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Água do ar? Saiba como funciona a tecnologia que pode revolucionar o acesso à água no mundo

Tecnologia pode ser aliada em regiões áridas, mas enfrenta desafios de custo e escala

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 11 de setembro de 2025 às 14:30

A máquina funciona somente com o calor do sol como fonte de energia
A máquina funciona somente com o calor do sol como fonte de energia Crédito: Cortesia dos pesquisadores/MIT

Um grupo de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) apresentou uma inovação que parece ter saído diretamente de um filme de ficção científica: um painel capaz de transformar a umidade do ar em água potável.

Testado no Vale da Morte, na Califórnia, um dos lugares mais secos e quentes do planeta, o dispositivo funciona apenas com energia solar e pode representar uma alternativa em tempos de crise hídrica.

WEPTOS A/S, startup que atua no segmento de energias alternativas usando ondas do oceano por Reprodução/YouTube

Apesar do avanço tecnológico, a novidade gerou discussões sobre viabilidade e custos de produção. Enquanto parte da comunidade científica comemora a descoberta, outros especialistas a enxergam como uma solução limitada.

Como funciona o dispositivo

O painel é formado por uma estrutura semelhante a uma janela, composta por um hidrogel absorvente combinado com sal e protegido por vidro.

Esse material atua como uma esponja, mas em vez de líquidos, captura o vapor da atmosfera. Depois, essa umidade se transforma em gotículas que se acumulam no vidro do painel e descem por pequenos tubos até o reservatório.

Todo o processo acontece sem a necessidade de energia elétrica, usando apenas a luz solar como fonte.

Esse funcionamento simples e autossustentável torna a tecnologia promissora para áreas remotas e comunidades que não têm infraestrutura básica de distribuição de água.

Um possível aliado contra a escassez de água

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada quatro pessoas no planeta ainda não tem acesso a água potável. A situação tende a se agravar devido às mudanças climáticas e à redução das reservas naturais.

Paul Westerhoff, professor da Universidade Estadual do Arizona, explicou à CNN que “os hidrogéis podem inchar até dez vezes seu volume apenas extraindo umidade do ar, e funcionam até mesmo em ambientes muito secos”. Porém, o custo ainda é um obstáculo. Segundo ele, a água produzida pelo dispositivo pode custar dez vezes mais que a da torneira.

Mesmo assim, alguns especialistas acreditam que soluções como essa podem ser valiosas em cenários emergenciais, principalmente em regiões áridas e em crises humanitárias.

Projetos semelhantes em andamento

O uso de hidrogéis na coleta de água atmosférica não é inédito. No Deserto do Atacama, no Chile, um experimento conseguiu extrair 0,1 galão de água por metro quadrado ao dia. Já em Las Vegas, pesquisadores desenvolveram uma membrana inspirada em pererecas capaz de produzir um galão por dia.

Empresas privadas também entraram na disputa. Startups como a israelense H2OLL e a americana AirJoule trabalham em versões próprias de geradores de água atmosférica. O mercado global dessas tecnologias já ultrapassa os US$ 2 bilhões, indicando interesse crescente.

Desafios e limitações

Apesar do entusiasmo, o protótipo do MIT enfrenta restrições importantes. Durante os testes, conseguiu produzir apenas dois terços de uma xícara de água por dia – volume insuficiente para suprir as necessidades básicas de uma família.

Christopher Gasson, editor da consultoria Global Water Intelligence, destaca que “o fato é que estamos [como sociedade] produzindo uma quantidade relativamente pequena de água, e é difícil dizer onde ela se encaixa nas fontes de água existentes”.

Assim, a tecnologia ainda está em fase experimental e pode se restringir a nichos específicos. O futuro vai depender da capacidade de reduzir custos e aumentar a escala de produção.