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Luiza Gonçalves
Publicado em 13 de maio de 2025 às 09:44
Você aí, que adora comprar blusinhas em sites ou lojas de fast fashion, já parou para pensar em quanto está contribuindo para a poluição do planeta? Em tempos em que esse modelo de produção pautado na entrega de roupas rápidas, em grande escala e de baixo custo popular é mundialmente difundido, a indústria têxtil tem representado um ponto de preocupação pelos impactos causados ao meio ambiente, alimentando uma cadeia global de desperdício e consumo desenfreado. >
Segundo dados da Ellen MacArthur Foundation, a produção anual de roupas ao redor do mundo chega a 150 bilhões de itens, dos quais boa parte é rapidamente descartada e exportada para o Sul Global, onde se acumulam nas pilhas imensas dos lixões da moda, como no deserto do Atacama, no Chile, o mais célebre deles, que pode ser vista até dos satélites que transitam pela órbita do planeta.>
“Os lixões da moda são depósitos irregulares de resíduo têxtil, de lixo, de roupa mesmo. É uma realidade triste de um mundo que produz muitas roupas, num volume muito superior ao que a gente pode consumir e ao que é necessário”, afirma Ana Fernanda Souza, representante do Fashion Revolution na Bahia, movimento global que busca transformar a indústria da moda, tornando-a mais justa e responsável. A jornalista cita mais um exemplo: o aterro de Kpone, em Gana.>
No Brasil, uma estimativa do Sebrae aponta que 170 mil toneladas de resíduos têxteis são geradas por ano. Desses, 80% vão parar em lixões ou são incinerados, e apenas 20% são reciclados, contribuindo para que a cidade de São Paulo, por exemplo - responsável por abrigar o maior polo têxtil do Brasil, o circuito Brás e Bom Retiro - esteja com os atuais aterros sanitários no limite de ocupação.>
“O consumo de moda no Brasil contribui para esse problema de duas formas: no pré-consumo, que não é gerenciado e acaba indo para aterros ou lixões, e o resíduo pós-consumo, quando a roupa não está mais em condições de ser reutilizada e acaba indo para os mesmos destinos. Como grande parte da produção de moda hoje é de poliéster, um tipo de plástico, temos peças que ficarão na natureza durante alguns séculos”, explica.>
Ela acrescenta ainda que, mesmo tecidos biodegradáveis, como o algodão, liberam resíduos químicos no solo e na água, agravando a contaminação ambiental. Esses resíduos se acumulam especialmente em lixões próximos a comunidades vulnerabilizadas, aprofundando desigualdades sociais e ambientais. “Esse é um problema que não vai ser resolvido com boa vontade. É uma questão global, que impacta todas as pessoas. Precisamos olhar de um jeito mais sério”, salienta.>
Selecionamos a seguir, seis filmes para refletir sobre os impactos da indústria da moda. Confira. >
The True Cost (2015) >
Explora a ligação entre a pressão dos consumidores por alta-costura de baixo custo e a exploração de trabalhadores nas fábricas. Onde assistir: Youtube e Prime Video>
Minimalismo Já (2015)>
Apresenta pessoas que adotaram o minimalismo para fugir do consumo excessivo. Especialistas e entrevistados discutem os impactos sociais, emocionais e ambientais do materialismo. Onde assistir: Netflix>
A Conspiração Consumista (2024)>
Escrito e dirigido pelo indicado ao prêmio Emmy Nic Stacey, o filme revela os truques de manipulação que as marcas mais poderosas do mundo, não só da moda, utilizam para criar uma necessidade constante de comprar mais. Onde assistir: Netflix>
Repensando a Moda (2022)>
Amy Powney sempre se sentiu desconfortável com o impacto ambiental de sua indústria. Quando ela ganha o prêmio Vogue de Melhor Jovem Designer do Ano, decide usar o dinheiro do prêmio para criar uma coleção sustentável e transformar seu negócio. Onde assistir: Prime Video>
Riverblue (2017)>
Acompanha o conservacionista Mark Angelo em uma jornada de três anos pelos rios mais poluídos do mundo. O filme expõe os impactos da indústria da moda — especialmente do jeans e do couro — na poluição das águas, revelando práticas tóxicas e suas consequências ambientais e sociais. Onde assistir: Prime Vídeo>
Alex James: Slowing Down Fast Fashion (2016)>
O músico Alex James investiga os impactos ambientais e sociais da indústria do fast fashion, expondo os danos causados pela produção em massa de roupas e o descarte acelerado de peças. Em conversas com especialistas e ativistas, busca alternativas mais sustentáveis. Onde assistir: Youtube>