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Vida de solteira: o tempo da autonomia

Uma reflexão sobre as formas contemporâneas de construir — ou não — uma vida compartilhada

  • Foto do(a) author(a) Gabriela Cruz
  • Gabriela Cruz

Publicado em 16 de novembro de 2025 às 14:47

De Tudo que eu Vejo
Estamos escolhendo a solteirice ou apenas fugindo de vínculos que já não funcionam? Crédito: Shutterstock

Antes de a vida solo virar tendência global, ela já era o meu território. Fui criada pela minha avó, por uma tia à distância e por um tio em outra cidade, depois que meus pais biológicos se afastaram. Cresci entendendo que família tem muitos formatos e que nenhum deles exige casamento ou filhos.

Duduca, mãe de meu pai, ficou viúva aos 26 anos e, talvez por ter vivido a autonomia cedo, nunca me empurrou para um roteiro familiar que envolvesse marido e filhos. Sem falar em feminismo, foi meu maior exemplo. Observando aquela mulher que fazia as próprias escolhas, entendi que eu também não precisava seguir um modelo pronto.

De Tudo que eu Vejo por Reprodução

Minhas irmãs seguiram outro caminho — lindo e admirável —, mas que não era o meu. Hoje, aos 50, vejo que não foi falta de oportunidade e sim coerência com quem sempre fui.

Enquanto diversos países registram o aumento de adultos vivendo sozinhos, eu apenas reconheço que cheguei lá antes da estatística. E deixo uma pergunta: estamos escolhendo a solteirice ou apenas fugindo de vínculos que já não funcionam?

No meu caso, foi escolha. E uma escolha que sempre fez sentido.

A ERA SOLO NO MUNDO

A tendência que aparece na minha história também se repete em escala global. Nos países nórdicos — que costumam antecipar mudanças sociais — a vida de solteiro já é majoritária. Em cidades como Estocolmo, Copenhague e Oslo, um terço dos adultos mora sozinho. Apartamentos menores, rotinas mais flexíveis, viagens solo e vínculos escolhidos, não impostos, viraram padrão.

A The Economist chama esse fenômeno de “recessão de relacionamentos”. Não se trata apenas de gente evitando casamento, mas de um novo modelo de vida: menos dependência, mais autonomia. A solteirice deixa de ser pausa e assume o lugar de destino possível — e desejável — para muita gente. O mundo muda, os laços mudam junto. A questão agora é entender se estamos diante de solos conscientes ou de vínculos que precisarão ser reinventados.

CLUTTERCORE: QUANDO O EXCESSO VIROU ESTILO

O cluttercore surgiu como resposta direta ao minimalismo. Em vez de superfícies limpas e poucos objetos, essa estética propõe outra lógica: ambientes cheios, vivos, formados por histórias. Não se trata de acúmulo sem propósito, mas de compor espaços que revelam quem somos.

Livros empilhados, coleções à vista, quadros que se sobrepõem, lembranças de viagens, peças antigas, objetos afetivos — cada elemento vira parte de uma memória. A casa se transforma em um retrato íntimo, onde cada canto diz algo. No cluttercore, o “mais é mais” ganha personalidade. É a valorização da individualidade, do lar como território criativo.

A VOLTA DAS ZINES E A VIDA SOLO CRIATIVA

Entre tantas conversas sobre independência, solitude e jeitos de viver fora do padrão, as zines reaparecem como formato perfeito para quem quer transformar pensamento em objeto. Publicações pequenas, feitas à mão, nascidas do espírito do “faça você mesma” e que continuam sendo espaço de liberdade.

Talvez por isso combinem tanto com o momento atual. A vida solo pede rituais que alimentem a criatividade, e o cluttercore — essa estética que valoriza memórias e objetos afetivos — encontra nas zines um novo capítulo. Quando você produz uma, coloca ali fragmentos seus: colagens, frases soltas, fotografias, referências. O resultado é um registro íntimo, imperfeito e cheio de identidade.

Clube de Colagem Femingos, da designer Fernanda Domingos, segue nessa direção e oferece um encontro para quem quiser criar a própria zine, aprender técnicas e terminar um projeto artístico inteiro. Criar uma zine é mais do que fazer um livrinho artesanal. É montar um pedacinho de mundo — seu, portátil e verdadeiro.

NOVAS FORMAS DE MORAR NA LATERALIDADE DA VIDA

O envelhecimento da população e a queda nas taxas de natalidade estão redefinindo como pensamos a maturidade. Com menos filhos por família e rotinas mais independentes, cresce o risco de solidão, e junto com ele o interesse por modelos alternativos de moradia. A arquitetura acompanha essa mudança, desenhando espaços que acolhem e estimulam convivências reais.

O cohousing surge como possibilidade real. São comunidades colaborativas pensadas entre amigos, vizinhanças que funcionam como microcoletivos: cada morador mantém seu espaço, mas compartilha áreas comuns, atividades e, principalmente, companhia. Um formato que combina autonomia, vínculo e propósito.

EXPERIÊNCIA K-DAY: IMERSÃO NA CULTURA SUL-COREANA

A influência cultural da Coreia do Sul — que une k-dramas, k-pop, literatura, cinema, beleza, gastronomia e turismo — transformou-se em um dos maiores fenômenos globais do soft power. No Brasil, esse interesse cresceu a ponto de o país se tornar o maior consumidor de cultura coreana na América Latina. Para celebrar essa conexão, será realizada no próximo dia 22, das 15h às 19h, no restaurante Kion, a Experiência K-Day: uma imersão dedicada à riqueza cultural sul-coreana. Os ingressos já estão esgotados.

A programação reúne exposições de objetos representativos da Coreia do Sul, reforçando termos e significados importantes para a campanha Nomear é Respeitar, do Centro Cultural Coreano. Também haverá uma mostra de álbuns do BTS, símbolo do alcance global do k-pop.

A tarde inclui conversas com o chef Kion, à frente do restaurante, e com Samy Matos, do perfil K-comigo. O evento marca ainda o lançamento de um clube do livro voltado a autores sul-coreanos, degustação de pratos típicos, karaokê, personalização de porta-photocards e a apresentação de produtos inspirados em músicas do BTS, criados pela Soul Seven Club. As inscrições para a edição de dezembro devem ser feitas pelo WhatsApp (71) 98834-0857. As vagas são limitadas.