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Luiza Gonçalves
Publicado em 29 de maio de 2025 às 05:00
Com a premissa de explorar as complexidades de um relacionamento romântico, violências e rompimentos de ciclos, o curta baiano Fiz as Malas Pra Te Ver Partir narra os caminhos de uma separação. >
No drama dirigido por Felipe Last, Clara (Letícia Chequer) decide terminar com Rubens (Igor Rizzutti) e anuncia a chegada de um novo namorado na mesma noite. A despedida dos dois apresenta os fragmentos dessa história, marcada por situações abusivas, segredos e um amor torto que desafia a moral dos dois.>
Rizzutti, que também assina o roteiro da produção, conta que Fiz as Malas Pra Te Ver Partir nasceu há dois anos a partir de reflexões sobre as narrativas que as pessoas escolhem, para os outros e para si mesmas, em um relacionamento amoroso.>
“Acho que todo mundo já foi vítima e algoz em algum momento em uma relação. O filme fala sobre isso. Essa ambiguidade em cada um. O espectador tenta defender um personagem e acusar outro — mas, assim como a vida, tudo tem profundidade”, explica.>
Em cena, Clara e Rubens ilustram, além do término, um padrão de toxicidade ao se relacionar, comumente presente no cotidiano, defende Rizzutti: “A gente aprendeu a se relacionar de uma forma meio disfuncional, é um sintoma geral. Do namoro ao casamento, do relacionamento fechado ao aberto. Você vai encontrar sujeira e beleza em todos eles. Clara e Rubens são o espelho desses relacionamentos”.>
Para garantir o tom desejado ao curta, o roteirista e ator descreve que um dos pontos centrais foi a química em cena entre ele e a intérprete de Clara, a atriz Letícia Chequer. “Passamos dois dias brigando e se amando na sala de ensaios para conseguir acessar essa fase ruim de um relacionamento”, relembra.>
Atriz e Produtora>
Soteropolitana, Chequer estava residindo em São Paulo quando se deparou com o casting para selecionar a atriz que interpretaria Clara. “Quando vi que a gravação seria realizada em Salvador, não pensei duas vezes em me inscrever. Foi muito fácil trabalhar com Igor, houve uma permissão enorme para a liberdade criativa, tanto que acabei assumindo também o papel de produtora. É muito gostoso quando o parceiro entende que a beleza está na construção coletiva e permite que tudo aconteça de forma orgânica”, descreve a atriz.>
Ao dar vida a Clara, Chequer relata que permitiu-se ser atravessada por experiências humanas universais, como o medo de romper ciclos e a dificuldade de se abrir para o novo. “O processo criativo foi, então, um espaço de escuta e acolhimento dessas emoções, com muito respeito e sensibilidade”, completa. Rejeita rótulos simplistas sobre a protagonista de Fiz as Malas Pra Te Ver Partir e enxerga sua personagem como alguém que habita as zonas cinzentas dos afetos e das escolhas. “Clara é uma pessoa tentando encontrar seu caminho dentro dessa complexidade”, explica.>
As reflexões de Letícia Chequer também se encontram na abordagem de Rizzutti ao construir Rubens. Se Clara não é apenas vítima nem vilã, Rubens também está longe de ser apenas o “hétero tóxico” que se sugere a princípio. “Quis adicionar complexidade, textura, surpresa. No final das contas, Rubens é mais que um arquétipo”, defende o ator.>
Fiz as Malas Pra Te Ver Partir começou sua trajetória pelos cinemas no dia 27 de abril, quando estreou como um dos curtas selecionados para a Mostra Cine Guerrilha, em São Paulo, e segue para exibição em Portugal, na Mostra Internacional de Curtas 2025. >
No dia 3 de julho, o filme estreia em Salvador, no Cine Glauber Rocha, em sessão aberta ao público. Para o elenco, esse retorno carrega um significado especial. “Todas as exibições são incríveis, mas estar em Salvador, exibindo esse trabalho corajoso para nossa família, amigos e conterrâneos não tem preço”, afirma Chequer. Rizzutti complementa: “A expectativa é a melhor de todas. Estou em minha casa agora. Quero que todo mundo chore, ria, se emocione nesse cinema que é um totem para a cultura nacional”.>