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Agência Correio
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 19:37
Em um mundo que consome bilhões de quilos de café por ano, uma nova pesquisa australiana pode transformar o resíduo da bebida em um material revolucionário para a construção civil, o concreto de borra de café. O novo produto demonstrou ser até 30% mais resistente que o comum. >
Café
A descoberta traz uma nova perspectiva para o gerenciamento de resíduos e para a indústria de construção. Atualmente, a maior parte do material orgânico acaba em aterros, gerando desperdício e um significativo impacto ambiental.>
O problema do descarte inadequado da borra de café é sério, pois a sua decomposição libera gases de efeito estufa, como o metano e o dióxido de carbono. Tais gases são grandes responsáveis pelo avanço das mudanças climáticas, que afetam todo o planeta.>
O volume de borra de café descartada cresce a cada ano, acompanhando o aumento do consumo global. Enquanto isso, a produção de concreto, que é essencial para o crescimento da construção civil, continua a depender da areia e de outros recursos naturais, causando forte pressão sobre o meio ambiente.>
A extração de areia de rios e margens, por exemplo, gera um impacto profundo nos ecossistemas, causando erosão e esgotamento de recursos naturais que demoram a se renovar. A nova técnica, portanto, ataca dois problemas ao mesmo tempo, combatendo o desperdício de um recurso e a extração predatória de outro.>
Para transformar a borra de café em um material útil, os cientistas não puderam simplesmente adicioná-la ao concreto. As substâncias presentes no resíduo enfraqueciam o material. A solução, então, foi usar um processo de pirólise, aquecendo o pó de café a 350 °C em um ambiente sem oxigênio.>
Esse tratamento térmico converte o resíduo em um carvão leve, poroso e rico em carbono, conhecido como biochar. Ao ser adicionado ao cimento, o biochar se mistura de maneira eficiente e reforça a estrutura do concreto, tornando-o mais resistente. Os testes mostraram que o material é até 30% mais forte do que as versões anteriores.>
Os pesquisadores afirmam que ainda precisam realizar testes de longo prazo para verificar a durabilidade do novo material. Eles planejam avaliar como o concreto reage a condições como congelamento, descongelamento, abrasões e absorção de água, para garantir sua viabilidade em construções.>
Paralelamente, a equipe busca aplicar a mesma técnica de pirólise a outros tipos de resíduos orgânicos, como restos de alimentos, madeira e materiais agrícolas, para criar alternativas ainda mais sustentáveis. A pesquisadora Shannon Kilmartin-Lynch destacou que o objetivo não é apenas criar um concreto mais forte, mas também promover uma economia circular em que os resíduos deixam de ser um problema e se tornam parte da solução.>