderes e influências. Inteligência política é saber se posicionar de forma estratégica e ética, entendendo o jogo das relações sem perder sua autenticidade.

Professora e coordenadora do Centro de Carreiras da Unijorge, Paloma Motta orienta que o funcionário apresente a questão priorizando propostas que gerem valor coletivo, e não apenas benefícios individuais. “Por exemplo, a rotina de uma determinada atividade, que anteriormente demandava em média dois dias para ser concluída, pode passar a ser executada em apenas um dia, a partir de uma proposta de melhoria, gerando impacto positivo para todo o grupo”, ilustra.

Paloma Motta orienta que o funcionário apresente a questão priorizando  propostas que gerem valor coletivo
Paloma Motta orienta que o funcionário apresente a questão priorizando propostas que gerem valor coletivo Crédito: Divulgação

Paloma defende que a proposta seja apresentada com base em dados concretos, como números e percentuais. “Por exemplo, evidenciar que sua solução reduz em 30% os atrasos no processo pode fortalecer a confiança da equipe e reduzir resistências”, justifica.

Ana Chaves sugere algumas práticas, tais como o desenvolvimento da escuta ativa e empatia: “Entenda o contexto do seu gestor, tenha clareza sobre sua entrega e sobre como você contribui para o time, construa alianças, e não rivalidades, aprenda a fazer críticas com cuidado e elogios com generosidade, observe o estilo de comunicação e tomada de decisão do seu gestor!.

"Se o gestor trava o projeto, talvez seja necessário buscar aliados em outras áreas ou lideranças que possam apoiar a causa, evitando o confronto direto", recomenda o consultor de carreiras.

Santos sugere também que, ao destacar resultados, o profissional deve focar nos impactos e aprendizados, evitando autoelogios superficiais. Frases que mostram contribuição objetiva são mais eficazes para reforçar o valor entregue.

Para Santos, dominar essa arte é um diferencial para quem quer crescer na carreira. "Entre o medo de parecer arrogante e o risco de ser esquecido, há um caminho de firmeza gentil. Quem sabe cobrar com contexto, técnica e timing, começa a ser visto como alguém pronto para liderar", conclui.

Dicas para uma abordagem eficaz

1. Observação (sem julgamento): “Notei que meu nome não foi mencionado na apresentação do projeto.”

2. Sentimento: “Me senti desvalorizado e frustrado.”

3. Necessidade (universal e legítima): “Tenho necessidade de reconhecimento e clareza sobre meu papel.”

4. Pedido claro e direto: “Você poderia me incluir nas próximas reuniões em que o projeto for apresentado?”

(Fonte: Ana Chaves, com base na Comunicação Não Violenta (CNV), proposta por Marshall Rosenberg)