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Do Estúdio
Publicado em 16 de agosto de 2018 às 10:57
- Atualizado há 2 anos
O fim de tarde no Horto Florestal está mais charmoso e movimentado com a realização da primeira edição da mostra de decoração Casas Conceito, a primeira 100% baiana e produzida pelo Grupo AV, em parceria com a Odebrecht Realizações. São 35 ambientes que, seguindo o tema Raízes, apresentam projetos criativos, sustentáveis e cheios de boas surpresas, que misturam referências de design e memórias afetivas. Até o dia 16 de setembro, o público poderá conferir os espaços assinados pelos mais renomados escritórios de arquitetura e paisagismo de Salvador.>
Os ambientes estão divididos em três propostas de apresentação: Ruínas, Vila e Casarão, que ocupam nada menos do que uma área verde de 12 mil metros quadrados. Vale ressaltar que a mostra conta com projeto máster assinado pelo Estúdio RM, do premiado Rogério Menezes. O CORREIO passeará por todos os 35 espaços ao longo da mostra. E, para começar, vamos conhecer melhor os seis projetos que integram o espaço Ruínas.>
Do zero A idealizadora da mostra, Andréa Velame, conta que esses ambientes são de grande destaque no evento, pois, ao contrário de outros, suas obras partiram do zero e todos os designers tiveram muito trabalho para construir cada um deles. Os resultados são surpreendentes. >
Visitar o Casas Conceito 2018 é uma experiência com a beleza, pois os profissionais tiveram total liberdade para criar e integrar seus trabalhos ao resgate das raízes e, de modo especial à natureza. Até mesmo os nomes dados aos projetos remetem a isso.>
“Os ambientes têm nomes de espécies, a maioria da flora brasileira, e neles, os profissionais tiveram a liberdade de fazer o que quisessem, obviamente, com a nossa curadoria”, destaca Andrea, que sugere às visitantes descerem do salto e escolherem calçados confortáveis para percorrer a mostra, desfrutando desse clima bucólico.>
ESTAR COMIGO NINGUÉM PODE: ROBERTO LEAL & NAISSA VIEIRALVES >
No lugar onde era uma piscina, os arquitetos construíram um living. Eles toparam o desafio de aterrar a área, visando a posição privilegiada ao redor de árvores, pois desde o início queriam a integração com o verde, promovendo um diálogo entre o externo e o interno. “Toda a construção foi planejada para ser a mais prática e rápida possível. Por isso, optamos por uma estrutura metálica autoportante - sem fundações - e tiramos proveito da tecnologia, utilizando o piso wall no lugar de uma laje. A cobertura foi feita com uma telha 100% ecológica - tanto no material, quanto no processo de fabricação”, comenta Roberto.>
Na ambientação, o uso do vidro foi fundamental para integrar o externo e o interno. Já na parte de dentro, os arquitetos criaram uma atmosfera mais intimista e aconchegante. Espaço ideal para cultivar os bons hábitos de leitura, contemplação ou simplesmente descansar. Para valorizar o tema Raízes, eles trouxeram uma das plantas mais populares e conhecidas entre os brasileiros: Comigo-Ninguém-Pode, que, de acordo com as crenças populares, afasta energias negativas e abre espaço para novos caminhos. “Por isso que ela sempre fica na entrada das casas mais humildes. E está presente no nosso jardim de boas-vindas, atrás do brise de bambu”, ressalta o arquiteto.>
Como a proposta era construir um ambiente mais natural possível, os profissionais optaram por materiais que traduzissem isso. Assim, no mix das escolhas estão: madeira (no piso na forma de parquet, no brise de bambu compondo a fachada e em elementos do mobiliário); tecidos de algodão (para estofar parte do mobiliário); couro (reveste e complementa o restante); pedra calcária cinza (reveste a parede escolhida para ser o destaque do Gourmet); lã (presente na manta que decora o sofá); barro (pratos, copos e tigelas, peças produzidas pelo ceramista baiano João Neto, exclusivamente para o espaço). >
Os arquitetos destacam, ainda, outros pontos do projeto, como as cortinas que mesclam a madeira da persiana e o linho dos xales, além do tapete orgânico do arquiteto Rodrigo Otahke em tons de verde, que remete aos jardins e desenhos de Burle Marks. E mais: as fotografias do baiano Guto Esteves e o croqui, do também baiano Presciliano Silva - um dos maiores nomes da artes plásticas moderna na Bahia.>
