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Roberto Midlej
Publicado em 19 de setembro de 2024 às 06:00
O Brasil já teve um presidente da República negro, mas poucos sabem quem foi. Um dos mais importantes psiquiatras brasileiros era negro - e baiano -, mas poucos se lembram disso. Uma médica oncologista, pioneira no desenvolvimento da quimioterapia, era afro-americana e seu nome também costuma ser esquecido. >
E é para fazer jus à importância dessas personalidades que a exposição Luzes Negras está em Salvador, no Museu Afro-Brasileiro, aberta a visitação de segunda a sexta-feira. Na mostra, estão textos e fotos sobre 20 pessoas negras que foram essenciais em diversas áreas do conhecimento. >
Mas uma atração extra da exposição é que ela acontece num ambiente completamente escuro e as imagens só podem ser vistas sob efeito de luz negra. Em tempo: as pessoas a quem o primeiro parágrafo deste texto se refere são, respectivamente, Nilo Peçanha, Juliano Moreira e Jane Cooke, todos retratados na mostra.>
O evento, que chega a Salvador através de uma parceria entre a GOMA/EmpregueAfro e o Museu Afro-Brasileiro, é inspirado no livro também chamado Luzes Negras. A publicação traz a mesma particularidade: textos e fotos não são acessíveis a olho nu e só podem ser vistos com auxílio de uma luz negra. >
Um exemplar está disponível na exposição, para que o público possa conhecer. Há também a possibilidade de conhecer o livro no site bradescosegurosluzesnegras.com.br. Nesse caso, o mouse serve como uma “lanterna”, que ilumina o livro e só assim pode ser lido.>
Patricia Santos, CEO e fundadora do GOMA/EmpregueAfro, ressalta a importância do projeto: “Ele tem um valor imenso de resgate da nossa ancestralidade. O Luzes Negras reverencia e honra as contribuições de pessoas negras ao longo da história, que foram ofuscadas ao longo do tempo. O objetivo é, literalmente, jogar luz nesses talentos para que seus legados se mantenham vivos e sejam apresentados, principalmente, para as novas gerações”.>
A atriz e cantora Zezé Motta falou sobre suas impressões que teve ao folhear o livro: “É uma luz capaz de devolver o brilho destas pessoas tão importantes, como Mercedes Baptista, primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, uma mulher preta que veio antes de mim e que pode inspirar muitas outras. Jogando luz sobre o passado, Luzes Negras ilumina o futuro”.>
Além de Juliano Moreira, outros três baianos têm destaque na exposição: Teodoro Sampaio, André Rebouças e Emmanuel Zamor. Teodoro nasceu em Santo Amaro e foi o engenheiro chefe das obras para a navegação do Rio São Francisco, além de deputado federal pela Bahia. Foi Também responsável por parte da cartografia da Chapada Diamantina.>
André Rebouças nasceu em Cachoeira lutou na Guerra do Paraguai e, como engenheiro civil, projetou estradas de ferro. Também usou sua posição para colaborar com a luta abolicionista. E Emmanuel Zamor foi um talentoso pintor nascido na Bahia, radicado na França.>
Serviço>
Exposição Luzes Negras. Visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Museu Afro-Brasileiro de Salvador (Prédio da faculdade de Medicina da Bahia, Largo do Terreiro de Jesus). Grátis>