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Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 13:52
- Atualizado há 2 anos
A escassez de dinheiro vivo na Venezuela há meses deixou os bancos do país com poucas cédulas para os clientes e, inclusive, interrompeu totalmente o fluxo em algumas agências que já não contam com notas de nenhum valor.>
A informação é da Agência EFE, que constatou que em duas agências do estatal Banco da Venezuela situadas no Leste de Caracas foi interrompido o saque de dinheiro por cidadãos devido à falta de cédulas, segundo disseram funcionários destas entidades sem oferecer mais detalhes.>
Além disso, trabalhadores de outros seis bancos dos setores público e privado afirmaram que suas empresas estão limitando a retirada de dinheiro devido à escassez de papel-moeda.>
Um escritório do grupo privado Banesco, por exemplo, libera ao dia um máximo de 20 mil bolívares por cliente (cerca de US$ 6, segundo a taxa referencial oficial), enquanto o estatal Banco do Tesouro disponibiliza um máximo de 50 mil bolívares (US$ 16) a cada cidadão que tenha uma conta de pessoa natural.>
A Superintendência das Instituições do Setor Bancário (Sudeban) ordenou recentemente aos bancos "dispor e manter cédulas de alta denominação" para o pagamento a idosos, pessoas com incapacidade e aposentados, aos quais pediu que seja entregue "o montante exato solicitado por estes".>
No entanto, dois aposentados consultados pela EFE asseguraram que os bancos também limitam a entrega do dinheiro a eles em função da disponibilidade do dia.>
A Sudeban promove ainda uma campanha nas redes sociais contra o "bachaqueo" (contrabando) de notas, depois que o chefe desse organismo, Antonio Morales, denunciou que cerca de 30% da distribuição de cédulas efetuada pelo Banco Central da Venezuela (BCV) é desviado para a fronteira.>
O presidente da comissão de Finanças da Assembleia Nacional (parlamento), o opositor José Guerra, afirmou que em julho o BCV imprimiu "623% mais dinheiro" que durante esse mês do ano passado, um "dinheiro criado do nada para financiar uma PDVSA (empresa estatal de petróleo) literalmente quebrada.">
O deputado que alertou em várias ocasiões para aescassez de dinheiro no país, advertiu que a Venezuela está "à beira da hiperinflação" e denunciou que o governo de Nicolás Maduro "culpa outros pela inflação e pela desvalorização do bolívar".>
Em média, um venezuelano pode retirar nos caixas eletrônicos um máximo ao dia de 10 mil a 20 mil bolívares, equivalentes a quantias entre US$ 3 e US$ 6, e a variação dependerá da instituição financeira na qual se tenha a conta, ainda que na atualidade algumas passem horas sem dinheiro disponível.>
Além disso, as plataformas digitais de pagamento apresentam falhas de comunicação em Caracas e, em maior medida, no interior do país, devido à "saturação" do sistema, entre outras razões esgrimidas pelos comerciantes.>
A Venezuela já registrou pelo menos duas crises pela falta de dinheiro nos últimos meses, sendo a mais grave a que ocorreu em meados de dezembro do ano passado, depois que Maduro mandou tirar de circulação a cédula de 100 bolívares, a maior denominação monetária do país.>
Essa decisão gerou distúrbios principalmente no Sul do país, que terminaram com três mortos, dezenas de estabelecimentos saqueados e a decisão do Executivo de postergar em várias ocasiões a vigência dessa nota, que segue circulando junto a cédulas de maior denominação, incorporadas com atrasos no sistema financeiro.>
A inflação acumulada na Venezuela até julho deste ano alcançou 249%, segundo dados do Parlamento, controlado pela oposição, que durante todo 2017 tem se encarregado de informar sobre este dado na ausência da informação do BCV.>
O órgão emissor manteve silêncio sobre este indicador desde que informou que fechou 2015 em 180,9%. Por sua parte, o Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que a inflação seguirá descontrolada e indica que se situará em 720% neste ano e que alcançará 2.000% em 2018.>