“O resultado nos agrada por ter conseguido inserir uma arquitetura de forma respeitosa, abrindo seus vãos para o verde existente; ao mesmo tempo em que pensamos em uma decoração possível com personalidade, e com diversos itens autorais como a estante de 5m e o aparador que acomoda a louça de barro”, finaliza Roberto.>
BEM VIVER JACARANDÁ: ANA PAULA MAGALHÃES>
Além do briefing dado pela mostra, o resgate das raízes, alguns outros direcionamentos deram o tom do projeto da arquiteta, sobretudo, seu repertório pessoal acumulado na vida e muitas referências familiares. Trabalhar o bloco de concreto aparente e fazer o aproveitamento total da área como ela se apresentava (desníveis com alvenarias de pedra), manutenção e exploração da paisagem, também foram escolhas da arquiteta.>
Ana Paula queria fugir de um ambiente com ares de showroom e mostrar ao público que é possível, de uma forma diferente, viver mais com menos. “É um pouco que é muito... No espaço, há tudo que uma pessoa precisa para viver de forma confortável e agradável, sem excessos e sem ostentação. Minha “casa” é uma casa para se viver com tudo à mão e de uma forma prática e sustentável, cercada pela natureza e com todo o conforto e tecnologia à disposição”, explica a profissional.>
O ambiente traz o conceito de loft, mas, na verdade, é uma nova forma de morar. Pela leveza e pelo acolhimento, o espaço é desejado por todos que lá entram. Isso é resultado dos materiais utilizados em sua construção. A arquiteta conta que privilegiou as estruturas naturais, a exemplo do aproveitamento da alvenaria de pedra existente no local, bem como estrutura metálica, gesso acartonado, madeira e muito vidro para trazer a natureza para dentro da edificação e do convívio do usuário. Já a ambientação explora elementos, como linho, couro, algodão, madeira, mármores, granitos e ferro.>
Na opinião de Ana Paula Magalhães, seus maiores desafios nesta criação foram o tempo e as escolhas que tiveram que ser feitas para atingir o objetivo, no prazo compactuado. Se valeu a pena? Ela não tem dúvidas: “O espaço está impregnado com minhas raízes e meu repertório. Gosto de tudo, eu moraria lá... Lá estão livros usados, quadros que me lembram aqueles velhos retratos de moldura oval que existiam nas casas dos avôs. Enfim, é uma casa com história”, completa.>
LIVING RIZÓPHORA: GABRIEL MAGALHÃES & LUIZ CLAUDIO SOUZA>
Quando foram convidados para construírem o living, o principal desejo dos arquitetos Gabriel e Luiz Claudio era criar um ambiente bem leve, traduzindo uma maneira de viver mais suave, integrada com a natureza, envolvida com a pureza dos materiais e com a essência da vida. “Esta é a proposta para o ambiente: uma reflexão sobre o papel da casa contemporânea e suas interferências na vida e nas sensações do morador”, conta Gabriel.>
O espaço propõe um reencontro com as raízes, com aquilo que é primordial. Por isso leva o nome de Rizóphora, árvore típica dos manguezais brasileiros, com raízes profundas e entrelaçadas, de cor avermelhada, e que serviu de matéria-prima para o escultor Frans Krajcberg, artista plástico que assina a principal obra de arte de espaço, uma escultura que domina a visão do visitante.>
De acordo com os profissionais, o projeto do Living Rizóphora tem como princípio a utilização de elementos essenciais como a luz natural, vegetação abundante, materiais simples e a arte brasileira. “Utilizamos como base as paredes originais da casa, de tijolinho aparente, e trabalhamos a partir daí. Para a superfície do piso, bancadas e detalhes de parede, escolhemos uma pedra extraída na Bahia, o Mármore Casa Nova. Além deles, abusamos das aberturas de vidro, do uso de madeira, e da presença de vegetação natural dentro do ambiente - foi criado um jardim suspenso sobre o espaço gourmet”, diz Gabriel.>
