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Neoenergia aposta na economia verde e investe R$ 55 milhões na recuperação da Mata Atlântica

Ação vai reflorestar 1,2 mil hectares na Bahia, aliando preservação ambiental e geração de valor sustentável

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 1 de julho de 2025 às 05:00

Vista aérea de um dos viveiros, de onde serão retiradas as mudas que serão utilizadas no projeto Muçununga Crédito: Divulgação

Numa iniciativa pioneira entre empresas do setor elétrico no Brasil, a Carbon2Nature Brasil, joint venture da Neoenergia com a Carbon2Nature, da Iberdrola, para o desenvolvimento de soluções baseadas na natureza, acaba de se unir à Biomas como codesenvolvedora do Projeto Muçununga, de restauração de cerca de 1,2 mil de hectares de Mata Atlântica em áreas da Veracel Celulose espalhados por oito municípios do sul da Bahia.

O projeto terá investimento da ordem de R$ 55 milhões, sendo 50% da Carbon2Nature Brasil, na qual a Neoenergia detém 49%, de modo que a sua contribuição será de R$ 13,7 milhões. O acordo entre duas empresas líderes em seus respectivos segmentos – energia e restauração ecológica – ocorre no momento em que o país se prepara para realizar a COP 30, e representa uma importante sinalização dos investidores em relação ao potencial de desenvolvimento desse mercado, que poderá ser uma alavanca para o crescimento econômico do país.

A área a ser reflorestada pelas empresas equivale a cerca de 1,2 mil campos de futebol. Nos próximos dois anos, Biomas e Carbon2Nature Brasil farão o plantio de quase 2 milhões de mudas de mais de 70 espécies nativas como araçá, copaíba, guapuruvu, ipê-amarelo e jatobá. A grande variedade garante a recuperação de corredores ecológicos, beneficiando o ecossistema natural e gerando mais valor ao projeto.

Segundo levantamento da MSCI Carbon Markets, globalmente, apenas 1% dos projetos de recuperação de florestas nativas para carbono usa mais de 10 espécies. O Projeto Muçununga inclui a restauração de floresta nativa nos municípios de Belmonte, Eunápolis, Guaratinga, Itagimirim, Itapebi, Mascote, Potiraguá e Santa Luzia.

Além de restaurar o ecossistema e recuperar a biodiversidade, o projeto apoiará o desenvolvimento socioeconômico local, estimulando novas oportunidades para a geração de renda. Cerca de 80 empregos diretos deverão ser criados na região para a implementação da iniciativa.

Crédito de carbono

Como as florestas removem volumes significativos de CO2 da atmosfera, o modelo de negócio do projeto prevê que a restauração seja financiada pelos créditos de carbono que serão gerados nas áreas recuperadas. A expectativa é que o Projeto Muçununga gere aproximadamente 525 mil créditos de carbono em 40 anos. Cada crédito de carbono representa uma tonelada de CO2 que foi removida da atmosfera.

“A nova parceria entre a Carbon2Nature Brasil e a Biomas celebra o encontro de duas empresas complementares com foco em duas agendas importantes da sociedade: a sustentabilidade e o desenvolvimento social”, destaca Eduardo Capelastegui, CEO da Neoenergia. “O projeto reafirma o nosso compromisso em ampliar os benefícios ambientais e a qualidade de vida especialmente em regiões em que estamos presentes, como o estado da Bahia - onde temos operação de distribuição, geração e transmissão”, afirma.

Capelastegui explica que a Carbon2Nature Brasil está alinhada à estratégia de descarbonização da Neoenergia, em projetos visam gerar créditos de carbono de alta integridade, com potencial de capturar mais de 10 milhões de toneladas de CO₂ nos próximos anos. “A Neoenergia acredita que as soluções baseadas na natureza, como créditos de carbono, devem estar atreladas à sua estratégia e entende que são também fundamentais para apoiar clientes e parceiros na jornada rumo ao net zero, ampliando o portfólio de soluções climáticas da companhia”, avalia, destacando a proximidade do anúncio com a COP30.

Segundo o CEO da Neoenergia, o grupo tem interesse em ampliar a ações para outros biomas brasileiros e já trabalha, por exemplo na viabilidade de um projeto de blue carbon e no restauro de áreas onde estão instaladas nossas usinas de geração renovável de energia.

Criada em julho do ano passado para desenvolver projetos de soluções baseadas na natureza para geração de créditos de carbono, a Carbon2Nature Brasil estima capturar nos próximos anos mais de 10 milhões de toneladas de CO2. Desenvolvedora do Projeto Muçununga, a Biomas é uma empresa de regeneração de ecossistemas criada no fim de 2022 e que tem como acionistas Itaú, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale.

“A entrada da Carbon2Nature Brasil no Projeto Muçununga reforça a integridade e a qualidade técnica da iniciativa. Trata-se de um parceiro qualificado, com profundo entendimento do setor, que reconhece na restauração ecológica um caminho concreto para geração de valor ambiental e social”, afirma Fabio Sakamoto, CEO da Biomas.

O Projeto Muçununga está localizado no corredor central da Mata Atlântica, uma das regiões com maior biodiversidade do planeta. Com apenas 26,2% da vegetação original nativa, segundo levantamento do MapBiomas, a Mata Atlântica é o bioma brasileiro que mais sofreu transformações nos últimos séculos.

Marcelo Pereira, diretor de restauração e projetos de Carbono da Biomas, acredita que os principais desafios para o reflorestamento da Mata Atlântica na Bahia estão ligados ao longo período de ocupação e uso a que essas regiões foram submetidas – algumas delas por mais de 40 anos. “Isso compromete significativamente a resiliência ecológica e exige intervenções mais intensivas e planejadas para restaurar a fertilidade do solo, recuperar a biodiversidade e restabelecer os ciclos naturais”, explica.

Além disso, as áreas estão inseridas em uma paisagem altamente fragmentada, com poucos remanescentes florestais no entorno, o que dificulta processos naturais de regeneração. “A restauração precisa ser ativa e estruturada, criando condições para que o ecossistema retome sua trajetória ecológica de forma sustentável”, diz.

“Na Biomas, acreditamos que restaurar uma floresta vai muito além do plantio de árvores. Nosso diferencial está em conduzir projetos com uma visão sistêmica e integrada, voltada para a geração de créditos de carbono de alta integridade, ou seja, com benefícios comprováveis em biodiversidade, clima e desenvolvimento social”, afirma.

O conceito de restauração ecológica, utilizado pela Biomas, passa por fazer de áreas degradadas, como pastagens de baixa produtividade, florestas novamente, diz Pereira. “Do ponto de vista de mercado, essa complexidade se reflete em maior valor agregado. Projetos de restauração ecológica geram créditos de carbono com alta integridade”, destaca.