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Nova pausa? 5 a seco fala sobre futuro da banda após novo álbum e indicação ao Grammy Latino

Em entrevista exclusiva ao CORREIO, quinteto refletiu sobre maturidade e experiências pessoais que culminaram no retorno aos palcos no ano passado

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 18:25

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5 a seco Crédito: Jadson Nascimento/Divulgação

Uma pausa de cinco anos os levou a se lançar em novas estradas, mas Tó Brandileone, Leo Biachini, Vinicius Calderoni, Pedro Altério e Pedro Viáfora estão de volta. Os integrantes do 5 a seco, banda que nasceu em São Paulo em 2009, retornaram à Salvador no dia 18 de outubro para uma exibição inspirada no Festival Sangue Novo. No palco, eles apresentaram o frescor de novas canções que fazem parte do mais recente álbum ‘Sentido’, ao mesmo tempo em que não deixaram de alimentar a nostalgia das músicas que os consolidaram na cena da MPB, como ‘Pra Você Dar o Nome’, ‘Feliz Pra Cachorro’ e ‘Pensando Bem’.

Nesta quinta-feira (13), quatro dos cinco integrantes estão em Los Angeles para o Grammy Latino, premiação na qual concorrem na categoria "Melhor Álbum de Música Popular Brasileira/Música Afro Portuguesa Brasileira". Ao CORREIO, eles falaram sobre o presente que foi a recepção do novo álbum, as mudanças pessoais que culminaram na decisão de dar fim à pausa no ano passado e sobre o futuro, que ainda é incerto.

Mais maduros, eles agora recusam o título de banda de meninos e se veem como uma banda de homens, com questões complexas, mas sem deixar de lado o sentimento e o romantismo tão presente nas canções que caíram nas graças do público fiel. Abaixo, confira a entrevista completa com 5 a seco:

1) Da última vez que vocês vieram a Salvador, o mundo não tinha passado por uma pandemia e vocês não tinham dado uma pausa. Ou seja, muita coisa mudou. Como foi retornar?

Vinicius Calderoni: O engraçado é que a gente se sente meio precursor da parada da pandemia. Paramos em agosto de 2019 e, sete meses depois, o mundo forçosamente parou. Isso acho que, talvez, até diluiu um pouco a sensação de pausa, porque os primeiros dois anos da pandemia foram de pausa generalizada. Acho que, talvez, a nossa pausa começou a ser percebida de 2023 em diante.

Em termos pessoais, foi um momento de muito desenvolvimento para todos nós, felicidade e conquista. O Leo teve filho, cada um se desenvolveu em suas coisas e lançou trabalhos individuais. Isso foi muito importante, porque acumulou de novo a vontade de estarmos juntos, que é o motor do nosso encontro.

Sempre tivemos medo de cair nesse lugar de uma banda que está cumprindo tabela. Nunca fomos muito ditados pelas pressões externas do ‘tem que fazer, senão perde engajamento’. Tudo vem um pouco desse lugar do nosso encontro e da nossa força. Foi muito bom, nesse sentido. Quando retornamos, retomamos com gana de fazer esse disco, que temos muito orgulho.

5 a seco se apresentou em Salvador no Festival Sangue Novo, após 6 anos por Caio Lírio/Divulgação

2) O disco em questão é ‘Sentido’ e foi através deles que vocês foram coroados com uma indicação ao Grammy Latino. Como vocês receberam esse reconhecimento? Foi uma confirmação de que vocês juntos, de fato, é muito bom?

Tó Brandileone: É claro que o Grammy, assim como qualquer outra premiação, é um carinho na alma, sobretudo de quem vive do que a gente vive. É tudo incerto, subjetivo, não tem uma ciência exata na construção de uma carreira, então, é uma delícia [o reconhecimento].

A indicação é incrível, mas não chamaria de confirmação. Isso porque, o fato de estarmos há 16 anos juntos, fazendo música, tendo vontade, tesão e alegria de continuar fazendo é a confirmação de que estamos fazendo a coisa certa. As coisas partem de dentro dos artistas e, depois, o que vem de reconhecimento de fora é muito importante, legal e gostoso, mas em nenhum dos casos que conheço isso rege a vida de alguém.

