'Duna: Parte 2' expande universo com jornada sobre política e religião

Já disponível nos cinemas brasileiros, Duna 2 dá continuidade à jornada de Paul Atreides (Timothée Chalamet) no planeta desértico Arrakis

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  • Alan Pinheiro

Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 06:00

Paul Atreides (Timothée Chalamet) e Feyd-Rautha (Austin Butler) entram em conflito na segunda parte de Duna
Paul Atreides (Timothée Chalamet) e Feyd-Rautha (Austin Butler) entram em conflito na segunda parte de Duna Crédito: Divulgação

Mesmo com todo poder bélico, um exército não pode vencer um povo movido unicamente pela fé em um salvador. E para o povo de Arrakis, foi a partir da fé que a continuação de Duna expandiu o universo para um épico bíblico onde a política e a religião são sinônimos e tudo é maior e melhor.

Já disponível nos cinemas brasileiros, Duna 2 dá continuidade à jornada de Paul Atreides (Timothée Chalamet) no planeta desértico Arrakis. Porém, o objetivo não é mais proteger o novo lar, mas conseguir sobreviver entre os nativos, aprendendo a cultura e os costumes dos Fremen. Isso, sem contar com a ameaça dos Harkonnen, que retomaram o domínio do local e estão caçando os sobreviventes do massacre no primeiro filme.

Na sequência, o diretor Denis Villeneuve, que também assina o roteiro em colaboração com Jon Spaihts, eleva todas as qualidades da parte um, lançada em 2021. Visualmente, o projeto ganha um escopo diferente para a imersão e toda decisão em tela conversa diretamente com o texto, desde planos exibindo a imensidão do deserto até um duelo contra a luz do sol. Mesmo quando a saturação das cores diminui, existe um motivo para respirar e contemplar a tela do cinema.

Outro aspecto fundamental na experiência é o som. A trilha de Hans Zimmer é similar à do primeiro filme e, em diversos momentos, adquire um protagonismo que induz os sentimentos do espectador.

No texto, os diálogos ganham muito mais peso, explicitando as consequências de toda a jornada no comportamento de cada personagem. Mas, enquanto uns conseguem se livrar de fardos, outros precisam carregar mais do que podem aguentar.

O relacionamento entre Paul (Timothée Chalamet) e Chani (Zendaya) é desenvolvido ao longo do filme
O relacionamento entre Paul (Timothée Chalamet) e Chani (Zendaya) é desenvolvido ao longo do filme Crédito: Divulgação

Anteriormente mostrado através de visões ocasionais, o relacionamento entre Paul e Chani (Zendaya) recebe destaque e floresce mesmo entre os grãos de areia no grande deserto. A dinâmica conflituosa entre o nativo e o “ser estrangeiro” se desenvolve para a formação de uma relação pautada na sinceridade e na confiança. No entanto, quando Atreides precisa decidir qual caminho deve seguir, a escolha coloca em xeque toda a construção do casal.

O maior destaque do filme é o desenvolvimento do protagonista. A transformação de Paul Atreides em Lisan Al-Gaib, profeta do povo Fremen, é retratada sob diferentes óticas. Desde os vários nomes que o personagem recebe até o amadurecimento das decisões tomadas pelo último filho da casa Atreides. Do início ao final, Timothée Chalamet ainda entra como parte fundamental nessa equação ao engrandecer o crescimento do personagem com uma forte atuação.

A fé no deserto

O principal tema abordado na produção é o fanatismo religioso. No primeiro longa, o conceito do ser predestinado, chamado por muitos nomes de acordo com diferentes povos, é apresentado. Nesta segunda parte, a relação dos habitantes de Arrakis com a fé na figura do profeta toca assuntos como o fundamentalismo religioso e a crença, ou não, no divino.

Para o povo Fremen, acreditar em Lisan Al-Gaib divide a opinião pública. Enquanto grande parte crê na profecia, outro grupo acha que o responsável por trazer o paraíso para o planeta seja o próprio povo.

Por trás dos panos, quem movimenta toda a história e a política do universo é uma organização formada totalmente por mulheres que preparam a chegada desse ser, as Bene Gesserit. Nesta sequência, é justamente a figura do messias que guia a trama do início ao fim e ela é também a faísca que incita a transformação do personagem principal.

Inclusive, a transformação não afeta somente a Paul Atreides, mas consome os personagens ao redor, gerando novas dinâmicas a figuras já conhecidas. Apesar da expectativa criada em cima de Zendaya, que é dona de uma interpretação sóbria da guerreira Chani, a grande coadjuvante fica por conta de Rebecca Ferguson, cuja personagem, Jessica Atreides, adquire uma nova função na narrativa, tanto política quanto religiosamente.

Em cartaz: Glauber Rocha; UCI (Barra, Paralela e Shopping da Bahia); Cinépolis (Salvador Norte e Parque Shopping Bahia); Cineflix Bela Vista; Cinemark (Salvador Shopping); Saladearte (Ufba)