Salvador recebe mostra coletiva de arte indígena; aos detalhes

Entre as obras que serão exibidas, o destaque fica por conta do Manto Assojaba Tupinambá

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Publicado em 17 de maio de 2024 às 08:59

mostra coletiva de arte indígena
mostra coletiva de arte indígena Crédito: Divulgação

A Caixa Cultural Salvador apresenta, de 28 de maio a 4 de agosto, a exposição coletiva de arte indígena “Nhe´ ẽ Se”, termo em Guarani que, na língua portuguesa, significa o desejo de fala, a expressão do espírito e o diálogo como cura.

A mostra tem curadoria de Sandra Benites e Vera Nunes e reúne obras de 12 artistas indígenas vindos de diferentes regiões do Brasil. Entre os artistas selecionados, estão nomes conhecidos e novos artistas como Aislan Pankararu, Ajú Paraguassu, Arissana Pataxó, Auá Mendes, Davi Marworno, Déba Tacana, Edgar Kanaykõ Xakriaba, Glicéria Tupinambá, Paulo Desana, Tamikuã Txihi, Xadalu Tupã Jekupé e Yacunã Tuxá.

Os 12 criadores empregam múltiplos suportes e linguagens e convidam o visitante a mergulhar no universo indígena abordado a partir de falas e narrativas particulares. Outro ponto em comum das obras é o emprego e a utilização de materiais encontrados nos próprios territórios de origem dos artistas, o que reforça a conexão espiritual entre o indivíduo e a matéria que o cerca.

Para Sandra Benites, reunir trabalhos de artistas indígenas de várias partes do país, de contextos e geografias díspares, cada um com sua linguagem e singularidade, é justamente o que dá a força da mostra. Vera Nunes lembra da importância de a Bahia receber a exposição, uma vez que é um genuíno território indígena. “É o reencontro afetivo dos baianos com a sua ancestralidade, o resgate da memória-território”, afirma.

Manto Tupinambá

Entre as obras que serão exibidas, o destaque fica por conta do Manto Assojaba Tupinambá, de Glicéria Tupinambá, conhecida por recuperar as técnicas ancestrais de confecção dos mantos de seu povo que foram roubados ao longo dos séculos de colonização. O manto foi o centro das atenções na abertura do pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza, em abril desse ano.

Natural da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, Glicéria é, atualmente, a única que domina o método de realização dos mantos tupinambás, símbolos sagrados de poder utilizados em rituais por pajés, majés e caciques do povo.