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Márcia Luz
Gabriela Cruz
Publicado em 15 de outubro de 2025 às 07:13
Pela primeira vez a comunidade sul-coreana no Brasil e os admiradores da cultura da Coreia do Sul comemoram o Dia do Hangul, instituído pelo governo de São Paulo em uma cooperação com o Consulado-Geral da República da Coreia.
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O Hangul é o sistema de escrita coreana, criado pelo Rei Sejong, o Grande, no ano de 1443. Antes da criação deste alfabeto, composto por 14 consoantes e 10 vogais, a escrita utilizada era baseada nos ideogramas chineses e somente a elite tinha acesso. >
Com o intuito de facilitar o entendimento ao máximo, o rei desenhou as letras de forma gráfica de modo a imitar os órgãos fonadores da fala - ou seja, a língua, os lábios e os dentes - para pronunciar os sons. As letras geométricas também ganharam desdobramentos, como duplicação e acréscimo de um traço em alguns casos para tornar o aprendizado mais rápido e lógico. O rei chamou o Hangul de “a escrita da manhã”, porque ele acreditava que qualquer um poderia aprender as letras em apenas uma manhã. >
“O alfabeto é uma expressão de amor do rei pelo povo”, ressalta Yun Jung Im, professora doutora da USP, onde atua na área de Língua e Literatura Coreana, com pesquisas sobre cultura e também é tradutora de literatura coreana desde os anos 1990. >
Dia do Hangul
Com a popularização da Hallyu, elementos da cultura sul-coreana conquistaram espaço no nosso dia a dia e com isso tem aumentado o número de pessoas em busca de cursos de coreano. O intuito é aprender a falar e entender os diálogos das séries e filmes, além das letras de músicas cantadas pelos grupos de kpop e, claro, realizar o sonho de visitar a Coreia do Sul e poder se comunicar. >
Para não errar na escolha de um curso, a professora recomenda sempre optar pelos oficiais, como o Centro de Educação Coreana e o Centro Cultural Coreano - mas este só oferece aulas presenciais, com inscrições abertas nos meses de fevereiro, março e agosto. Outra boa opção sãos aulas particulares. >
Além do idioma, as expressões culturais tornaram presentes no nosso cotidiano outros aspectos da cultura e dos costumes coreanos entre nós, porém, com isso vieram as distorções, como a aplicação equivocada de palavras - muitas de origem japonesa - para se referir a elementos coreanos. >
Então, se você aprecia a Coreia do Sul está na hora de saber, por exemplo, que o termo correto ao falar sobre as séries é K-drama e não dorama; o traje tradicional é chamado Hanbok e não deve ser confundido com kimono. Quando se está com fome na Coreia, come-se o ramyon (macarrão instantâneo) - e não lamen japonês - usando o jeotgarak e não hashi. Porém, a diferença não está apenas na nomenclatura, mas principalmente na maneira como tudo é feito. >
Na gastronomia sul-coreana temos o gimbap, que é feito em forma de rolo com alga gim, espinafre, cenoura, ovo, rabanete e outros vegetais, além do arroz feito com óleo de gergelim; enquanto que o sushi japonês tem arroz preparado com vinagre. O formato dos tradicionais talhares jeotgarak é mais achatado e geralmente são de aço inoxidável, já o hashi japonês costuma ser de madeira ou bambu, é mais curto e com as pontas mais finas. >
Para comemorar o Dia do Hangul, em 9 de outubro, e chamar a atenção para a valorização da língua coreana, o Centro Cultural Coreano no Brasil (CCCB) lançou, esta semana, a campanha “Nomear é Respeitar”, com o objetivo de difundir esses termos corretos e conscientizar as pessoas de que isso é um gesto de respeito cultural, que reconhece e valoriza a identidade do país, fortalecendo o intercâmbio cultural. >
“A campanha tem o objetivo de apresentar e estimular o uso de palavras coreanas, não apenas para evitar confusões, mas também como forma de reconhecer e reverenciar a identidade cultural da Coreia. Aproveitamos as comemorações do Dia do Hangul para lançar e chamar atenção para o tema", afirma Cheul Hong Kim, diretor do CCCB. Além de ações nas redes sociais, a campanha conta também com um guia que apresenta os termos mais confundidos acompanhados pela explicação sobre as diferenças. O material está disponível ao público no site da instituição.>
A campanha é apoiada pelo Consulado Geral da República da Coreia em São Paulo, pelo Centro de Educação Coreana em São Paulo (CECSP) e pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.>