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Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 12:46
- Atualizado há 2 anos
O cantor Caetano Veloso, 79 anos, disse em entrevista ao Roda Viva na segunda-feira (20) que não vê problemas em usar o termo "mulato", que é criticado por ativistas raciais. >
"A primeira palavra que aparece no meu disco sobre isso é mulato. Até dediquei essa música ao Jorge Mautner, eterno defensor da miscigenação brasileira. Ela virou um mito de beleza brasileira, que atrapalha certas coisas, certas estatísticas que precisam ser enfrentadas e atos do cotidiano", disse o baiano. "Tem muita gente que decide modificar a terminologia, o que pode ou não usar", acrescentou. >
Ele continuou, dizendo que mantém algumas discordâncias em relação a esse movimento. "Eu não sou obrigado a concordar com tudo, acho que esse movimento (revisionista) é uma movimentação muito útil se o Brasil souber aproveitar e não se deixar dominar por isso".>
Caetano falou então especificamente do "mulato". "Não vejo qual o problema de mulato, meu pai era mulato, a pessoa que eu mais adorava e respeitava. Tem gente que dizia que é tirado de mula? Qual o problema, não tenho nada contra as mulas, mas nem acho que venha de mulas", acrescentou. >
Depois, ele disse ainda que o Brasil precisava ter "coragem de superar" a "experiência colonial".>
"Eu aprendi muito ao longo dos anos, sobretudo com o movimento relativo a raça, por causa de eu achar que a gente não pode se satisfazer com o que o Brasil chegou a fazer no trato da questão, que é uma questão colonial. As Américas todas foram colonizadas por europeus, pra onde foram trazidos negros escravizados, cujas sociedades nativas foram dizimadas e oprimidas. Acho que essa experiência colonial, a gente tem que ter coragem de superar", disse.>