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Agência Correio
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 17:59
Pode parecer inofensivo segurar um espirro, um pum ou até a vontade de fazer xixi, mas essa prática esconde riscos sérios. Otorrinos, urologistas e cirurgiões explicam o que realmente pode acontecer. >
Quando o corpo pede para eliminar algo, não é por acaso. Interromper reflexos naturais aumenta pressões internas e pode prejudicar órgãos, músculos e vasos sanguíneos, revelam especialistas.>
O que parece apenas um gesto de educação pode trazer consequências graves, de dores momentâneas até complicações que exigem internação hospitalar.>
Pode prender o espirro, o pum, o xixi?
Um espirro pode alcançar 160 km/h. Ao tentar segurá-lo, o ar aprisionado percorre os seios da face, tuba auditiva e pulmões, explica Fernanda Wiltgen Machado, otorrinolaringologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, em entrevista ao UOL.>
Ela alerta que a prática pode causar sangramentos, tontura, perfuração do tímpano e até dor no peito. Em 2018, o British Medical Journal relatou o caso de um homem em Leicester que rompeu a traqueia após segurar um espirro.>
A tosse também não deve ser contida. “Segurá-la impede a eliminação de muco e agentes irritantes”, diz Machado. O excesso de força, por outro lado, pode provocar pequenas hemorragias oculares, fraturas de costelas e até colapso parcial dos pulmões.>
“Prender o vômito pode levar ao engasgo e até à pneumonia química”, afirma Vanessa Prado, cirurgiã do Centro de Especialidades do Aparelho Digestivo do Hospital Nove de Julho e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Aparelho Digestivo, ao UOL.>
Ela acrescenta que forçar o vômito pode causar a Síndrome de Mallory-Weiss, quando ocorrem lacerações nas paredes do esôfago, acompanhadas de sangramento. No caso do arroto, reter o gás é incômodo e forçar sua saída pode agravar refluxo.>
Já prender a respiração pode ser ainda mais arriscado. “A prática pode perfurar o tímpano e, em casos repetidos, gerar perda auditiva”, explica Andy Vicente, otorrinolaringologista do Hospital Cema, em São Paulo. Além disso, aumenta o risco de desmaios, infarto e AVC.>
“Forçar o abdome para evacuar ou segurar gases pode aumentar a pressão nas veias do plexo hemorroidário e provocar hemorroidas”, afirma Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra dos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein, ao UOL.>
No caso da urina, o alerta é de Alex Meller, urologista da Unifesp e do Hospital Israelita Albert Einstein. “A bexiga dos homens tem capacidade maior, devendo ser esvaziada a cada 4 ou 5 horas. Nas mulheres, o ideal é não ultrapassar 3 horas.”>
Segundo ele, reter o xixi pode causar cálculos e infecções urinárias, mais comuns em mulheres devido à proximidade da uretra com a vagina e o ânus. Em gestantes, o risco é ainda maior e pode até levar ao parto prematuro.>