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Por que tá todo mundo falando de Saltburn?

Ótimo filme de Emerald Fennell, com Jacob Elordi e Barry Keoghan, quer que você se reconheça na sua própria depravação

  • Foto do(a) author(a) Doris Miranda
  • Doris Miranda

Publicado em 6 de janeiro de 2024 às 06:00

O ator irlandês Barry Keoghan prova porque é um dos nomes mais promissores do cinema atual
O ator irlandês Barry Keoghan prova porque é um dos nomes mais promissores do cinema atual Crédito: divulgação

Não tem meio termo. Ou você ama ou odeia Saltburn, novo trabalho de Emerald Fennell (Bela Vingança/2020), que entrou um pouco antes do Natal no catálogo do Prime Video. Um dos mais comentados da temporada, o filme é provocação pura - e no melhor sentido da palavra.

Com atuações memoráveis de Barry Keoghan, Rosamund Pike e Jacob Elordi, o longa-metragem produzido por Margot Robbie (Barbie) apresenta uma crítica fervorosa à futilidade dos super-ricos, embalada numa fotografia linda, com muita tensão sexual, roteiro afiadíssimo e um humor escandalosamente torto.

Atendendo ao pedido da revista Variety para definir Saltburn em apenas três palavras, Elordi (Priscilla e Euphoria) respondeu: “Selvagem, lindo e divertido”. O ator australiano acertou em cheio, porque o filme só confirma o talento iconoclasta de sua diretora e roteirista. Saltburn é uma pequena obra de arte, que equilibra momentos de constrangimento com aplausos genuínos pela condução escrota, pouco convencional e cheia de camadas.

É ou não é uma delícia olhar para Jacob Elordi, o Elvis de Priscilla?
É ou não é uma delícia olhar para Jacob Elordi, o Elvis de Priscilla? Crédito: divulgação

A história acompanha o jovem Oliver (Barry Keoghan, numa performance incrível), lobo em pele de cordeiro, que é calouro na milenar universidade de Oxford, em Londres. Pobre e completamente sem sal, mas um aluno genial, ele rapidamente é colocado para escanteio pelos milionários descolados que se sentem autorizados a fazer o que bem quiserem.

Belo dia, Oliver ‘salva a vida’ de Felix (Elordi, numa atuação que condiz perfeitamente com seu poder de sedução), o cara mais disputado da universidade, e entra para o clube do milionário, epítome da tradicional aristocracia britânica que se pinta de moderna. Amor à primeira vista, Oliver passa a seguir Felix para todos os lados (mesmo que seja com o olhar fulminante). E recebe o ‘golden ticket’: é convidado a passar as férias no castelo da família do outro.

Bom, o que era apenas sugestão fica claríssimo aqui. Emerald Fennell não teve limites na sua narrativa - e isso é a melhor parte da coisa e suscita risos nervosos. Mostra o que a gente (mais um ano sem a mega da virada na conta) suspeita, mas nem sabe quantificar: que, no dia a dia daqueles bilionários, o desregramento é o lema em todos os aspectos de sua existência.

A maravilhosa Rosamund Pike é dona do texto mais afiado de Saltburn
A maravilhosa Rosamund Pike é dona do texto mais afiado de Saltburn Crédito: divulgação

Dona do texto mais interessante da trama, a ricaça vivida pela maravilhosa Rosamund Pike faz do luxo desavergonhado o ingrediente secreto de sua rotina diária de skincare, por assim dizer. É orgânico para ela, do mesmo jeito que diz para Oliver, com a maior naturalidade, que tem problemas sérios com a feiura. Um traço do seu charme. Delícia também ver a atuação sarcástica de Richard E. Grant e desmiolada de Carey Mulligan.

Abre-se aqui um parêntese para dizer que, mesmo que você ainda não tenha visto o filme, com certeza, já se deparou com spoilers e comentários sobre as cenas, digamos, mais escatológicas. Quase todas envolvendo o ator irlandês Barry Keoghan (Os Banshees de Inisherin, que recomendo fortemente também). A da banheira cheia de fluidos corporais (né spoiler não) é puro fetiche apresentado com requinte e ‘sela’ a relação carnal nunca concretizada entre Oliver e Felix.

Saltburn é uma história intencionalmente nojenta, mas também muito educativa em certos aspectos da natureza humana. Fennel quer que você sinta repulsa e excitação ao mesmo tempo, que você fique chocado por encarar aquela parte sua que é ‘depravada’ o bastante para gostar do que está vendo.