Com celulares e telas, jovens estão abandonando uma tradição de 5.500 anos

A geração Z tem sido protagonista de uma transformação profunda na forma como se comunica, especialmente no que diz respeito à escrita manual. Segundo levantamento do portal Terra, cerca de 40% desses jovens não são mais fluentes na escrita cursiva, uma habilidade que acompanha a humanidade há mais de cinco milênios e que agora corre o risco de desaparecer.

Esse fenômeno reflete não apenas a evolução tecnológica, mas também uma mudança comportamental, onde o rápido e o prático das telas substituem práticas que exigem mais tempo e paciência, como escrever à mão. Essa mudança, no entanto, traz consigo desafios que vão além da simples forma de comunicação.

Estudos mostram que escrever em cursiva ajuda no desenvolvimento de habilidades cognitivas importantes, como memória, foco e raciocínio lógico. O movimento contínuo da mão, ao formar letras e palavras, ativa regiões do cérebro que não são estimuladas da mesma maneira durante a digitação.

Perder essa habilidade significa também abrir mão de processos mentais que favorecem o aprendizado, a concentração e até mesmo a criatividade, fundamentais tanto na vida acadêmica quanto profissional.

O uso constante de dispositivos digitais desde a infância faz com que a escrita manual, especialmente a cursiva, pareça algo distante e desnecessário para muitos jovens da geração Z. A comunicação rápida e a busca por praticidade acabam deixando essa prática cada vez mais restrita a situações específicas.

Contudo, esse afastamento da escrita manual gera consequências que nem sempre são percebidas de imediato, como a dificuldade em organizar pensamentos, maior distração e menor capacidade de memorizar informações complexas.

O ambiente escolar é, atualmente, o principal campo de batalha nessa luta para preservar a escrita cursiva. Muitos professores relatam que os alunos não só têm dificuldade em escrever, mas também em ler textos manuscritos, o que gera preocupações sobre o impacto disso no desenvolvimento intelectual e cultural.

Diante desse cenário, cresce a busca por metodologias que consigam integrar tecnologia e práticas tradicionais, oferecendo aos estudantes uma formação mais completa, capaz de prepará-los para os desafios do presente sem perder os valores do passado.

Ao abandonar a escrita cursiva, a geração Z corre o risco de se desconectar de uma parte fundamental de sua própria história. Documentos antigos, cartas de família e registros históricos tornam-se praticamente indecifráveis para quem não domina essa forma de escrita.

Mais do que um simples traçado no papel, a escrita cursiva carrega consigo a memória de civilizações inteiras. Preservá-la é garantir que, mesmo em meio às inovações digitais, aspectos essenciais da cultura, da comunicação e do desenvolvimento humano continuem vivos.