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Com mandíbulas de foice, formiga pré-histórica é encontrada no Brasil

Fóssil revela detalhes únicos de uma formiga extinta há mais de 100 milhões de anos

  • Foto do(a) author(a) Agência Correio
  • Agência Correio

Publicado em 23 de julho de 2025 às 07:33

Mandíbulas articuladas para cima e ferrão evidenciam comportamento predador da espécie
Mandíbulas articuladas para cima e ferrão evidenciam comportamento predador da espécie Crédito: Freepik

Você já imaginou que a origem das formigas pode ter começado bem aqui, no Brasil? Um novo fóssil encontrado no Nordeste está ajudando os cientistas a recontar essa história de forma surpreendente.

Tudo isso com um toque de mistério que envolve mandíbulas em formato de foice, técnicas de caça agressivas e uma linhagem extinta que viveu há mais de 100 milhões de anos.

A descoberta foi feita na chamada Formação Crato, uma área rica em fósseis situada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Ali, pesquisadores encontraram uma espécie de formiga-infernal que viveu há cerca de 113 milhões de anos, o que a torna a mais antiga já identificada no planeta.

Uma predadora do Cretáceo

Batizada de Vulcanidris cratensis, a espécie pertence a um grupo extinto de formigas conhecido por características físicas bem diferentes das atuais. Em vez de mandíbulas que se movem de forma lateral, como nas formigas modernas, esse inseto pré-histórico tinha mandíbulas que se fechavam de cima para baixo, como lâminas articuladas.

Também foram identificadas estruturas semelhantes a ferrões e adaptações na cabeça que indicam comportamento predador. Por causa dessas particularidades, esse grupo foi apelidado de “formigas-infernais”, até então conhecidas apenas por fósseis encontrados no hemisfério Norte.

A presença desse exemplar no Brasil indica que essas criaturas tinham uma distribuição geográfica muito mais ampla do que se imaginava.

Uma janela rara para o passado

Outro aspecto que chama atenção é o tipo de preservação do fóssil. Enquanto outras formigas-infernais foram encontradas em âmbar, a Vulcanidris cratensis foi preservada em rocha calcária, um tipo de conservação considerada mais rara e difícil de encontrar em boas condições.

Para analisar o fóssil com precisão, os cientistas recorreram à microtomografia, uma tecnologia que permite criar imagens em 3D da estrutura interna sem danificar o material. A técnica revelou detalhes anatômicos fundamentais, como antenas, mandíbulas e até o sistema muscular.

Vespa por Shutterstock

Esses dados foram essenciais para confirmar que o fóssil pertencia de fato à subfamília das formigas-infernais — e, mais importante, que era a mais antiga já registrada.

O Brasil no centro da história evolutiva

Além de fornecer uma nova peça para o quebra-cabeça da evolução das formigas, a descoberta reforça a hipótese de que esses insetos surgiram no antigo supercontinente Gondwana, que incluía América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártida.

O achado também destaca o papel do território brasileiro na preservação de fósseis raros e valiosos, ajudando a explicar como se deu a origem e a dispersão de um dos grupos de insetos mais bem-sucedidos do planeta.

O estudo foi publicado na revista Current Biology e contou com a colaboração de cientistas brasileiros e franceses. O nome da nova espécie — Vulcanidris cratensis — homenageia Vulcano, deus romano do fogo, e o local onde foi encontrada, a Formação Crato.