Criadores de conteúdo negros ganham menos que os demais

Dados da YOUPIX mostram que a desigualdade socioeconômica também atinge a economia criativa

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  • Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2022 às 17:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Nos dois últimos anos, a economia criativa exibiu crescimento expressivo no que diz respeito aos investimentos e projeções para os próximos anos. Mesmo sendo considerada uma economia nova, ela apresenta problemas do passado. Um deles é a disparidade de pagamento entre criadores por gênero e grupo étnico.

Os dados levantados pela pesquisa “Creators & Negócios 2022”, realizada em uma parceria da YOUPIX com a Brunch, mostrou que 11,1% dos creators brancos afirmaram ter uma renda acima de 20 mil reais, enquanto apenas 6,2% dos creators não-brancos possuem uma renda acima desse número.

Cerca de 60,5% dos criadores que responderam a pesquisa não consideram o mercado de marketing de influência inclusivo. Ela também indicou que ainda há pouca inclusão étnica em alguns segmentos, principalmente em nichos mais técnicos.

Em comparação com a pesquisa realizada no ano passado, houve uma queda no percentual de creators que se auto identificaram como pretos, que em 2021, eram 27,3%, em 2022 são 16,9%. É importante citar que o número de criadores autodeclarados pardos foi de 13,7% e essa opção não estava presente na edição anterior da pesquisa. Dado que comprova que essa comunidade foi segmentada entre pretos e pardos.

Para a sócia e head de planejamento da YOUPIX.Rafa Lotto, a pesquisa “Creators & Negócios 2022” demonstrou que houve um recorte a respeito da distribuição étnica, que é mais parecida com a proporcionalidade brasileira, além de mostrar que a economia criativa é mais democrática que o mercado de trabalho formal ou que o empreendedorismo das startups paulistanas .

Em 2020, a YOUPIX se uniu ao  time com a Black Influence, Site Mundo Negro, Squid e Sharpum para realizar a primeira pesquisa do Brasil a fazer um retrato do mercado preto de influência. Na oportunidade, os creators pretos e pardos contaram que são mais contratados para falar sobre temas que abrangem racionalidade, principalmente com a chegada de efemérides como o “Dia da Consciência Negra”, o que, além de limitar seu conteúdo, pode trazer gatilhos e abre velhas feridas. 

O estudo Future of Creativity da Adobe de 2022 comparou ainda os ganhos de trabalho de creators por recortes raciais e relatou que pessoas pretas têm a remuneração 21% menor, reforçando a presença do racismo estrutural nessa economia. 

Apoiar, incentivar e dar oportunidades aos creators e  cobrar a presença de um elenco mais diverso nas campanhas das marcas foram algumas sugestões apontadas para mudar o quadro atual. Programas de aceleração e profissionalização como o “Creators Boost”, promovido pela YOUPIX, também foi citado como  uma  ferramenta para fomentar as mudanças no mercado de influência.

Nesse mesmo movimento, este ano, o Google lançou um programa de capacitação para criadores de conteúdos negros, o “Black Creator Program”, por meio do qual 100 participantes tiveram a oportunidade de aprender mais a respeito desse mercado. 

“Apesar de ser considerada uma nova economia, a Creator Economy não deixa de ser um reflexo da nossa sociedade, mas isso não pode ser uma desculpa. Temos que trabalhar  para tornar esse mercado mais inclusivo, e a equidade de pagamento é um ponto de partida importantíssimo para isso acontecer”, finaliza Rafa Lotto.