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Alan Pinheiro
Rede Nordeste, O Povo
Publicado em 14 de abril de 2025 às 16:01
Do domínio na Fórmula 2 à luta no final do grid da Fórmula 1, Gabriel Bortoleto teve um início desafiador em sua temporada de estreia pela Sauber. Apesar de uma carreira júnior vitoriosa — com títulos consecutivos na F3 e na F2 —, o piloto brasileiro atualmente se encontra longe dos pódios na categoria principal.>
A transição de Bortoleto, de um cenário na qual vencia corridas para outro em que luta apenas por pontos, tem sido um ajuste mental significativo. Acostumado a disputar vitórias, ele agora precisa lidar com a realidade de estar no fim do pelotão.>
Com o desempenho abaixo do esperado da Sauber em 2024, tanto Bortoleto quanto seu companheiro de equipe, Nico Hülkenberg, vêm enfrentando dificuldades para se destacar. Embora alguns avanços no grid tenham oferecido lampejos de esperança, uma presença consistente entre os dez primeiros ainda parece distante para o jovem piloto.>
Bortoleto estreou nos monopostos na F4 Italiana em 2020, conquistando o quinto lugar geral e garantindo promoção à Fórmula Regional Europeia em 2021, quando competiu por duas temporadas. Foi em 2023, na Fórmula 3 da FIA, que realmente chamou a atenção. Pela equipe Trident, conquistou o título logo em sua temporada de estreia, dominando a competição.>
Após assumir a liderança inicial, manteve a regularidade e garantiu matematicamente o título antes das duas últimas etapas, em Monza.>
Esse desempenho lhe rendeu uma vaga imediata na Fórmula 2 em 2024, com a equipe Invicta Racing. Bortoleto sagrou-se campeão também da F2, tornando-se o primeiro brasileiro a conquistar títulos consecutivos na F3 e F2. Juntou-se a nomes como Charles Leclerc, George Russell e Oscar Piastri, que seguiram o mesmo caminho até a Fórmula 1.>
Ele também é o primeiro brasileiro a disputar uma temporada completa na F1 desde Felipe Massa, aposentado em 2017. Pietro Fittipaldi participou de duas corridas em 2020 como substituto.>
Durante o GP do Brasil de 2024, Max Verstappen foi questionado sobre quem escolheria para a vaga aberta na Sauber e indicou Bortoleto, então líder da F2. Oscar Piastri também elogiou o desempenho do brasileiro, afirmando que ele merecia a promoção imediata à F1.>
Gerenciado pela A14 Management, empresa de Fernando Alonso, desde 2023, Bortoleto contou com o apoio do bicampeão para chegar à Trident e conquistar o título da F3. Na F2, repetiu o desempenho com duas vitórias e duas poles, destacando-se pela consistência, enquanto seus rivais oscilavam.>
Filho de Lincoln Oliveira, empresário que prosperou no setor de telecomunicações nos anos 1990, Bortoleto teve apoio financeiro sólido em sua trajetória. Sua família também manteve vínculos com Felipe Nasr, último brasileiro a estrear pela Sauber em 2015.>
A conexão com Alonso foi determinante: além do apoio técnico, a A14 ajudou Bortoleto a conseguir a vaga na Trident. Mais tarde, a McLaren o acolheu em seu programa de desenvolvimento, mas o liberou ao final de 2024 para se juntar à Sauber — futura equipe Audi —, já que não havia espaço na equipe britânica até 2026.>
Andrea Stella, chefe da McLaren, descreveu Bortoleto como “humilde e nada arrogante”, mesmo após o início difícil na F2. Alonso foi mais enfático. "Todos falam da nova geração, dos estreantes talentosos, mas o melhor é Gabriel. Ele mostrou isso na pista com os mesmos carros", disse Fernando Alonso, em Abu Dhabi.>
Bortoleto destacou, durante um evento em Londres, que sua abordagem na F1 seria a mesma das categorias de base: trabalho árduo com engenheiros e simulações constantes.>
“Tento ser eu mesmo o tempo todo. Seja diante das câmeras ou no carro. Trabalho muito para alcançar meus sonhos, como fiz na F3 e F2”, afirmou.>
Hülkenberg também comentou sobre o colega de equipe, destacando o bom entrosamento durante compromissos promocionais e elogiando sua velocidade e aprendizado nos testes do Bahrein:>
“Ele foi rápido pra caramba”, disse o alemão.>
Durante esses testes, Bortoleto também ganhou respeito ao criticar mudanças nas regras de testes com carros antigos, que limitaram sua preparação — o que o torna um dos estreantes menos experientes da história recente em termos de quilometragem.>
O Brasil, com seu histórico apaixonado pelo automobilismo, vê em Bortoleto um potencial ídolo. Com a atuação surpreendente de Franco Colapinto pela Argentina em 2024, aumentam as expectativas sobre o que o brasileiro poderá fazer em 2025.>
As dificuldades da Sauber em escapar do Q1 permitirão que Bortoleto cometa erros típicos de novato longe dos maiores holofotes. Mas resultados sólidos contra um experiente Hülkenberg podem ser a base para uma carreira longa e de sucesso.>
Ele chega à F1 como um jovem piloto talentoso, determinado e carismático — com uma trajetória que já começa a ecoar os primeiros passos de Ayrton Senna.>