Os arquitetos tiveram apenas 45 dias para darem vida ao ambiente, em um espaço pré existente, mas em total estado de ruína. Precisaram criar o telhado e erguer uma nova cobertura metálica, feita em aço (o que poderá ser totalmente reutilizado após a mostra). “Apoiamos a nova estrutura suspensa da alvenaria existente, de modo a criar aberturas, possibilitando que todo o perímetro do ambiente esteja banhado de luz natural”, comenta. Com isso, eles conseguiram aumentar o conforto visual e reduzir a necessidade de iluminação artificial durante o dia. “Essa estrutura também nos possibilitou aumentar o pé direito do ambiente. Além disso, recuperamos e recompusemos boa parte das paredes de tijolo cerâmico”.>
A correria foi grande, mas hoje ao olharem o espaço, os arquitetos têm a certeza de conseguiram realizar o projeto de acordo com o que planejaram. O conceito está impresso na arquitetura e é perceptível aos olhos de quem visita. “O mix de texturas, os planos, a abundância de luz natural, a produção minimalista e as obras de arte de peso são itens que nos agradam muito”, ressaltam.>
LIVING E JANTAR CASTANHEIRA - ALINE CANGUSSÚ Quando foi convidada por Andrea Velame para participar do Casas Conceito 2018, os espaços ainda não tinham função definida, Logo, a escolha da arquiteta Aline Cangussú foi totalmente emocional. “Quando cheguei à ruína, me encantei com o terraço debruçado sobre uma área verde maravilhosa. Sabia que seria um desafio, pois teria que construir todo o ambiente, porém, não tinha olhos para nenhum outro espaço. Estou muito feliz e realizada por ter me deixado guiar pela emoção que a arquitetura me desperta”, relata.>
Aline saiu do espaço praticamente com o projeto pronto na cabeça e já sabia que teria ali um ambiente integrado com a natureza. “Tinha 15 metros de vista para este verde e traria isso também para dentro do espaço. Criei uma parede verde e um jardim interno para acentuar esse contato com a natureza”. De acordo com a profissional, o próprio espaço definiu o perfil do cliente que vai habitá-lo. “São pessoas que prezam pelo viver bem, com elegância e conforto e que amam este contato com o verde. Pessoas que gostam e apreciam o mais belo dos projetos que é a natureza”, explica.>
O espaço tem aproximadamente 100 metros e conta com a madeira e muito verde como elementos essenciais. Na opinião da arquiteta, o ponto chave do ambiente e que, com certeza, desperta emoção nos visitantes, é o pé direito duplo, onde ela criou uma parede verde suspensa inserida numa caixa de madeira.>
Com 25 anos de escritório, Aline Cangussú conta com parcerias sólidas na realização de seus projetos. Para participar do Casas Conceito 2018, não foi diferente. Assim, o espaço Castanheira apresenta peças de lojas, como Home Design, Pavimenti, Quatro Estações, Portobello, Bontempo, Bizâncio, Galeria Pena Cal, Transparence, Omni Light, Automi, Fonseca Shop, entre outros.>
A arquiteta está satisfeita não só com o resultado do seu ambiente, mas com a mostra. “O projeto como um todo está maravilhoso, com uma energia vigorante de todos os participantes. Com certeza, o público irá se surpreender com uma mostra fantástica! Estou realizada e muito feliz com o resultado do meu trabalho”.>
ESTAR JABOTICABEIRA: ROGÉRIO MENEZES Memórias, recursos naturais, arte e o melhor do design nacional se encontram no ambiente assinado pelo designer Rogério Menezes. A proposta foi desenvolver um espaço de convivência para a família. Por isso, compõem a ambientação referências e itens de acervos pessoais de arte e design.>
O projeto preza completamente pela sustentabilidade e pelo retorno às raízes, o que pode ser visto através da utilização de materiais naturais, bem, como da brasilidade e da beleza da arte e do design nacional ali presentes. “Através da madeira, dos recursos naturais encontrados no local e de peças icônicas do design brasileiro, pretendemos ser o espaço que vai dar a tônica da mostra Casas Conceito para os visitantes da mostra”, comenta o arquiteto.>
A característica de acolhimento do ambiente é garantida com o piso, a parede e o teto revestidos com madeira de reflorestamento. Vale destacar que nada foi descartado, até mesmo a diversidade de tamanhos das madeiras foi respeitada. Ao olhar o piso, por exemplo, o visitante poderá perceber que as réguas têm larguras diferentes. “Está lindo assim, não iria descartar madeira menores e menos nobres”, frisa Rogério.>
