Ex-Madredeus, a diva portuguesa Teresa Salgueiro volta ao TCA com concerto inédito

Sentada no sofá do hotel onde está hospedada, a cantora portuguesa Teresa Salgueiro, 47 anos, conta que é sempre emocionante o caminho que percorre até chegar no Brasil. “É muito forte e comovente a distância entre os dois países. Chega-se em um país enorme, tão diferente, e podemos falar a mesma língua”, reflete com simplicidade, elegância e um expressivo sotaque.A soprano Teresa Salgueiro, 47, canta músicas do disco O Horizonte, que será gravado neste semestre, além de composições antigas e releituras (Foto: Gabriel Cardona/Divulgação)Ex-vocalista do Madredeus - um dos grupos portugueses de maior projeção mundial, no qual atuou por 20 anos -, a diva portuguesa está de volta a Salvador com o show A Fortaleza. A apresentação acontece hoje, às 21h, no Teatro Castro Alves, no Campo Grande.Faz dois anos desde que a soprano trouxe, para a Série TCA, o show do seu primeiro álbum autoral, O Mistério (2012). Agora, Teresa apresenta músicas inéditas que vão compor seu próximo disco, O Horizonte, previsto para ser gravado ainda neste semestre. As músicas do trabalho anterior não ficam de fora, como a que dá nome ao show.“Esse é um show dinâmico que antecede e será completamente diferente do próximo, O Horizonte”, garante a cantora. Além das inéditas e das que compõem o último disco, o repertório inclui músicas que fazem parte das referências da artista, admiradora da música brasileira.“A essência é O Mistério, mas tem temas novos e alguns que são referência para mim. Que fazem parte da razão porque eu gosto de cantar, porque eu gosto de música, de música portuguesa, de ser portuguesa, de cantar em português e de fazer música que venha da minha terra”, entrega Teresa, orgulhosa.Contemporânea A soprano decide parar por ali e faz mistério, para não entregar todo o repertório do disco. Mas dá uma pista do que vai interpretar, como a composição brasileira Mãe Preta (Caco Velho/Piratini), que tornou-se um fado muito conhecido na voz da lendária cantora portuguesa Amália Rodrigues (1920-1999).A fadista está entre suas principais referências, apesar de Teresa não cantar fado. Anterior a essa nova e “interessante” geração da música portuguesa que tem ganhado projeção no mundo - com fadistas como António Zambujo, Ana Moura e Carminho -, Teresa Salgueiro define o que faz como “música contemporânea portuguesa. Ponto”.A justificativa vem das inspirações, “que são tantas”. No Brasil, por exemplo, ela é fã de artistas como Elis Regina (1945-1982), Marisa Monte e Tom Jobim  (1927-1994). Sua admiração resultou em “uma aventura extraordinária”: o álbum Você e Eu, gravado em 2007 com clássicos da música brasileira.Assim, o show A Fortaleza apresenta a miscelânea de Teresa Salgueiro que, desde 2007, está longe do Madredeus e do seu som épico. É possível perceber um flerte com a bossa nova e até o tango, no seu trabalho atual. “Ele não nega o passado, mas é um trabalho muito diferente em termos da sonoridade e da estrutura da música. O Madredeus era mais clássico”, explica a cantora.Quem for ao TCA, hoje, vai poder conferir a nova realidade criada por ela e pelos músicos que a acompanham, alguns desde a época do Madredeus: Óscar Torres (contrabaixo), Graciano Caldeira (guitarra), Rui Lobato (bateria, percussão e guitarra) e Marlon Valente (acordeom).Além da sonoridade que se atualiza a cada experiência de Teresa Salgueiro, as letras acompanham o percurso. Enquanto O Mistério se consistiu em uma “reflexão sobre a dimensão humana, sobre o mistério da vida”, O Horizonte aponta para “o caminho que nos provoca curiosidade”.Inquieta. Essa é a diva portuguesa que defende que “a criatividade é a nossa maior arma. Através da criatividade podemos mudar o mundo e torná-lo interessante e mais justo pra todos”.