3) ‘Sentido’ fala do tempo, de amores mais amadurecidos, de uma capacidade de rir de si também. Como é que a pausa de vocês deu uma ajuda na composição do novo disco?

Pedro Viáfora: Eu acho que o nosso processo composicional não mudou muito com a pausa, porque esse processo é individual na maioria das vezes. Foram cinco anos de pausa, mas também cinco anos de amadurecimento pessoal. Acho que é difícil distinguir se esse amadurecimento se deve à pausa do 5 a seco ou se deve a todos os eventos da vida individual de cada um. Acho que amadurecemos como grupo, como pessoa e profissionalmente.

Vinicius Calderoni: A sensação é de que não mudou o processo, mas mudamos nós. Se o compositor como pessoa muda, a composição e o resultado do compositor mudam também.

4) ‘Inventar Sentidos’, uma das canções do novo álbum é marcada por metalinguagem, que dá a sensação de uma conversa contínua com o público. Isso é reflexo do Vinicius Calderoni roteirista de teatro?

Vinicius Calderoni: ‘Inventar Sentidos’ foi a música que dei de presente para Mel, minha companheira. Tivemos há dois meses nosso filho, que se chama Salvador, olha só. Essa canção reflete muito a construção de um sentimento e um relacionamento, essa ideia de que ‘nada é dado, tudo é construído’, assim como na vida.

Esse aspecto da linguagem eu acho que perpassa esse pensar em voz alta, e cantar é sempre revisitar esse pensamento de alguma maneira. Eu tenho muito amor por essa música e fico feliz que ela esteja nesse disco, que é muito caro a nós. É unânime que é o favorito da nossa trajetória.

5) Vocês disseram que esse é o disco mais maduro de vocês, também. Como vocês veem isso refletido?

Vinicius Calderoni: Acho que isso se reflete nos interesses ou também em uma abordagem um pouco menos imediatista das coisas. Acho que a [passagem da] juventude faz a gente ir vendo horizontes mais diferentes na própria vida, e vem a paciência, naturalmente.

Eu vivi um processo muito intenso de um transplante renal esse ano e, durante quatro a seis anos, vivi com a perspectiva de uma doença genética, que forja uma nova pessoa. Eu tenho duas canções no disco que são uma resposta a isso, que são ‘Bagulho Doido’ e ‘Pequenas Alegrias’, uma forma de responder com arte a momentos difíceis.

Acho que, individualmente, na vida de cada um de nós aconteceram coisas que nos colocaram em um outro lugar, que tira um pouco a ideia de uma banda de meninos. Acho que a gente volta como uma banda de homens com questões mais complexas, lidando com aflições, dores e dificuldades maiores.

6) As músicas que são escritas por vocês sempre se aprofundam muito no sentir, que nunca está desassociado de quem a gente é. Pedro Altério, recentemente, anunciou publicamente que é gay. De alguma forma, a sua arte contribuiu para isso?

Pedro Altério: É louco porque, de repente, você passa uma vida que se transforma em um minuto quando você aceita e tira essa mochila que carregava nas costas. Para mim, foi um conjunto de vida que me levou a esse momento. Então, sim, a música que eu faço está refletida nisso e acho que, daqui para a frente, tudo vai mudar.

7) Vamos ter mais músicas românticas?

Pedro Altério: Sim, porque agora o amor é possível.

8) Qual é o futuro do 5 a seco?

Tó Brandileone: Incerto (risos)

Vinicius Calderoni: A gente não tem um plano específico, porque tem a ver um pouco com o viver intensamente os momentos. A gente se propôs a voltar, a fazer esse disco, fazer uma turnê nesses moldes, um pouco mais ‘enxuta’ do que normalmente fazemos. Foi uma experiência maravilhosa.

Acho que, depois disso, a gente volta a conversar e volta a sentir, mas certamente esse não é um plano de uma nova pausa de anos, se era isso que o pessoal estava preocupado (risos).