As paredes de tijolinho originais do lugar, construídas na década de 70, foram limpas e preservadas. Para acolher o visitante com conforto e beleza, a escada também foi construída em madeira de reflorestamento e embutida nela uma grande Jabuticabeira - daí o nome do ambiente.>
Já a decoração é composta com total sofisticação, garantida pelo uso de itens, como: o sofá “Mole”, de Sérgio Rodrigues; o sofá Strips da italiana Arflex, design de Cini Boeri, além do lustre “Dear Ingo” da holandesa Moooi, design de Ron Gilad. Há ainda peças assinadas por nomes do mercado nacional e mundial, como Jader Almeida, Ronald Sasson e Zanini do Zanini.>
O toque de brasilidade e natureza na decoração se faz presente nos tapetes feitos de sisal – uma fibra natural brasileira, que aparece na companhia de elementos o couro e a camurça, no tapete da sala de estar. Merecem destaque, ainda, peças autorais de madeira e cerâmica assinadas por Flavio Franco, Rodrigo Ohtake, Sérgio Matos, Zanini de Zanine, Ronald Sasson, Guilherme Wentz, Inês Schertel, Nicoli Tomazi. Já a tela laranja, que chama a atenção na sala de estar é de Andery Neto, com traço geométrico e sofisticado. As fotografia que enriquecem o ambiente são da série “Nos jardins do Éden”, ensaio realizado em Porto Príncipe – Tahiti pelo artista baiano Christian Cravo.>
STUDIO PITANGUEIRA – NATHÁLIA VELAME Um dos espaços mais elogiados da mostra Casas Conceito, o Studio Pitangueira chama a atenção pelo pé direito duplo e por mesclar em sua ambiente referencias modernas com as tradicionais e soluções criativas. A estrutura do espaço foi 100% construída onde antes era uma garagem em ruínas. É imponente e acolhedora, ao mesmo tempo, trazendo o que há mais requintado em termos de decoração e design, dialogando com a natureza, que pode ser contemplada através de paredes e parte do teto revestida de vidro.>
A designer Nathália Velame trabalhou com afinco para surpreender o público, mas ao olhar seu ambiente pronto, ela própria diz que moraria ali. Sem dúvidas, um espaço que traz beleza para o dia a dia com a presença de peças de arte, como esculturas e fotografias, sem deixar de ser intimista. Uma morada, aliás, perfeita para um jovem casal que aprecia momentos românticos, cheios de arte e da presença da natureza. “É muito gratificante ver seu projeto tomar forma”, conta Nathália.>
Para preservar as raízes do lugar, ela manteve intacta a parede externa feita de tijolinhos. No entanto, na parte interna do casarão, as paredes ganharam revestimentos de madeira ecológica. O material foi também o grande curinga na construção da escada que liga o térreo ao pavimento superior do ambiente. Ao esconder as estruturas metálicas do equipamento, a madeira conferiu uma sensação de conforto e muita leveza. Para quem olha, a impressão visual é que a escada flutua. Este, aliás, é o lugar preferido da designer em todo o espaço. “Para mim, é o ponto alto do projeto. Eu amei o resultado”.>
O espaço traz também peças do mobiliário em madeira (Móveis Prime), peças do italiano Antonio Citterio (Casual Móveis), itens do design nacional, a exemplo do sofá em veludo curvo, da poltrona de leitura e da mesa de jantar e cadeiras (Casa Kaiada), além de duas poltronas Jangada, do romeno Jean Gillon. A homenagem às artes plásticas é feita com a exposição de trabalhos de artistas, como: Mário Cravo Júnior, Carybé, Eliana Kertész, Reinaldo Eckenberger, além do pintor Alceu Lisboa e do escultor Bruno Giorgio. Já a fotografia é representada por Christian Cravo, Mário Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Bruno Ribeiro e Ricardo Sena.>
Serviço: >
Casas Conceito 2018 - mostra de arquitetura e decoração>
Endereço: Rua Estácio Gonzaga, 640, Horto Florestal.>
*Aberta à visitação de terça a domingo, das 16h às 20h. Até 16 de setembro. Além de conhecer os ambientes, o público pode aproveitar as delícias da área gourmet da Vila e curtir pockets shows do projeto Música Boa, sempre das 19h às 21h. Esta semana se apresentam Michelle Mendes (hoje), Bia Táui Acústico (amanhã), Chandy Dias (sábado) e Tiago Velame (domingo). Os ingressos da mostra estão à venda no Sympla e nas bilheterias do local (R$ 30 + 1 kg de alimento não-perecível às terças, R$ 40 de quarta a domingo, R$ 100 o passe de 3 dias e R$ 200 o passe livre).>
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