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Victor Villarpando
Publicado em 8 de maio de 2015 às 06:34
- Atualizado há 2 anos
Qual é a melhor maneira de circular dentro da Europa? Como ir de Lisboa para Madri pagando menos? E o jeito mais confortável? Há meio termo? O velho continente oferece aos viajantes possibilidades com as quais nem sonhamos aqui no Brasil. É o caso de viagens internacionais em trens confortáveis e rápidos, voos realmente a baixo custo (a partir de 15 euros o trecho) e estradas seguríssimas. As escolhas, claro, variam de acordo com o gosto, o bolso e as necessidades de quem embarca. Para efeitos de pesquisa, tomamos como referências Portugal, Espanha, França e Itália, que segundo os especialistas consultados de agências e operadoras, são os mais frequentes destinos de brasileiros na Europa. Confira opções e prepare o embarque.Preços AviãoCompanhias aéreas como Ryan Air e Easy Jet têm tarifas extremamente competitivas e a valores impensáveis, em comparação com o Brasil. Dá para voar um trecho entre países vizinhos por a partir de 15 euros. Mas a média costuma ser entre 20 e 50 euros, o que também não é mau negócio.Os sites CheapOair e Sky Scanner são boas ferramentas de busca para monitorar as opções. Boa parte dos aeroportos que recebem voos dessas empresas fica longe do centro da cidade, então não dá para chegar lá num ônibus comum. Em Londres, por exemplo, o mais barato ticket de trem para o aeroporto de Stansted custa cerca de 10 libras.Trem: As passagens costumam ser um pouco mais caras do que as de avião. Variam bastante, mas costumam ser pelo menos 20% mais salgadas, embora haja exceções pontuais. Em caso de viagens mais longas, em que se deseja parar em várias cidades, a compra de um Eurail Pass pode reduzir bastante os custos. Há passes que contemplam os quatro países por 413 euros. Trens noturnos podem reduzir custos com diárias de hospedagem, mesmo que se opte por pagar a mais para sair da cadeira e dormir numa cama de verdade dentro do próprio trem.Carro: Antes de mais nada, a Permissão Internacional para Dirigir (PID), emitida pelo Detran do estado, não é obrigatório para a Europa, salvo na Áustria, Grécia e Itália. Apenas o aluguel no período escolhido, para pegar o veículo – com capacidade para cinco pessoas - em Lisboa e devolver em Paris, custa pouco mais de 2.200 euros. Nos três países da rota, o preço médio do litro da gasolina é de 1,60 euro. O caminho entre as três capitais soma quase 1.900 quilômetros. Se o veículo tiver rendimento de 12 quilômetros por litro na estrada, serão necessários 159 litros ou 254 euros de combustível.Ônibus: Há passagens a partir de 19 euros no site da Eurolines (Lisboa-Madri). Assim como nos trens, existe a possibilidade de comprar um passe, chamado de Eurolines Pass, que permite viagens ilimitadas entre 53 cidades no período de 15 dias por a partir de 195 euros.TEMPO EM TRÂNSITOAvião: Tem aeronave que chega à velocidade de 800 quilômetros por hora. É o mais rápido meio de transporte. Porém, o tempo até chegar ao aeroporto não deve ser desprezado. Especialmente aqueles que abrigam voos das companhias de baixo custo. Em Barcelona, por exemplo, sair da estação rodoviária do centro da cidade para o aeroporto de Girona, cidade vizinha que recebe aviões baratinhos, demora cerca de uma hora e vinte minutos de ônibus (e custa 15 euros). Se somarmos o tempo de antecedência mínimo recomendado (uma hora) à uma hora e vinte minutos no ar, ao tempo de deslocamento para o aeroporto, sair da capital espanhola para a cidade catalã demora, na verdade, cerca de três horas e meia.Trem: Alguns são bem velozes e atingem até 300 quilômetros por hora. Serão sempre mais lentos que avião e mais rápido que carro e ônibus. As estações costumam ficar no centro da cidade, perto de vários pontos turísticos, como é o caso de Rossio e Santa Apolônia, em Lisboa. Ou de Santa Maria Novella, em Florença (Itália). Mas o melhor é mesmo o tempo de antecedência: bastam 15 minutos para, uma vez na estação, achar seu lugar no trem. Isso, claro, se você comprar a passagem pela internet ou com antecedência. A fila para compra de tickets na hora costumam ser longa em horários de pico.Carro: As estradas costumam ter ótimas condições de tráfego e sinalização. Os limites de velocidade variam entre os países. Nas autopistas de Portugal e Espanha, por exemplo, os veículos só podem correr até 120 km/h. Apesar de fisicamente desgastante para quem dirige (um rodízio pode aliviar), o automóvel possibilita observar melhor as paisagens e ir parando ao longo do caminho. Pode fazer com que a viagem demora ainda mais, mas costuma revelar belas vistas verdadeiros tesouros gastronômicos.