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Roberto Midlej
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 06:00
Dorama, anime, sushi, mangá... há duas ou três décadas, tudo isso soaria absolutamente estranho e desconhecido para um brasileiro. Mas a cultura japonesa se disseminou e hoje esse vocabulário já não parece exótico como antes. Uma demonstração disso é o Festival de Cultura Japonesa, que vai acontecer desta sexta-feira (5) até domingo (7), no Parque de Exposições e deve receber, no total, segundo os organizadores, cerca de 80 mil pessoas. >
A programação deste ano inclui oficinas culturais, concursos, jogos, apresentações musicais e de danças, artes marciais e workshops. Desta vez, as crianças terão um espaço exclusivo para elas. “No ano passado, fizemos um workshop de culinária para crianças, que foi uma espécie de teste e funcionou muito bem, teve uma demanda bem alta. Na verdade, todo o Festival atrai muito as crianças. Então, decidimos criar o Espaço Infantil Yume, que vai ter diversas atividades, incluindo oficina de pintura e desenho, plantação de hortinha, card games e beyblade [peões japoneses]”, diz Marcelo Naoto, organizador do Festival da Cultura Japonesa de Salvador.>
Originalmente, o Festival em Salvador era chamado Bon Odori, uma tradição japonesa que ocorre entre julho e agosto no país oriental. “O Bon Odori é uma festividade comum no Japão, realizada para celebrar e homenagear os antepassados e existem em vários estados brasileiros. Em Salvador, era chamado de Bon Odori, mas o ampliamos e o transformamos em Festival da Cultura Japonesa”, diz Marcelo Naoto.>
Guilherme Briggs>
Uma das atrações mais esperadas deste ano é o dublador Guilherme Briggs, conhecido por dar voz a personagens como Superman e Buzz Lightyear. Com 34 anos de carreira, Briggs se tornou uma estrela pop principalmente por causa das redes sociais. O dublador estará no palco Haru, no domingo, para falar sobre sua carreira e, certamente, vai atender aos pedidos do público, reproduzindo as vozes dos seus personagens mais populares.>
“Gosto de participar desses eventos porque é a oportunidade que tenho de receber feedback do público, de ver a felicidade deles, de abraçar, de responder a perguntas muitas vezes divertidas e inusitadas”, diz Briggs, que costuma receber presentinhos dos fãs, como desenhos e cartas. >
O dublador acredita que seus personagens mais populares são Buzz e Superman. “O filme da Pixar [Toy Story, com Buzz] é um absurdo! A qualidade do roteiro e dos personagens são incríveis, é emocionante, divertido, empolgante. E a dublagem foi muito feliz, uma adaptação de texto excelente por Garcia Júnior, que era diretor e é supervisor da Disney”, elogia Briggs.>
“E tem também o Superman, que já tem mais de 20 anos que faço. Tudo o que ele representa da bondade, da humildade, da simplicidade... isso é muito importante para todos nós. Um personagem edificante, inspirador, que é uma luz nas trevas”, argumenta Briggs. Quando lhe pedem que aponte um terceiro personagem popular, ele aponta um empate entre Cosmo (de Padrinhos Mágicos), Rei Julian (o lêmure de Madagascar) e Optimus Prime (Transformers).>
Briggs começou a carreira em 1991, no estúdio VTI, no Rio de Janeiro. Chegou ali meio por acaso, porque uma amiga havia escrito uma carta para o jornal O Globo queixando-se da dublagem do filme Jornada nas Estrelas IV. “Aí, o dono da empresa, chamou os fãs da série para uma conversa com ele, para falar sobre a dublagem. Eu fui com essa minha amiga e acabei estagiando lá”, lembra-se Briggs.>
Depois, foi convidado para trabalhar no emblemático estúdio Herbert Richers e a indicação feita por um outro grande dublador, Orlando Drummond, foi importante para a sua contratação. Drummond, que morreu em 2021 aos 101 anos, deu voz a personagens como Scooby Doo, Alf - O ETeimoso e Popeye. Ficou conhecido também por interpretar o Seu Peru, na Escolinha do Professor Raimundo.>
“Drummond fez propaganda de mim e foi responsável por me levar para o Herbert Richers e me apresentar aos diretores de lá. Devo ao Drummond a expansão máxima da minha carreira e por isso até o chamo de padrinho”, diz Briggs em tom de agradecimento.>
Para Briggs, a internet é a principal responsável por dar visibilidade a sua profissão e por transformar os dubladores em estrelas: “Com a internet, as pessoas começaram a conhecer nossos rostos. Na metade dos anos 90 e a partir dos anos 2000, os dubladores começaram a se tornar atrações dos eventos. Além disso, há um componente nostálgico nisso, porque as pessoas ouvem presencialmente a voz de seu personagem favorito e isso dá uma coisa gostosa nelas”, diz Briggs.>
Festival de Cultura Japonesa de Salvador - Bon Odori. Sexta-feira (5) a domingo (7), a partir das 10h. Parque de Exposições de Salvador (Av. Paralela). Ingresso: Sexta-feira: R$ 32 | R$ 16; Sábado e domingo: R$ 40 e R$ 20>