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Ricardo Alban: ‘Brasil tornou-se pesado, complexo e incompatível com sua realidade’

Presidente da CNI critica aumento de déficit primário, que passou dos R$ 21 bilhões em novembro

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Foto do(a) author(a) Estadão
  • Donaldson Gomes

  • Estadão

Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 05:00

Ricardo Alban, presidente da CNI, avisa que indústria cobrará soluções em 2026 Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O empresário baiano Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), criticou o crescimento dos gastos públicos, a carga tributária elevada e o populismo político no Brasil. Para ele, os governantes brasileiros ignoram o cenário de baixa produtividade na economia nacional quando cogitam medidas que podem impactar negativamente no cenário de produtividade no país. Alban divulgou os comentários em um vídeo com a sua mensagem de final de ano.

Para o empresário baiano, o país precisa enfrentar com urgência o seu déficit fiscal. Nesta segunda-feira (dia 29), o Tesouro Nacional informou que as contas do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) tiveram um déficit primário de R$ 20,172 bilhões em novembro. Em outubro, houve superávit de R$ 36,527 bilhões. As projeções do mercado indicavam um resultado negativo, entre R$ 35,90 bilhões e R$ 14,075 bilhões.

“O Estado brasileiro tornou-se pesado, complexo e incompatível com o tamanho da realidade nacional”, enfatiza Ricardo Alban. Para ele, o Brasil já perdeu muitas oportunidades no decorrer da sua história com a ideia de ser o país do amanhã. A poucos dias do início do ano eleitoral, o empresário critica a lógica de polarização política e defende que o interesse maior se sobreponha às ideologias políticas.

“Nós somos um país heterogêneo, nós somos um país com diferenças sociais marcantes, com diferenças regionais relevantes, só vamos construir algo entendendo isso e tratando de forma harmônica”, acredita.

Para Alban, a conta da elevada carga tributária, do desequilíbrio fiscal e do déficit nas contas previdenciárias vão afetar toda a sociedade. “Quem vai pagar a conta? Amigos, não é empresa, não é o setor produtivo”, diz. “É a população, o consumidor quem sempre paga a conta”, pondera. “A sociedade vai pagar essa conta no final. Não sabemos o que vai ser da previdência no futuro. Sabemos que o SUS, um programa de sucesso que já está em risco num futuro próximo. Como é que nós estamos honerando mais ainda esse Brasil?”, questiona.

Em relação às discussões sobre mudança na jornada de trabalho, o empresário afirma que sempre foi favorável ao formato que garante dois dias de folga a cada cinco trabalhados, apesar de questionar a viabilidade da implantação da medida.

“O Brasil pode, nesse momento, fazer isso? Claro que não, nós estamos falando de cenário de pleno emprego, de uma produtividade ridícula”, ressalta, complementando ainda que o país está muito abaixo da competitividade média no cenário internacional. “Estamos falando de um custo Brasil que é absurdo”, destaca, citando os custos com juros e energia.

“Nós produzimos a energia mais barata do mundo e temos o custo mais elevado. Como é que nós podemos competir?”, questiona. Para Alban, antes de falar em mudanças na escala de trabalho, é preciso enfrentar essas questões.

“Nós temos que enfrentar seriamente o problema fiscal, seriamente a estrutura política desse país, cada vez mais complexa, cada vez mais pesada. O estado brasileiro não é compatível com o tamanho da nossa realidade. Isso é definitivo. Qualquer um, qualquer que seja ideologia, tem plena consciência disso”, afirma. “Tenho certeza de uma coisa, o setor produtivo, a indústria brasileira não deixará de se posicionar ao longo desse ano de 2026”, avisa.

Déficit crescente

O déficit primário do mês passado foi maior do que o registrado em novembro de 2024, quando as contas do governo central ficaram negativas em R$ 4,503 bilhões. É o maior rombo para o mês desde 2023, quando o saldo foi negativo em R$ 41,707 bilhões, em números corrigidos pela inflação.

As despesas do governo central cresceram 4,0% em novembro, na comparação com o mesmo mês de 2024, já contabilizando a inflação do período. As receitas totais tiveram queda real de 2,6%, na mesma base de comparação.

O governo central tem déficit primário de R$ 83,823 bilhões no acumulado de janeiro a novembro de 2025. No mesmo período de 2024, o resultado era negativo em R$ 67,030 bilhões, sem correção pelo IPCA. As despesas têm alta real de 3,4% na soma do ano, enquanto as receitas totais sobem 3,3% acima da inflação.

No acumulado de 12 meses até novembro, o déficit primário do governo central soma R$ 57,4 bilhões, o equivalente a 0,47% do Produto Interno Bruto (PIB). As despesas obrigatórias somam 17,24% do PIB, e as discricionárias, 1,58%.

A meta fiscal de 2025 é de déficit zero, com tolerância de 0,25% do PIB para mais ou para menos.

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta segunda-feira (dia 29), que a alta do déficit registrado em novembro de 2025 foi motivada pelo menor nível de receitas não administradas. Ele mencionou o menor nível de pagamento de dividendos em relação a novembro de 2024, além de queda na receita de concessões.

No ano passado houve entrada de recursos via concessão da Copel, por exemplo, o que ajudou no resultado primário. Apesar disso, Ceron avaliou que há continuidade na trajetória de “bom crescimento” das receitas no acumulado do ano.