Ônibus: Sem dúvidas a opção mais lenta. Menos veloz que o carro e ainda costuma parar em algumas cidades do caminho, o que deixa a viagem ainda mais demorada.BAGAGEMAvião: Diferente de no Brasil, os limites de bagagem são delimitados pelas próprias companhias. Nas tradicionais é permitido levar uma bagagem de mão mais uma de porão que costuma ter até 23 quilos. Nas empresas de baixo custo, como é o caso da Easy Jet, isso fica restrito a uma malinha com até 10 quilos e dimensões máximas de 50 cm x 40 cm x 20 cm. Caso você compre todos os trechos internos (nada de voos a baixo custo) em um único bilhete aéreo desde o Brasil, permite-se duas malas de 32 quilos cada, e mais a bagagem de mão.Trem: Não há bagageiro e na maioria deles não há limite de número de malas que podem ser levadas no vagão. Há um espaço em cada cabine. Alguns, como o ICE, que circula por França, Alemanha, Áustria e Suiça, determinam duas malas grandes para serem guardadas no bagageiro acima das cadeiras mais uma de mão. A maioria das estações têm bons guarda-volumes mediante custo adicional, o que possibilita um passeio de um dia por uma cidade menor sem precisar carregar malas para cima e para baixo.Carro: O porta-malas é o limite. Para ter uma noção, o de um carro básico brasileiro, como o Ford Ka, o Toyota Etios ou o Renault Clio, fica entre 250 e 265 litros.Ônibus: Varia muito. Na Eurolines, por exemplo, dá para levar, além da bagagem de mão, duas malas com dimensões de 70 cm x 30 cm x 45cm. Na iDBus, só pode uma mala além da de mão.CONFORTOAvião: Todo o planejamento e antecedência necessários para pegar um avião já não são a melhor coisa do mundo. As restrições com o que levar na bagagem também não. Mas nas companhias aéreas de baixo custo ainda há agravantes. A mala só pode ser aquela minúscula de mão. Chegando no avião, duas decepções: o espaço é ainda mais apertado do que nas novas aeronaves da Gol, Tam e Azul (sim, é possível) e a poltrona não reclina nem com reza braba.Trem: É tipo o paraíso do conforto. Não precisa chegar com muita antecedência num lugar distante de tudo e a única restrição à bagagem é caber no espaço destinado a ela dentro do vagão (que costuma ser bem grande). As poltronas são largas, confortáveis e há amplo espaço entre elas. Se forem noturnos, há opções de leito, semileito e quarto com cama de verdade.Carro: Dirigir muito pode ser cansativo. Encher o carro para ter amigos com quem revezar ao volante também soa desconfortável. Mas a liberdade de ir e vir entre as cidades na hora que bem entender, fazendo paradas como quiser, é tentadora. Possibilita também desvios no caminho, para onde parecer mais interessante ou der na telha. Tem coisa mais excitante do que pé na estrada?Ônibus: O espaço nas cadeiras e entre elas não é tão grande como nos trens, especialmente os noturnos. Você se deita na sua, reclina o encosto e dorme. Às vezes um passante mais desastrado se esbarra em quem está no corredor ou uma freada mais brusca faz bater a cabeça de quem está na janela. Mas em geral é bem tranquilo.DICAS-Uma vez dentro da zona de Schengen, na União Europeia, não é necessário passar novamente por departamentos de imigração (os três países mais comuns em viagens de brasileiros, Portugal, Espanha e França fazem parte, além de Itália, Alemanha, Bélgica...)-Trens têm tarifas especiais para passagens e passes comprados em grupos a partir de 4 pessoas-Procure elaborar rotas que façam sentido, ao invés de ziguezaguear pela Europa-Acompanhe de perto os sites das empresas de transporte, pois elas costumam fazer promoções-relâmpago. Um bom agente de viagens pode ajudar bastante, pois além de conhecer as fontes, tem noções de preços e promoções-Navio é a opção mais cara de todas porque não é apenas um meio de transporte, mas o atrativo da viagem em si. Além de possuir as refeições inclusas, já possui a hospedagem e entretenimento a bordo. Conhecer as cidades acaba sendo secundário-Tente programar com alguns meses de antecedência. Isso reflete inclusive em melhores preços-Para novatos ou menos aventureiros, é sugerida a contratação de um circuito rodoviário com agências. Além da praticidade de ter todas as reservas de hotéis e ingressos de passeios agendados e acompanhados por especialistas locais que falam português. Para quem sabe um pouco de inglês ou dos idiomas em questão e curte aventura, o melhor é mesmo se jogar num roteiro personalizado.*Especialistas consultados: Thatiane Lopez, coordenadora Nacional e Internacional da Bahia Travel, Augusto Cezar Guedes, gerente de produtos Europa da Nascimento Turismo e Assessoria de Imprensa da CVC.>