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Gabriel Moura
Publicado em 20 de setembro de 2021 às 08:39
- Atualizado há 2 anos
Uma das bocas do vulcão Cumbre Vieja entrou em erupção na manhã deste domingo (19) nas Ilhas Canárias, arquipélogo pertencente à Espanha que está localizado na costa oeste da África. Desde a última quarta-feira (15) este vulcão tem sido observado por especialistas, pois, caso a erupção seja forte o bastante, um tsunami capaz de atingir toda a costa do Atlântico seria formado.>
Em nota, tanto a Sociedade Brasileira de Geologia quanto um grupo de estudo formado por universidades baianas, como a Ufba e Uefs, avaliam que a chance da onda gigante se formar e atingir a costa brasileira é remota, porém real e digna de atenção. Esta explicação foi adiantada pelo oceanógrafo Carlos Teixeira, da Universidade Federal do Ceará, em entrevista ao CORREIO na última quinta-feira (16).>
Veja tudo o que se sabe até agora sobre a erupção do vulcão.>
A erupção do Cumbre Vieja pode provocar um tsunami no Brasil? Sim, mas as chances disso são remotas. Para que o tsunami ocorra, é preciso que a erupção seja "forte e explosiva" para fazer com que parte da ilha de La Palma, onde está o Cumbre Vieja, ceda. Seria o eventual afundamento da ilha que causaria a onda gigante.>
No entanto, a erupção ainda é considerada fraca e o risco da ilha ceder não existe. De qualquer modo, o local já está sendo evacuado pelas autoridades das Ilhas Canárias. Além disso, diversas casas nas proximidades do vulcão foram destruídas por conta da lava.>
Quais regiões do Brasil seriam mais atingidas por um eventual tsunami? Em entrevista ao CORREIO, o oceanógrafo Carlos Teixeira explica que as regiões mais afetadas seriam as regiões Norte e Nordeste, principalmente cidades como Belém, São Luís, Fortaleza e Recife. No caso de Salvador, as ondas poderiam chegar por aqui com até cinco metros numa estimativa mais pessimista. >
Um vídeo mostra uma simulação de como as ondas atingiram o Brasil. Veja:>
Quais estragos um tsunami poderia causar em Salvador? Aqui vale uma explicação mais técnica. Uma onda de cinco metros é diferente de um tsunami da mesma altura. Isso porque os fenômenos são diferentes.>
No caso do tsunami, o que se destaca não é o tamanho, mas sim a força, velocidade e comprimento. No caso de ondas normais, elas geralmente percorrem uma distância de 200 metros até se desfazerem, tsunamis podem percorrer quilômetros tranquilamente.>
Por conta disso, ondas de mais de dez metros, observadas em alguns lugares, não causam estragos, enquanto um tsunami de meio metro seria capaz de causar sérios prejuízos e até mortes na orla de Salvador.>
Saiba mais: Em Salvador, ondas gigantes alagaram Cidade Baixa após terremoto de Lisboa, em 1755>
Em quanto tempo o tsunami chegaria ao Brasil? Estimativas apontam que a onda andaria a uma velocidade de cerca de 800km/h. Com isso, ela chegaria às cidades mais ao norte, como Fortaleza, em cerca de cinco horas, enquanto Salvador seria atingida após seis horas.>
Para efeito de comparação, Salvador foi atingida por um tsunami em 1755 após um forte terremoto ocorrido em Portugal. Na ocasião, as ondas viajaram de Lisboa a Salvador em nove horas. Esse é quase o mesmo tempo que dura uma viagem de avião entre as duas cidades.>
Quais estragos um tsunami provocaria em Salvador? Esta resposta é mais difícil de dar pois depende do tamanho e intensidade da onda. Mas é certo dizer que as regiões da orla de Salvador, principalmente na Cidade Baixa, seriam as mais atingidas. >
Carros e motos seriam facilmente carregados pelas águas, e até casas e prédios poderiam desabar a depender da força da onda.>
No entanto, dificilmente toda a cidade de Salvador seria atingida. As regiões mais altas da cidade, como Brotas, Valéria, Federação e Itaigara dificilmente seriam alcançadas pelas águas.>
Um exemplo: se a eventual onda tiver cinco metros, as regiões que estão a menos de cinco metros do nível da água seriam atingidas, provavelmente. Por isso o risco principalmente para a região da Cidade Baixa.>
Quais precauções devo tomar? Por enquanto, de acordo com os especialistas, não há motivo para medo. A possibilidade de um tsunami, como dito anteriormente, segue sendo extremamente remota. >
E, mesmo que ocorra a onda gigante, a população teria até seis horas para abandonar suas casas e ir até um lugar seguro.>