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Danilo Caymmi lança álbum em homenagem a Tom Jobim

Músico grava onze canções do maestro. Entre as músicas, estão clássicos como A Felicidade e outras menos populares, como Bonita

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 06:01

 - Atualizado há 2 anos

O carioca Danilo Caymmi, hoje aos 69 anos, era apenas um adolescente quando teve a honra de gravar ao lado de Tom Jobim (1927-1994). Naquela gravação, Danilo era o flautista do álbum Caymmi visita Tom (1964), em que dois dos maiores mestres da música brasileira interpretavam canções de seus repertórios. Danilo Caymmi tocou por dez anos na Banda Nova, que acompanhava Tom Jobim(Foto: Ana Claudia Carvalho/Divulgação)

Mais tarde, já nos anos 80, Danilo voltou a encontrar Tom, quando entrou para a Banda Nova, que acompanhava o maestro carioca nas suas apresentações. Danilo, que continuou tocando para Tom até a morte do músico, em 1994, guarda lembranças especiais do coautor de Garota de Ipanema: “Não sabia que eu era cantor até 1983, quando entrei para fazer parte da ‘Banda Nova’, de Tom, a convite de seu filho, Paulo Jobim. Durante um dos ensaios, Tom pediu que eu cantasse duas de suas músicas. Neste momento, descobri em mim o cantor que eu mesmo desconhecia”.AfetividadeCom tanto afeto pelo maestro, já era hora de lhe fazer uma homenagem. Aproveitando os 90 anos de nascimento do músico, completados no último dia 25, chega o álbum Danilo Caymmi Canta Tom Jobim (Universal Music), em que o fiho de Dorival Caymmi (1914-2008) interpreta 11 canções do maestro.Danilo diz que o critério afetivo pesou muito na escolha do repertório: “Mergulhei na obra dele e fui muito exigente comigo mesmo na interpretação. São músicas que têm a ver comigo e fazem parte de mim como ser humano”.Há músicas mais conhecidas, como Querida (que era trilha da abertura da novela O Dono do Mundo, de 1991), Ela é Carioca e Luiza. A primeira foi modificada por Danilo: “Eu tirei o foxtrote e transformei a música numa canção”. Há também outras menos populares, como Bonita, que abre o disco. Esta última tinha apenas uma gravação, de Daniel Jobim, neto de Tom.A canção Estrada do Sol tem a participação da americana Stacey Kent, íntima da música brasileira, tanto que em seu mais recente disco gravou sete canções de compositores nacionais, incluindo Tom Jobim. “Sou fã dela, que canta muito bem em português, inglês ou francês. Deixei-a bem à vontade e disse: pode escolher o que você quer cantar”, observa Danilo. Danilo comenta a lembrança que algumas músicas do disco lhe trazem: “Eu ouvia minha mãe (Stella Caymmi) cantar Por Causa de Você, que tem letra de Dolores Duran e música de Tom. Eu já havia participado de uma gravação de Chora Coração para a trilha do filme A Casa Assassinada (1971). E Gabriela, de alguma forma, ligava meu pai a Tom: papai fez o tema para a novela e Tom, para o filme”. Sobre o Tema de Gabriela, há uma curiosidade: embora a música seja assinada apenas pelo maestro carioca, há um pouco de Dorival Caymmi nela: “Aquela célula da música (cantarola: Gabriela, sempre Gabriela...) é do tema da novela e Tom pediu autorização a papai para usá-la”.Danilo se lembra de alguns encontros entre Dorival e Tom e diz que os dois saíam para dar uma volta no Rio de vez em quando: “Eles eram amigos. Tom de vez em quando pegava meu pai pra ir até o Parque Lage, aqui no Rio”.A amizade entre os Caymmis e os Jobins ia além dos patriarcas. Tanto que Danilo é padrinho de Maria Luiza, filha de Tom, e foi também padrinho do casamento de Paulo Jobim, filho de Tom, que convidou Danilo para participar da Banda Nova.GenerosidadeDanilo observa que a excelência de Tom como músico, reconhecida internacionalmente, não veio à toa: “Era comum chegar à casa dele e vê-lo acompanhando as partituras de Ravel, Debussy, Brahms... E era muito interessado em línguas, muito culto e de generosidade extrema”.Tom Jobim era amigo de Dorival Caymmi, pai de Danilo e gravou um disco com ele, em 1964 (Foto: Divulgação)A generosidade do maestro era clara também em relação aos mais jovens e Danilo lembra que foi um dos beneficiados por ela. Foi numa turnê de Tom a Viena, na Áustria, que o compositor lhe incentivou a cantar: “Ele sempre acreditou em mim. Numa apresentação ao lado da orquestra austríaca ORF, ele me designou para cantar Samba do Avião e A Felicidade”, lembra-se.Foi aí que Danilo começou a ganhar mais segurança. “Me ‘profissionalizei’ como intérprete . Passei a gravar com frequência nos anos 90. No meu primeiro disco, Cheiro Verde, de 1977, minha voz estava muito mal colocada. Já esse disco atual é o meu melhor até hoje”, compara.Danilo hoje se vê como intérprete, como seus irmãos e pais: “Eu realmente gosto de cantar e não importa se a canção é minha ou não. Na minha família, tudo é interpretação. E pra mim essa é uma forma de unir o artista e o público”.O álbum pode render uma turnê em breve, o que depende basicamente de patrocínio, segundo Danilo. Para o palco, ele pretende levar duas flautas, um violoncelo e um violão. “Sou minimalista”, diz.