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A história do cinema está na Estação Pirajá

Cineasta Roque Araújo leva exposição a estação de metrô, com câmeras, projetores e cadeira usada por um diretor baiano no set de filmagens

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 20:33

Roque Araújo, dono do acervo
Roque Araújo, dono do acervo Crédito: Marina Silva/CORREIO

Em 1973, o cineasta Roque Araújo estava em seu estúdio, no Largo do Cruzeiro de São Francisco, em Salvador, quando um amigo lhe vendeu um projetor que havia sido fabricado em 1944. Décadas depois, Roque consultou a fabricante do equipamento para ter certeza de qual seria o ano de fabricação. Para sua surpresa, foi informado de que o projetor era ainda mais velho, de 1910. “Descobri também que só haviam fabricado dez como aquele e que só existiam dois no Brasil. E um deles estava comigo! Foi aí que decidi fazer um museu do cinema”, lembra-se o cineasta.

Agora, 52 anos depois de adquirir aquele projetor, Roque garante ter mais de 10,8 mil itens em seu acervo, composto pelas mais diversas peças: câmeras, refletores, projetores e até cadeiras onde diretores sentavam durante as filmagens. Uma dessas cadeiras, usada por Oscar Santana nos sets de O Caipora (1964), está na exposição que Roque montou na Estação Pirajá de metrô e que o público pode visitar gratuitamente até o próximo dia 30.

Composta por cerca de 30 itens, a mostra não tem sequer 1% do acervo de Roque, que hoje está espalhado em diversos locais, incluindo um museu em Cachoeira, com 1,9 mil peças e outro em Porto Seguro, com 1,3 mil peças. Na sede da Dimas (Diretoria do Audiovisual), no Barris, ele guarda outras 3,8 mil peças, além de outras milhares no Rio de Janeiro.

Na Estação Pirajá, está um conjunto de nove refletores que, garante Roque, seria capaz de iluminar toda a praia do Farol da Barra. Tem também diferentes tipos de câmera, incluindo uma de VHS, que usava aquela fita de videocassete que todo mundo tinha em casa nos anos 1990. Mas o tesouro que Roque separou para o público é uma Arriflex 35 mm, que foi usada para filmar o clássico O Pagador de Promessas, em 1962, em Salvador.

Alef Carvalho Dias, estudante, visitou a exposição
Alef Carvalho Dias, estudante, visitou a exposição Crédito: Marina Silva/CORREIO

Os equipamentos chamaram a atenção do estudante Alef Carvalho Dias, de 13 anos, que estava passando pela estação com a mãe e fez questão de parar: “Sou novo, mas gostei muito de conhecer a história do cinema, gosto de conhecer a tecnologia antiga. Nunca tinha visto um refletor desses”.

Apesar da curiosidade, Alef jamais pisou numa sala de cinema: “Quando eu for pela primeira vez, imagino que vou descer aquelas escadas, sentar num banco bem confortável, com um ar condicionado bem gelado e vendo um filme bem legal”, diz, com ar sonhador.

Roque Araújo agora luta por um espaço para montar seu museu de cinema em Salvador. Segundo o cineasta, já há um imóvel disponível no Pelourinho, que aguarda apenas a autorização do Ipac (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia).

Enquanto isso, aos 88 anos de idade e com 68 anos dedicados ao cinema, ele continua na ativa: finalizou o filme Recordar é Viver - que lançou na Sala Walter da Silveira neste ano - e em breve termina uma série sobre o universo das máscaras. Para a produção, passou por países africanos, além de Índia, Itália e México.

Exposição do acervo de Roque Araújo. Estação Pirajá. Até dia 30. Grátis