Filme mostra que, para os indígenas, salvar a Terra é uma missão

'Somos Guardiões', na Netflix, mostra a luta de ativistas para preservar a Floresta Amazônica

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  • Roberto Midlej

Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 06:00

A ativista Puyr Tembé em ação na Amazônia
A ativista Puyr Tembé em ação na Amazônia Crédito: divulgação

O som dos pássaros logo no início de Somos Guardiões dá um tom romântico e bucólico ao documentário da Netflix. Mas o bucolismo dura pouco e logo dá lugar à angústia, quando ouvimos uma motosserra em atividade na mão de madeireiros ilegais. Uma árvore - que levou 100 ou 150 anos anos para atingir o tamanho que alcançou - despenca em segundos, enquanto os homens que a derrubaram correm para não serem atingidos pela queda de seu gigantesco caule.

Também angustia ver depoimentos como o de Tadeu Fernandes, que se vê impotente diante de invasores de terras e de madeireiros: ele diz ter realizado cerca de 500 denúncias contra os criminosos nos últimos 20 anos, mas nenhuma delas teve resposta. Tadeu é carioca, proprietário de grande quantidade de terra na Floresta Amazônica, mas se preocupa em preservar os recursos naturais.

Somos Guardiões é o primeiro filme da Netflix dirigido por um indígena, Edivan Guajajara, que divide a direção com os americanos Chelsea Greene e Rob Grobman. O documentário, com produção executiva de Leonardo DiCaprio, mostra indígenas que lutam contra a devastação da Amazônia. Em seus depoimentos, eles parecem acreditar que vieram ao mundo apenas com uma missão: proteger e preservar a natureza. Daí, surgem os “guardiões”, a que o título faz referência.

O filme dá destaque a dois desses guardiões: Marçal Guajajara e Puyr Tembé, que dão depoimentos e mostram sua rotina em defesa do meio ambiente. Por outro lado, vemos também os algozes da natureza, que parecem não revelar nenhum tipo de constrangimento em seus depoimentos. Os madeireiros ilegais aparecem de “cara limpa” e com armas na cintura, provavelmente acreditando na impunidade.

E, para piorar, ainda ouvimos aberrações como “Não acho justo o índio ter tanta terra se não usufrui dela”, como diz um dos madeireiros. Mas, se frases como essa nos tiram a esperança, nos conforta saber que há gente como Marçal, Puyr e Tadeu.

Somos Guardiões, na Netflix

Grátis no streaming

Reformatório Krenak está disponível gratuitamente no Itaú Cultural Play, serviço gratuito de streaming. O curta-metragem revela a experiência desumana a que esta população foi submetida no estabelecimento criado em 1969 na ditadura militar brasileira, que dá nome ao filme.

Pela voz de seus sobreviventes e descendentes, o documentário resgata as ações criminosas que aconteceram neste local, onde eles eram presos, torturados e serviram como mão-de-obra escravizada e violação aos direitos humanos indígenas.

Outro documentário que chega à plataforma é Língua e Território, sobre o povo Maxakali. O filme mostra o uso da língua nativa como instrumento de preservação de cultura e identidade. O idioma representa, para aquele povo, cura e resistência.

Criolo, Liniker e Sandra de Sá regravam Luiz Melodia

Luiz Melodia (1951-2017) lançou seu primeiro álbum, Pérola Negra, aos 22 anos de idade, em 1973. Ali, estavam canções marcantes, como a faixa-título e Vale Quanto Pesa. Para celebrar os 50 anos do álbum, a Universal Music lança o EP Pérolas Negras – Um Tributo a Luiz Melodia, que tem regravações de seis canções do disco e já está nas plataformas de música. Mahmundi, que também é responsável pela direção e produção musical do EP, canta Estácio, Holly Estácio. “Luiz Melodia é uma preciosidade, sinônimo de beleza, riqueza, poder“, diz a artista. A canção que dá nome ao álbum de 1973 ganhou a voz de Criolo, que dá um toque de blues ao clássico. Liniker passeia pelo blues e pelo bolero em Vale Quanto Pesa. “Ele pode ser muito direto e, ao mesmo tempo, é um cara que sempre construiu imagens em tudo que escreveu”, diz a cantora. As outras faixas que ganharam nova versão são Estácio, Eu e Você, na voz de Mart'nália; Pra Aquietar, com Sandra de Sá, e Magrelinha, com Anelis Assumpção e Zezé Motta.