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Doris Miranda
Publicado em 3 de agosto de 2023 às 06:00
Um dos maiores sucessos de público e crítica da plataforma, a série Heartstopper volta nesta quinta (3) à Netflix para segunda temporada (a terceira já está confirmada). Baseada na HQ LGBTQIA+ de Alice Oseman, que também assina a adaptação para o audiovisual, a trama narra o romance entre os estudantes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor). Nesta etapa da história, eles têm que descobrir os limites do novo relacionamento, ao passo que acompanham os desafios que aparecem para os amigos Tara (Corinna Brown) e Darcy (Kizzy Edgell), Tao (William Gao) e Elle (Yasmin Finney) pularem de fase nessa jornada de amor e amizade. >
Oferecendo um ar vintage e um frescor irresistível (confiram A Garota de Rosa-Shocking, Namorada de Aluguel e Clube dos Cinco para ter parâmetro), a série nos leva para a conferir a agonia das provas chegando, uma viagem escolar a Paris, o planejamento do baile de formatura e, claro, os dramas familiares de cada um, tudo sempre ambientado por um texto massa e uma trilha sonora superpop.>
Mas, ao contrário de inúmeras séries e livros voltados para o público jovem adulto, Oseman segue uma linha, digamos, mais fofinha, explorando os limites da sexualidade da garotada sem apelar para as cenas hot. Como todos os outros adolescentes hiper-conectados, a galera em Heartstopper experimenta pouco da vida real. Melhor dizendo, vivem pouco da vida em que as ações são palpáveis. Traduzindo um pouco mais: querem muito, mas, sem traquejo, fazem pouco.>
A autora sabe que a juventude está exposta a todo tipo de informação desde muito cedo. E em certos casos, pagam de durões. Pois bem, tanto nos quadrinhos quanto na série da Netflix, está claro que optou por um viés mais luminoso, afetivo, feito para deixar o coração da gente quentinho, sem, no entanto, mascarar as dores dos personagens. É a diferença fundamental (e sua maior força) entre Heartstopper e produtos de sucesso como Elite, Euphoria e Sex Education, por exemplo. Há, afinal, jovens tão diversos quanto seu público ou suas escolas.>
Firmes como namorados, Charlie e Nick querem dar um passo maior: deixar que todos saibam do relacionamento deles para aproveitar os momentos de forma mais espontânea. É natural, afinal, os namorados querem namorar. Mas, não só isso. Entre os amassos dos meninos, vemos que Nick tem uma família problemática (Olivia Colman ainda interpreta sua mãe) e que Charlie sofre de transtorno de ansiedade. Em Paris, para onde vão passar as férias junto com os colegas de sala, mais camadas desse universo já estabelecido vão se revelando.>
É a vez de outros personagens se abrirem mais para o público de forma mais madura. Ao concluir os oito episódios desta temporada, testemunhamos dilemas complexos e perfeitamente críveis sob um embrulho de papel de seda colorido. É o caso da delicada Elle, menina trans que silencia o crush que sente pelo melhor amigo, o hilário Tao. Ele, que até então não se via capaz de conquistá-la, percebe que tem chances, apesar da complexidade do relacionamento. Elle e Tao protagonizam a trama secundária desta nova temporada, que abre um espacinho ainda para o namoro não tão bem resolvido assim de Tara e Darcy. Outro que aparece um tico mais é o sempre silencioso Isaac (Tobie Donovan), cujos dilemas começam a se descortinar.>
Com mais ou menos foco, todos os amigos ganham um momento para brilhar em suas jornadas, que, com certeza, vão fazer eco num monte de gente graças à desenvoltura do elenco, mais à vontade do que nunca nas peles de seus personagens>